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Como 3 empresas estão usando o crowdfunding para crescer

São Paulo – Há várias formas de financiar um negócio próprio. Para quem acha que conseguir dinheiro só é possível tendo conexões com um grande fundo ou com um investidor-anjo, o crowdfunding vem provar o contrário: decolar o empreendimento pode depender de qualquer usuário online que esteja interessado na sua ideia.

Essas campanhas de arrecadação online ainda são recentes no Brasil, presentes em sites como o Kickante. Para mostrar que o crowdfunding não é um bicho de sete cabeças, entrevistamos alguns empreendedores que apostaram nessa modalidade.

Algo em comum para todos os casos é que a campanha serve como um complemento ao que já foi poupado. Ou seja, o objetivo desses empreendedores não é ter dinheiro para financiar o essencial do negócio, mas sim realizar ajustes e testar a aceitação do produto com a possível clientela.

Veja, a seguir, como alguns usaram o crowdfunding para impulsionar o negócio (e por quê):

Testar a receptividade do mercado

A Moccato é um negócio que nasceu a partir de uma deficiência de mercado: a ideia de que o conhecido café em cápsula perde o frescor da bebida ao longo do tempo. A solução da empresa foi elaborar um modelo de clube de assinaturas, em que o café entregue em casa foi moído e torrado há, no máximo, uma semana.

Cinco sócios estão à frente do negócio. Diego Daminelli, co-fundador e diretor de marketing, conta que a campanha de crowdfunding foi usada mais para fazer uma pré-venda e validar o modelo de negócios do que para arrecadar investimentos. A Mocatto já havia recebido um pequeno investimento, no começo do negócio.

A empresa esperava arrecadar 10 mil reais com o crowdfunding. A campanha foi encerrada no final do mês passado e arrecadou mais que o dobro do esperado. Entre as recompensas, estavam diversas quantidades de cápsulas, xícaras e workshops de degustação.

“A ideia era muito mais testar a aceitação do produto e da marca. No fim de julho, recebemos uma segunda rodada de aporte, e o investidor se sentiu mais à vontade para aportar depois do resultado da campanha”, conta Daminelli.

As cápsulas de café gourmet já tinham sido testadas antes, mas, após o crowdfunding, a empresa começou a produzir em escala e lançou seu site. Segundo o sócio, o dinheiro será usado para a linha de produção: por exemplo, comprar torradores e moedores de café.

A Moccato trabalha com cinco sabores: Savassi, Leme, Centro, Boa Viagem e Moema. Os planos variam de 50 reais (com 30 cápsulas) a 139,50 reais (90 cápsulas) por mês de assinatura.

Fazer uma comunicação pré-lançamento

O Nearbee é um aplicativo gratuito que serve para o usuário se relacionar com pessoas próximas (geosocial). É possivel marcar diversos compromissos, mas um dos focos do serviço está na ajuda para situações de emergência, como problemas envolvendo saúde ou segurança.

Por meio do aplicativo ou do aparelho vestível Alfabee (um tipo de alarme, que é vendido à parte), o usuário conecta pessoas fisicamente próximas, como autoridades, pais e amigos (mesmo distantes). Também é possível contratar uma central de monitoramento remoto, chamada Monitorbee, para cuidar da segurança pessoal dos usuários. Para assinar o plano profissional, o valor fica em 9,90 reais ao mês.

O crowdfunding do Nearbee tem como meta arrecadar 30 mil reais. Por enquanto, cerca de 13 mil reais foram arrecadados, e faltam 23 dias para o fim da campanha. “No Brasil, ainda é muito arriscado se viabilizar pelo crowdfunding”, diz Felipe Fontes, fundador da empresa. “Estamos usando para fazer uma venda futura, pré-validando a demanda, e também para fazer uma comunicação antes do lançamento. O crowdfunding serviu como um meio para captar interesse”, diz.

As recompensas são, basicamente, o aparelho Alfabee ou alguns meses do serviço Monitorbee. Os projetos da empresa ainda estão em fase de desenvolvimento, e sugestões dos usuários podem ser incorporadas. O Nearbee pretende ter um lançamento completo em setembro deste ano.

Aprimorar o visual

Marisabel Woodman é dona do food truck La Peruana, especializado na culinária típica do Peru, que opera desde agosto do ano passado. Formada em gastronomia e administração, a empreendedora peruana veio ao Brasil pensando em abrir um restaurante. “Quando vim para cá, achei super importante passar minha cultura. Como ainda não conhecia muito daqui, trabalhei em feirinhas gastronômicas. Depois fiz um food truck, que tem um investimento menor e fica sempre na rua”, conta.

Quando Marisabel viu que o negócio deu certo, se sentiu mais segura para investir em um restaurante, e poupou dinheiro para isso. Para complementar o orçamento, apostou em uma campanha de crowdfunding. “Os amigos queriam muito participar da criação do lugar, e foi uma ideia do meu marido. Abrimos para estes amigos e agora tem muitos clientes ajudando. Os que mais aportaram são aqueles que estão engajados com o projeto, que viram como começou e se sentem parte disso”, afirma.

O objetivo do crowdfunding é arrecadar 15 mil reais. Até agora, cerca de metade do valor foi arrecadado, e faltam 27 dias para a campanha terminar. Algumas das recompensas oferecidas a quem investe no La Peruana são um avental de jeans, jantares, curso para fazer ceviches (prato típico do Peru) e um evento especial, domiciliar ou corporativo.

O valor arrecadado na campanha será usado para aprimorar a decoração do restaurante, com quadros de artistas peruanos modernos, por exemplo. “É um projeto que não é só algo financeiro. Para mim, é algo muito especial trazer o Peru para São Paulo. Estou muito feliz”, conta Marisabel.

Fonte: Exame

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