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Carro integrado ao celular chega às ruas, mas funciona?

Carro integrado ao celular

Eu fico apavorada com o meu pai ao volante. O sistema de navegação do carro dele tem menus tão complexos e pouco intuitivos que deveriam exigir um brevê de piloto. Em vez de manter os olhos na estrada, ele se divide entre mexer na tela e brigar com a voz da mulher robótica que emana do painel. (Ela geralmente vence.) E piorou. Ultimamente, ele tem dirigido com o smartphone no colo. Ele diz que o Google Maps e o Waze são mais fáceis de usar, mais atualizados e mais precisos que o sistema de navegação do carro. Como se eu não soubesse.

Mas isso não é só sobre o meu pai. É sobre como um sistema melhor e mais seguro está caindo nas mãos dos 70% dos motoristas que usam os mapas de seus smartphones e outros recursos enquanto dirigem, segundo um novo estudo da operadora de telefonia americana AT&T. E é sobre como eu gostaria que todos pudessem ter o Android Auto em seus carros.

Lançado esta semana nos EUA, o Sonata 2015, da Hyundai, será o primeiro carro a contar com o novo software do Google. Quando você conecta um smartphone com o sistema operacional Android na entrada USB do automóvel, o centro da tela do veículo é tomado por uma interface com os mapas, as músicas e outras funções do celular.

O CarPlay, da Apple, que chegará aos principais veículos este ano, oferece algo semelhante aos usuários do iPhone. (Já fui apresentada a ele, mas só vou escrever a respeito depois que puder dirigir com ele por alguns dias.)

Após uma semana dirigindo com o Android Auto, estou convencida de que esse é o futuro dos sistemas de navegação a bordo. Tirar o desenvolvimento de software das mãos dos fabricantes de automóveis e deixá-los para os profissionais que fabricam celulares é algo que deveria ter sido feito há muito tempo.

As aptidões dos sistemas móveis do Google — mapas, reconhecimento de voz, Google Now — são ótimas quando você está dirigindo. Tenho algumas insatisfações com o sistema, mas a principal é que você precisa do telefone certo e do carro certo.

Mapas

Passar dos sistemas de navegação instalados nos carros para o Google Maps é como passar de um hotel popular para um cinco estrelas. Tem um visual muito mais limpo e as informações são mais rápidas e confiáveis. Os grandes mapas, as várias opções de rota, a rápida conectividade e o tempo de recálculo da rota, as direções na tela — há várias coisas muito boas no Google Maps.

A melhor parte é a familiaridade da interface. Não há menus escondidos, excesso de toques, vários campos para incluir endereços. Mas o Android Auto requer um smartphone que tenha instalado o software 5.0, que hoje menos de 10% dos usuários do Android têm.

Raramente usei o teclado. “Vamos para a loja de animais de estimação mais próxima”, eu disse em voz alta enquanto pressionava o botão de voz no volante. “Aqui estão as lojas de animais de estimação mais próximas”, respondeu a voz robótica do sistema do Google, apresentando uma lista de lojas. O Google nunca deu um nome a essa voz, que passei a chamar de Flo.Com alguns toques, pude ligar para loja para ver se tinham a ração de cachorro que eu queria. Usei o sistema de voz outras vezes e a Flo sempre me entendeu.

Na maioria das vezes, eu não precisei dizer a ela onde estava indo — Flo sabia. Graças à integração do Android Auto com o Google Now, o próximo compromisso no meu calendário do Google, ou a busca recente de um endereço, apareceu automaticamente em uma janela na tela do Android Auto quando entrei no carro. Fiquei encantada com como o sistema previa tão bem onde eu estava indo.

No caminho, Flo passou direções claras. (No pouco tempo em que testei o CarPlay, notei que o Siri soa mais robótico e tem um pouco mais de dificuldade com nomes de ruas.)

O Google Maps não foi sempre perfeito. Em meio a um congestionamento, o Waze forneceu informação mais atualizada sobre tráfego. O Google, que é dono do Waze, incorporou seus dados no Google Maps, mas não há um aplicativo do Waze para o painel, então você perde os avisos em tempo real. O CarPlay, da Apple, funciona apenas com o Apple Maps; você não pode usar o Google Maps (sem falar no Waze) na tela de navegação.

Música

Os sistemas do Google e da Apple para carros são compatíveis com sistemas de música de terceiros. Já que boa parte da experiência do Android Auto deriva do seu celular, você, de fato, simplesmente controla o que está no seu celular. Uma exceção: tanto o CarPlay quanto o Android Auto usam o GPS do veículo, que pode ser mais preciso que o do telefone.

Eu usei o Spotify e o Google Play Music, controlando os aplicativos com a minha voz ou pela tela sensível ao toque do sistema de navegação. O Spotify falhou nas buscas de pedidos feitos por voz durante meus testes, um problema que o Google afirma que vai resolver em breve. Outros apps de áudio ainda não estão disponíveis. Também é possível ouvir rádio AM, FM ou via satélite, assim como CD, enquanto se usa o sistema de navegação Android Auto, mas é necessário pular do app do Android Auto para a tela do carro, o que pode ser irritante.

Digitar mensagens e dirigir

Estou convencida de que este é o meio mais seguro de dirigir com o smartphone, ao menos no que se refere a mapas e música. Mas tenho dúvidas quanto à segurança com relação à integração das mensagens de texto do Android Auto.

Ao conectar o celular Android no veículo, você receberá sinais ritmados avisando que recebeu mensagens de texto e o nome do remetente aparecerá na notificação no topo da tela. Ao clicar na notificação, Flo lerá a mensagem em voz alta. Você pode responder com sua voz, o que funcionou bem na maioria das vezes.

Mas para mim há um problema de distração. Não é possível desabilitar o serviço de mensagem de texto. Andrew Brenner, gerente de produto do Android Auto, disse que o Google levará seriamente em consideração meu pedido para que haja a opção de desabilitar mensagens.

Apesar disso, você vai querer o Android Auto. Os modelos Sonata, da Hyundai, com o Android Auto foram lançados esta semana nos EUA e receberão o CarPlay nos próximos meses (ainda não há previsão para o lançamento do carro no Brasil). Cerca de outras 30 montadoras planejam incluir o Android Auto nos seus modelos este ano ou em 2016, o que deixa de fora o meu pai, que tem um iPhone e comprou um carro novo no ano passado.

Fonte: The Wall Street Journal

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