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BM reduz previsão para expansão do Brasil de 2,7% para 1%


Nova York – O Banco Mundial rebaixou a previsão de crescimento para o Brasil e a expectativa é de que o país deve crescer apenas 1% em 2015, uma das menores taxas de expansão entre as principais economias globais, de acordo com o relatório “Perspectiva Econômica Global”, divulgado nesta terça-feira, 13.

Uma recuperação maior da economia brasileira é esperada para 2016, quando o Produto Interno Bruto (PIB) deve avançar 2,5%, subindo para 2,7% em 2017.

A expectativa da instituição é de que a nova equipe econômica de Dilma Rousseff adote um conjunto de políticas que apoiem o crescimento.

Em junho de 2014, quando divulgou o relatório anterior de previsões para a economia mundial, o Banco Mundial estava mais animado com o Brasil.

Na época, projetava expansão de 2,7% em 2015 e 3,1% para o ano que vem.

Mesmo com a redução, os economistas da instituição ainda estão bem mais otimistas que os brasileiros, que preveem crescimento de apenas 0,40% este ano, de acordo com o boletim Focus divulgado ontem pelo Banco Central.

Pelo relatório divulgado nesta terça-feira, a expansão do PIB do Brasil este ano só vai ser melhor que a de dois países, Argentina e Rússia.

O primeiro deve encolher 0,3% e a economia russa deve entrar em recessão e ter retração de 2,9%, reflexo direto da queda do preço do petróleo, que já acumula redução de mais de 50%.

Pelas projeções do Banco Mundial, até a zona do euro, região que ainda sente os efeitos da crise de 2008, deve crescer um pouco mais que o Brasil, com expansão prevista de 1,1% este ano.

O Brasil deve fechar 2014 com expansão de apenas 0,1%, nível decepcionante, assim como de outros países emergentes, que no geral tiveram constantes revisões para baixo em suas projeções de crescimento, de acordo com o documento do Banco Mundial.

No relatório de junho, a instituição apostava em crescimento de 1,5% para a economia brasileira este ano.

Um dos fatores que explicam a fraca atividade econômica brasileira, na avaliação dos economistas do Banco Mundial, é a queda de confiança dos empresários por conta do ambiente de maior incerteza política, em meio às eleições e à lentidão da agenda de reformas.

Além disso, o próprio aumento dos juros pelo Banco Central para conter a inflação teve reflexos na atividade.

O país teve ainda que enfrentar um cenário externo mais desafiador, com a economia chinesa desacelerando e o preço de commodities, como o minério de ferro, caindo no mercado internacional.

O ambiente de menor incerteza política, na medida em que o segundo mandato de Dilma ganha corpo, pode ajudar a melhorar os níveis de confiança dos brasileiros e encorajar um aumento do consumo e do investimento, destaca o Banco Mundial, embora o estudo ressalte que dúvidas permanecem sobre os rumos das políticas fiscal e monetária.

“A perspectiva de uma rápida recuperação no Brasil, contudo, ainda é limitada pela agenda inacabada de reformas e o fraco nível de confiança,”, destaca o documento.

“Pelo menos no curto prazo, a expectativa é de que o crescimento continue fraco.”

“É fundamental que os países removam quaisquer obstáculos desnecessários para o investimento do setor privado, que é, de longe, a melhor fonte de emprego, e isso pode tirar centenas de milhões de pessoas da pobreza”, afirma o presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, no estudo.

No mesmo relatório, o Banco Mundial avalia que a queda do preço do petróleo, que já supera os 50% desde junho, deve ajudar a reduzir a pressão inflacionária no Brasil e a melhorar a conta corrente, na medida em que o país importa combustível e terá, assim, gasto menor com as compras do produto.

O déficit da conta corrente pode cair de 3,8% do PIB em 2014 para 3,6% este ano e 3,4% em 2016.

Pelo lado negativo, a queda pode prejudicar os novos investimentos na extração do produto em águas marítimas profundas.

Se houver menos pressão inflacionária e as expectativas de alta de preços diminuírem, o BC tem espaço para acomodação da política monetária, destaca o relatório.

Os riscos para a economia brasileira são de um nível de crescimento ainda pior, destaca o Banco Mundial.

Uma das possibilidades discutidas no estudo é que, dada a forte interligação do Brasil com outras economias da América do Sul, há a preocupação de que uma piora acentuada da situação na Venezuela, por causa da queda do preço do petróleo, acabe respingando nos vizinhos.

Altamiro Silva Junior, do Estadão Conteúdo
correspondente, do Estadão Conteúdo

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