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Antes de abrir um negócio, abra a cabeça!

Quem nunca teve o sonho de ser o próprio patrão? Esse sonho é vai desde jovens que trabalham com tecnologia até mesmo com profissionais mais velhos que passam pelo momento do desligamento ou aposentadoria.

Por experiência própria posso dizer que a adrenalina é muito grande quando temos nosso próprio negócio e o planejamento por mais bem detalhado que possa ser não nos livrará de surpresas, boas ou não.

Das lições que tive ao longo do processo uma das mais interessantes é que ao pensar em um negócio o ideal é que seja em uma área de total domínio do proprietário. Não é uma regra, mas ajudará e aumentará as chances de sucesso.

Eu abri uma hamburgueria e tudo que desenvolvi como negociador e profissional de comércio exterior me ajudaram muito, mas isso não me ajudou no dia que o cozinheiro faltou e não abri a casa. Depois desse fato aprendi como se prepara o hambúrguer para nunca mais depender de alguém.

E se você escolher um negócio que está em moda, como uma franquia de bolo da vovó, sorvete de palito com nome mexicano ou qualquer um que envolverá estoques e perecíveis recomendo se perguntar o seguinte: Quanto precisarei vender para ter um bom lucro?

Que tal um pequeno exercício com o sorvete mexicano?

Para ficar mais fácil de entender o raciocínio vamos partir do principio que já temos todos os equipamentos e estoque inicial e não pagaremos Royalties de franquia. Colocaremos o retorno do investimento (ROI) da compra de franquia.

 

Aluguel ……….. R$ 5.000 (de um ponto pequeno em um bairro de São Paulo)
Funcionários ……….. R$ 5.000 (aproximadamente 3 registrados)
Água ……….. R$ 200
Energia Elétrica ……….. R$ 1.000 (a depender de estrutura e equipamentos)
Telefone ……….. R$ 200
Pro-Labore ……….. R$ 5.000 (a depender de quanto o dono quer retirar por mês e diferente de lucro)
Franquia ……….. R$ 2.500 (R$90 mil em 36 meses, tempo médio de ROI prometido por franqueadoras).
………..
Total ……….. R$ 18.900,00

Considerando que o preço médio do picolé seja de R$ 8, nosso negócio imaginário precisará vender uma média de 2.363 picolés por mês. Considerando um mês de 26 dias (fechando uma vez por semana) a média diária seria de 91 picolés. Fácil de vender, não é?

A resposta é não, não é fácil. No caso do sorvete talvez seja fácil durante o período de calor, mas precisará lembrar que haverá o outono e inverno, e que o brasileiro não possui hábito de consumir sorvete nesses meses. O inverso ocorre com os bolos caseiros que no calor as vendas caem por exemplo.

Além disso, na conta acima deixamos de fora custos de manutenção preventiva e corretiva, custos com marketing para divulgação, despesas com impostos, contador e muitas outras a serem elencadas e que deixei de fora para que possam entender o raciocínio que pode ser válido para alguns serviços como lavanderia.

Não quero desencorajar ninguém a empreender. Apenas desejo que esse exercício possa trazer uma qualidade maior na tomada de decisão de escolha de um ponto comercial, a quantidade de funcionários e controle de custos.

E acima de tudo, feliz 2015!

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