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Briga no controle da Usiminas: "Nippon quer tomar gestão da siderúrgica na marra"


SÃO PAULO – A Usiminas informou na manhã desta sexta-feira (26) a destituição do CEO e outros dois diretores da empresa. A decisão, no entanto, passa por uma série de divergências. O que circula nos bastidores é que os japoneses Nippon Steel, maior acionista da companhia, estaria interesse em ficar, além do conselho, com a gestão da empresa.

“A única motivação para essa destituição é porque a Nippon quer tomar a gestão da empresa na marra. Os três executivos que foram afastados da empresa eram, coincidentemente, indicações da Ternium, que divide o bloco de controle com os japoneses”, comentou uma fonte a par da situação que pediu anonimato ao InfoMoney.  A Ternium entrou no grupo de controle da empresa após investimento do grupo ítalo-argentino Techint no final de 2011.

Hoje, a Usiminas anunciou o afastamento de Julián Eguren, diretor presidente da companhia, Marcelo Chara, diretor vice presidente industrial, e Paolo Bassetti, diretor vice presidente de subsidiárias. No lugar, foi eleito Rômel Erwin de Souza, que acumulará os dois primeiros cargos, e Ronald Seckelmann para a posição de diretor vice presidente de subsidiárias.

Segundo a fonte, Rômel é um dos “pupilos” de Rinaldo Campos Soares, ex-presidente da Usiminas, que esteve na companhia por quase 30 anos, lembrando que ele era aliado da Nippon. Ou seja, sua indicação seria uma sinalização de que os japoneses quererem se apossar da gestão da Usiminas.

Em comunicado, a siderúrgica informou que a destituição foi aprovada por cinco votos a cinco e o voto de empate do presidente do conselho, Paulo Penido Pinto Marques (indicado pelo grupo Nippon). Atualmente, o conselho da Usiminas é composto por dez membros: três indicados pela Nippon, três pela Ternium, dois pela caixa dos empregados e dois independentes. De acordo com a fonte, na votação pela destituição, Ternium e os dois membros indicados pela caixa votaram contra, enquanto Nippon e os dois independentes foram favoráveis à decisão.

O que diz o outro lado?
Do outro lado do conflito, aparece a Ternium, que divide o bloco de controle com a Nippon Steel e possui 27,66% de participação no capital total da empresa. Em comunicado enviado pela assessoria de imprensa, a argentina, fabricante de aço do grupo ítalo-argentino Techint, disse que discorda veementemente da destituição dos três membros da diretoria executiva da empresa, bem como a indicação de seus substituitos, ainda que provisórios.

“A operação decorre de uma quebra unilateral do acordo de acionistas por parte da Nippon Steel & Sumitomo Metal Corporation que, junto com o Grupo Techint e a Previdência Usiminas (Caixa dos Empregados), compõe o bloco de controle da empresa”, disse a Ternium.

A empresa ressalta ainda que durante pouco mais de dois anos e meio que Julián Eguren liderou a siderúrgica em um processo bem sucedido de turnaround. “A gestão de Eguren dobrou a geração de caixa e a margem Ebitda (Ebitda/Receita Líquida) no primeiro trimestre de 2014, em comparação com igual período de 2012, chegando a R$ 655 milhões e 21%, respectivamente. Tais conquistas foram fundamentais para a sobrevivência da Usiminas durante um dos períodos mais delicados do mercado mundial de aço”, disse.

A Ternium reforçou que tomará medidas legais necessárias para reverter a decisão, citando que a confiança dos profissionais podem ter sido afetada pela quebra de acordo de acionistas.

Por Paulo Barra e Eduardo Silva do Infomoney

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