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Como inovar sem perder a eficiência

Crescer, um pontinho percentual que seja, é o grande desafio no Brasil. Até as empresas que surfam ondas de prosperidade lutam para não cair do patamar de evolução que conquistaram. Se esta é a sua batalha, você deve estar preocupado com duas coisas: eficiência e inovação.

Eficiência é o caminho duro. Fazer mais com menos. Isso significa, em geral, cortar custos – eliminar gorduras, mas, em situações dramáticas, cortar na carne e até nos ossos. Inovação é o caminho mais glamouroso. Criar. O certo é fazer as duas coisas, mas elas são em boa medida antagônicas. Uma coisa é analisar friamente o que você já faz e promover ajustes. Outra, bem diferente, é partir do zero, como bem resume o americano Peter Thiel, no livro De Zero a Um, lançado no ano passado.

As lições de Thiel. Embora focadas na construção de uma startup, as lições de Thiel (currículo: cofundador do PayPal, investidor do Facebook e do Airbnb, criador da Palantir) podem ser úteis para quem quer que esteja preocupado com inovação. Destaco algumas:

• a solução que você oferecer deve ser não apenas melhor que as demais, mas dez vezes melhor em alguma dimensão importante. Só assim você pode construir um monopólio (criar um mercado garante seu domínio por um tempo).

• não basta um ótimo produto, é preciso ter um excelente mecanismo de vendas. O vendedor é normalmente menosprezado, mas apenas porque as pessoas não se dão conta de sua importância.

• não monte um portfólio. Todos somos investidores. Quando você escolhe uma carreira, por exemplo, está apostando tempo e esforço em algo que acredita que será valioso. Mas na vida ninguém pode construir amplos portfólios. Você precisa apostar em poucas coisas, porque as opções são excludentes, ou porque o tempo é limitado. Nos negócios é assim, também. Poucas alternativas vão de fato valer a pena, e elas não se dividem entre as que valem e as que não valem. Elas se dividem entre uma absurdamente boa e o resto. (Esta é a distribuição de resultados segundo a Lei de Poder, argumenta. As 12 maiores empresas de tecnologia do mundo valem mais do que todas as outras combinadas.) Portanto, faça poucas escolhas.

Tabela de distâncias. A distância entre zero e um não equivale à distância entre um e dois, afirma Thiel. Ela equivale à distância entre um e todo o restante. Faz todo o sentido. Mas também é verdade que, na vida, nenhum intervalo é igual ao outro. Crescer de um para dois é bem diferente de passar de 1.102 para 1.103. Ou de 21,6 negativos para 100 positivos, como é o desafio, por exemplo, da Petrobras. Em alguns casos, trata-se de ganhar escala; noutros, de somar laranjas com bananas (adquirir linhas novas de produtos, por exemplo); noutros, ainda, reverter processos perdulários. A tarefa crucial é de diagnóstico e implementação de mudanças. Mas, ao mesmo tempo, convém apostar também na inovação radical (não apenas incremental) – embora este caminho seja bem mais árduo para quem já está estabelecido, como apontou o professor de Harvard Clayton Christensen. No livro O Crescimento pela Inovação, ele sugere que as empresas não tentem criar a partir de suas estruturas. Melhor separar equipes, com outra cultura e outros recursos, para competir consigo mesmas – e começar do zero.

Fonte: Época Negócios

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