No Brasil, cerca de 10% da energia gerada não é aproveitada, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (Abesco). Isso equivale a uma perda anual de mais de 12 bilhões de reais e, desse total, 2,6 bilhões de reais são desperdiçados pelas indústrias.
Essa realidade fica ainda mais preocupante numa época em que o custo da energia tende a subir, como reflexo da falta de chuva e do aumento na demanda das usinas termelétricas. Segundo projeções da Abesco, até 2020 o preço da energia deve aumentar pelo menos 9% ao ano. Estudo feito pela Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), com dados de 28 países, aponta o Brasil como o país onde a indústria paga mais pelo megawatt-hora.
Diante desses números e fatos, torna-se fundamental para qualquer empresa aprimorar as práticas que geram mais eficiência à gestão energética. Conheça quatro práticas recomendadas por especialistas para alcançar esse objetivo.
1. Envolver todos os funcionários na causa
Um dos principais desafios das empresas que precisam melhorar sua gestão energética é envolver os funcionários na causa. “Todos precisam estar engajados, pois um bom plano necessita de uma gestão adequada dos equipamentos”, diz Pietro Erber, diretor do Instituto Nacional de Eficiência Energética (Inee).
Em 2010, a Unilever criou um comitê formado por integrantes de áreas como finanças, marketing, vendas e recursos humanos para repensar a estratégia de gestão energética. A ação faz parte de um plano que pretende dobrar a operação até 2020, diminuindo pela metade o consumo de recursos naturais não renováveis. “O crescimento sustentável deve estar no centro do nosso modelo de negócios”, diz Alessandra Rondinelli, gerente de Safety, Health and Environment da Unilever. Em 2014, a Unilever consumiu 21% menos energia em seus escritórios em relação ao ano anterior.
2. Modernizar os equipamentos
Dados da Abesco mostram que 60% da energia consumida pela indústria no Brasil é usada para operar motores. A entidade também estima que 20% dos equipamentos têm mais de 25 anos. Na prática, eles gastam 40% mais energia do que um motor novo de alto rendimento. No médio e longo prazo, o investimento para a substituição do maquinário tende a ser compensado com a economia de energia.
3. Buscar apoio externo
Muitas empresas em fase de expansão costumam contratar os serviços de consultorias especializadas em fazer projetos de eficiência energética, as chamadas energy saving companies, também conhecidas pela sigla Esco. O objetivo é traçar um plano para que o aumento da produção não implique desperdício. “Geralmente, essas empresas são remuneradas com um percentual da economia que o cliente consegue alcançar com as mudanças”, diz o especialista Pietro Erber.
As consultorias também podem ser contratadas para fazer auditorias independentes ou análises de viabilidade da adoção de algumas fontes renováveis de energia.
4. Usar sistemas de automação e controle
Sistemas de automação permitem controlar o consumo e a intensidade da luz, regular a temperatura do ambiente e otimizar o uso do ar-condicionado, entre outras ações. Muitos deles são compostos de hardware e software específicos para o controle do uso de energia.
A Celesc, maior comercializadora de energia de Santa Catarina, estima que sistemas de acionamento eletrônico instalados em todo tipo de equipamento permitem uma economia de energia de até 30%. Já detectores de presença podem representar uma redução de 10% a 20% no consumo, dependendo do modelo utilizado.
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