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Butori sairá do comando do Sindipeças

Após sete gestões consecutivas em 22 anos à frente da presidência do Sindipeças, o engenheiro paulista Paulo Butori decidiu não mais concorrer à reeleição. Em chapa registrada no início deste ano, Dan Ioschpe é o candidato único que será formalizado presidente em eleição marcada para o próximo dia 18 de fevereiro. A posse oficial acontece 30 dias depois. Butori também está registrado na mesma chapa única para continuar como um dos conselheiros da entidade, que reúne 470 empresas fabricantes de autopeças no País, que faturaram cerca de R$ 63 bilhões, empregaram 165 mil trabalhadores e exportaram o equivalente a US$ 7,6 bilhões em 2015.

Butori assumiu em 1994 pela primeira vez a presidência do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) e da Associação Brasileira da Indústria de Autopeças (Abipeças), quando já era diretor da entidade e foi aclamado pela diretoria a assumir o posto quando Cláudio Vaz renunciou um ano antes do término de seu mandato. Depois, desde 1995 ele vinha sendo reeleito em chapa única para gestões sucessivas de três anos cada uma. Em pouco mais de duas décadas como presidente do Sindipeças, Butori se notabilizou pela defesa enfática da indústria nacional diante da forte concorrência internacional na cadeia de suprimentos do setor automotivo brasileiro, que durante suas gestões na entidade passou a ser dominado quase que integralmente por gigantes multinacionais.

Nesse cenário, o dirigente conseguiu manter os associados do Sindipeças unidos, apesar das enormes diferenças entre eles, mostrou aos grandes sistemistas de capital estrangeiro que era necessário trabalhar pelo fortalecimento de toda a cadeia, e assim traçou políticas voltadas a ajudar especialmente as empresas de médio e pequeno porte a atravessar as duras transformações do mercado. Um dos focos foi a ação do Sindipeças na educação corporativa. “Educação é fundamental para nosso setor e para o País”, diz.

Fundador e sócio da Fupresa, fabricante de peças fundidas de precisão, Butori sempre disse ser um empresário “muito nacional”, em contraponto à dominância “multinacional” do setor. “O gigante não fica em pé se seus pés de barro estiverem quebrados”, costuma dizer, em referência às combalidas empresas de segundo e terceiro nível de fornecimento, essenciais para a produção de autopeças. Por isso sempre insistiu na implantação de um sistema de rastreabilidade de componentes no Brasil, para dar transparência ao grau de localização de cada peça e definir com mais eficiência as exigências de nacionalização da política industrial do governo para o segmento, consolidada pelo programa Inovar-Auto.

O NOVO PRESIDENTE

Embora com estilo mais contido, o gaúcho Dan Ioschpe deve seguir a mesma linha de defesa da indústria nacional adotada por Butori, até porque desde 2007 é um dos conselheiros do Sindipeças e nos últimos anos esteve envolvido nas negociações entre a entidade e governo para a adoção do sistema de rastreabilidade e de políticas para elevar a competitividade do setor. Ioschpe também pode se considerar um empresário “muito nacional”, pois é sócio e presidente do conselho de administração do Grupo Iochpe-Maxion, um dos poucos fabricantes de autopeças de capital nacional que restaram no Brasil – e o mais multinacional deles, com cerca de 20 fábricas de estampados, longarinas, chassis e rodas em uma dúzia de países; a divisão Maxion Wheels é a maior fabricante de rodas automotivas do mundo, com quatro plantas no Brasil e 14 em 10 países.

Nascido em Porto Alegre (RS), em 1965, Dan Ioschpe é graduado em jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), fez pós-graduação na ESPM de São Paulo e MBA em administração na Tuck School, Dartmouth College, nos Estados Unidos. Iniciou carreira na empresa controlada por sua família, a Iochpe-Maxion, em 1986, desligando-se em 1996 para ser presidente da AGCO do Brasil – fabricante de tratores agrícolas que pertencia à Iochpe-Maxion e foi vendida ao grupo americano. Em 1998, Dan regressou para a Iochpe-Maxion para assumir a presidência executiva da companhia no lugar de seu pai, Ivoncy Ioschpe, e levar adiante um amplo plano de reestruturação, com venda de unidades e remodelação dos negócios, que deu à organização os seus contornos atuais. Em 2014, com a aposentadoria de Ivoncy, Dan tornou-se presidente do conselho de administração do grupo.

Fonte: Automotive Business

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