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A maior diferença entre Nações endividadas e Famílias endividadas

Até os dias atuais continua repercutindo a crise financeira que afetou profundamente até as mais ricas nações do globo. O abalo ocorreu há aproximadamente três anos e nenhum economista até hoje se arrisca a dizer em voz alta o que ainda possa ocorrer…

É conclusão quase unânime que os desequilíbrios existentes ainda não foram eliminados. Prova maior encontra-se em países como Grécia, Irlanda e Portugal que, presentemente lutam para pagar seus compromissos financeiros e endividamentos públicos e privados que, gradativamente foram sendo acumulados nestes últimos anos.

O período pós 2ª guerra mundial, com certeza produziu sociedades e populações ricas, altamente produtivas e eficientes, porém igualmente desperdiçadoras e extremamente consumistas.

Em minha modesta opinião, mesmo Governos e Bancos Centrais de países ditos desenvolvidos não têm coragem política suficiente para adotar políticas que evitem que suas moedas aos poucos percam o valor aquisitivo ou então que suas reservas financeiras não diminuam perigosamente.

Encontrar o equilíbrio estável em época como a atual na qual empresas tradicionalmente sólidas repentinamente passam a se desequilibrar financeiramente e ainda outras novas que se destacam em razão das avançadas tecnologias, são apenas alguns dos efeitos que mudam situações econômica financeiras de diversas nações rapidamente.

Na União Européia, o Euro, há mais de um decênio a moeda comum de quase todo o continente, até arrasta consigo os países mais conservadores como por exemplo Alemanha e Holanda, que tem governanças mais austeras, auto controlando-se e não permitindo que nem o próprio Estado nem suas populações ultrapassem certos limites de extravagância.

Imensas diferenças culturais se fazem sentir quando se compara alguns desses países da zona do Euro entre si, uns vivendo mais comedidos, outros mais desperdiçadoras e menos ortodoxos, analisados sob um ponto de vista apenas financeiro.

O custo exigido para corrigir essas distorções orçamentárias costuma sempre ser muito alto e os diversos segmentos da população mais duramente atingida pelas tentativas de introdução de medidas de austeridade, normalmente não quer de nenhuma maneira saber de diminuir privilégios previamente conquistados.

As conseqüências são greves, manifestações de rua, desemprego, diminuição de salário, exigências por parte de governos de aumento da idade da aposentadoria e outras medidas de austeridade, como neste momento estão acontecendo na França, Grécia e Portugal.

Vocês se lembram da fábula de Aesopo da Cigarra e da Formiga? Pois é perfeitamente possível comparar Nações mais austeras e controladores com outras menos convencionais e mais liberais de acordo com aquela fábula.

Quando, entretanto, uma Nação perde o rumo financeiro e se encontra a beira do abismo, geralmente existe um Fundo Monetário Internacional ou um Banco Mundial através da qual é obtida alguma forma de acordo para salvar a ovelha negra perdida.

Reuniões de Chefes de Estado e Ministros das Finanças são urgentemente organizadas e empréstimos são rapidamente concedidos a taxas de juros privilegiadas e prazos bastante convenientes.
Pronto, a ovelha perdida é salva dos lobos ( mas não necessariamente de seus maus hábitos).

Os elevados custos desta operação de salvamento é dividido entre todas as outras Nações que, indiretamente teriam bem maior prejuízo, caso a ovelha desobediente não fosse recuperada…

Convenientemente chamamos a este tipo de operação de “Supremos Interesses de Estado”.

Famílias endividadas

Mas onde nesta história entra então o indivíduo ou mesmo uma família inteira?

Ora, a resposta é muito simples e geralmente sou eu transformado momentaneamente em médico financeiro da família que tem dado os avisos prévios do eminente perigo enfrentado pelas pessoas, quando estes se endividam demasiadamente e também sou eu que acabo muitas vezes propondo soluções quando o caldo já entornou.

Desejo comparar o indivíduo ou então uma família inteira às Nações, pois estes últimos também gradativamente se endividam além de suas possibilidades e, às vezes, em níveis até mais angustiantes, quando então podem chegar até a inadimplência ou completa insolvência.


Querem saber quais são as principais causas? Posso resumir algumas delas;

– Crédito concedido com demasiada liberalidade por bancos, administradoras de cartões, grupos imobiliários, concessionários de automóveis, comerciantes etc.

– Vontade por parte de uma pessoa em possuir todos os objetos do desejo em pouco tempo ou de uma só vez.

– Falta de controle eficiente de uma pessoa ou família sobre os limites de suas receitas e o próprio orçamento doméstico.

– Inexistência de uma razoável reserva financeira acumulada para os dias de chuva e as intempéries, isto é os tais de imprevistos que a todos acontecem.

– Filhos a quem nada se nega e que são demasiadamente mimados ( tornando-se igualmente excelentes consumistas) e que por esta mesma razão jamais vão estar preparados para enfrentar situações adversas em suas vidas.

– Ocorrências como doenças, perda de emprego, acidentes etc.

Caros amigos, acabamos de chegar na principal diferença existente entre Nações e Indivíduos ou Famílias. Enquanto as primeiras serão socorridas rapidamente, nós, míseros plebeus sem importância e descartáveis, geralmente vamos ser jogados aos leões ou passar por períodos muito ruins, pois provavelmente nenhuma fada madrinha irá surgir com interesse suficiente em nos ajudar a sair da arapuca em que nós mesmos nos metemos.

Admita! Você em uma dessas situações estará completamente sozinho(a) para resolver seu doloroso dilema de como se salvar da catástrofe.

E caso você não acredita neste humilde planejador financeiro, dê uma espiada nos jornais, cartórios de protesto e órgãos de defesa do consumidor que contam tristes histórias acontecidas….

Lamentavelmente, o Brasil dos dias atuais foi transformado em um imenso caldeirão transbordando de controvertidos e desleais interesses de todas as matizes e formatos tais como;

– O Governo (Município, Estado e Federação) esfomeado e ganancioso desejando arrecadar cada mês mais tributos acima dos atuais 37% do PIB e oferecendo em troca cada vez menos segurança, saúde e educação aos seus cidadãos.

– O comércio também que só pensa em faturar cada vez mais para ter capacidade de enfrentar a imensa, incontrolável e cada vez maior burocracia administrativa existente e ainda ter de pagar as montanhas de tributos que também lhe são impostos. ( ver no meu blog a matéria “O imposto que nos é imposto” de 01/07/2010)

– As vorazes administradoras de cartões de crédito e bancos que gostariam que você usasse pelo menos uma dúzia desses perigosos plásticos oferecidos em todas as cores do arco íris e cujos dirigentes rezam para que você não salde suas aquisições dentro do prazo de vencimento de 30 dias, mas sim pague os elevados juros.

– Os bancos e seus gerentes de relacionamento que gostariam imensamente que você não usasse apenas sua conta corrente para pagar as despesas, mas investisse seu salário inteirinho para adquirir seus sofisticados produtos financeiros e permanecesse com os mesmos por longos períodos.

– Sua namorada(o), companheira(o) ou mulher/marido que o tempo todo tenta lhe convencer para passarem as próximas férias em algum lugar paradisíaco e que certamente irá lhe custar os olhos da cara e mais outro endividamento bastante elevado.

– O nosso eterno INSS, Instituto Nacional de Seguro Social, credor de todo trabalhador ativo no país adoraria que fosse ampliado obrigatoriamente a idade em que em que precisa lhe devolver o que você pagou durante a vida toda. Você ao contrário, gostaria de se aposentar o mais cedo possível, sonho que cada vez se torna mais distante.

– Seus filhos insistentes e persistentes para que você lhes desse todos os joguinhos eletrônicos existentes e ainda aqueles a serem lançados, fora celulares e outros brinquedinhos eletrônicos.

– O enorme interesse das montadoras e vendedores que vendem esses cobiçados e luxuosos carros, com todos os penduricalhos possíveis e que fazem um marketing agressivo para que você adquira esses monstrinhos devoradores de grande parcela de seu salário.

E ao finalizar de enunciar todos estes empecilhos para que você possa ser mais feliz, (será que vai se tornar mesmo?) é óbvio de que você seja um candidato ideal para passar dos limites de seu orçamento e tornar-se mais um dos milhares (ou já serão milhões) de inadimplentes deste nosso imenso país.

Mas, você se esqueceu de que ninguém, ninguém mesmo vai lhe tirar da sinuca em que se meteu, quando é confrontado com todas essas tentações que acabei de apontar.

Imagino que você não tem nenhum FMI ou Banco Mundial atrás de si e que possa lhe salvar.
Amigão e amigona, convençam-se de que vocês estão sozinhos(as) no mundo!
O melhor que podem fazer é agora mesmo dar-se conta de que são apenas micro organismos, sem qualquer interesse maior para os poderosos que dominam o mundo.

Aprendam, portanto a não querer tudo ao mesmo tempo. Vão devagar e com cuidado que vocês chegam lá com mais segurança e acabando por serem mais felizes.

Palavra de alguém que sabe do que está falando.

Abraços

Louis Frankenberg – S. Paulo 01-06-2011

Blog: www.seufuturofinanceiro.blogspot.com

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