Por Yoshio Kawakami
Mesmo os jovens mais entusiasmados com suas carreiras, depois de uns 15 anos na atividade, atingem um ponto em que se sentem estagnados. Normalmente ocorre quando já estão casados, começam a ter filhos e estão num nível de chefia na organização, porém ainda não alcançaram o status de executivos.
O título que faz a diferença no Brasil é “Gerente”! Este título nas corporações significa ter alcançado um nível de reconhecimento profissional elevado, situando-se entre os mais privilegiados do grupo. Com este título, ao apresentar-se numa festa de aniversário de crianças num sábado à tarde, você já não é um “funcionário”, mas sim um “executivo”.!
Se esta situação estabelecida no Brasil é positiva ou negativa, é uma outra discussão. Mas o fato é que faz uma diferença importante em termos de percepção dos amigos e parentes, como também em termos práticos de benefícios e remuneração.
Mas para muitos a primeira sensação de estagnação na carreira chega justamente quando você já tem uma significativa experiência no negócio, tapinhas nas costas e palavras elogiosas não são mais novidades, o assédio de concorrentes e de outras empresas já se torna algo frequente e no entanto o tão desejado cargo ainda não chegou.
Obviamente há alguma diferença em ser um gerente de uma pequena loja e ser um gerente em uma multinacional bem reconhecida. Assumo que o seu caso seja o segundo, apenas para exercício do raciocínio corrente.
Entendo que é um período de inquietações, pois alguns colegas já alcançaram a posição e “estão em um outro patamar”, outros já se foram ao perceberem limitações às suas intenções. Mas quando você se sente preparado, mesmo não conhecendo bem as atribuições do cargo, o temor de que nunca aconteça é um incômodo difícil de se lidar.
Muitos estão prontos e são percebidos como tal dentro da empresa, ou falta-lhe pouco e caso ocorra uma necessidade serão promovidos. Mas não há aviso prévio para tal situação. Na melhor hipótese são oferecidas indicações e possibilidades para serem interpretadas. Não é normal haver promessas ou antecipações, pois nunca se sabe o que poderá acontecer amanhã, certo?
Muitas vezes a única coisa que falta é a oportunidade! E aí acontece um dos maiores equívocos. Normalmente as empresas não criam cargos executivos apenas porque alguém atingiu a maturidade para o cargo. Este pode ser o seu equívoco sobre o timing. Se você se acha pronto para a posição, então espere, pois é apenas uma questão de oportunidade. Repetindo, empresa não “deformam” sua estrutura para lhe dar o cargo!
Empresas mudam suas estruturas organizacionais por outros motivos mais importantes ou críticos.
Se não puder esperar, por qualquer motivo, então a alternativa é buscar a oportunidade fora da atual empresa. Para isso é importante definir o objetivo claramente. Deve ser uma transferência com promoção, do contrário o movimento poderá ser contra-producente, pois terá que convencer a sua nova organização e isto pode levar mais tempo que a espera na mesma empresa.
O importante é saber claramente se você está redondamente enganado sobre as suas reais possibilidades ou se está mesmo no começo da fila. Muitas vezes a sua carreira não está estagnada. É a sua leitura que está distorcida pela sua ansiedade.
Utilizo sempre uma referência para os jovens. Com 15 a 20 anos de carreira, a sua maturidade profissional e pessoal dentro de um setor de atividade já deve alcançar o ponto ideal para assumir um importante papel de líder, seja como gestor ou como um líder técnico. Nesta fase a sua posição deve ser definida e esta linha imaginária deve ser cruzada ou ficar muito próxima de ser cruzada.
Existem setores em que o processo é mais rápido, mas podem também durar menos. O importante é não confundir a situação de estagnação com a maturidade à espera da oportunidade. Pode ser a movimentação crítica da sua vida profissional.
Boa sorte!
