Novamente chega a temporada de “Bola de Cristal”, como identificamos este fase do ano nas corporações. É a época de fazer os planos de negócios para o próximo exercício.
Em 2010, planejar 2011 não foi assim tão difícil, pelo menos no Brasil. A dúvida era o quanto aumentar as vendas sobre 2010, certo?
E agora? Como andam as coisas para 2012? A sua Bola de Cristal está clara e iluminada? Ou anda um pouco nebulosa e embaçada? Totalmente escura e apagada?
O fato é que para a maioria das pessoas, deve passar um frio na barriga quando alguém do HQ pergunta quais são seus planos para 2012. Pior ainda quando, além do tapinha nas costas, vem a famosa frase: – “Contamos com você! Não nos decepcione, OK?”. Já sentiu essa leve pressão?
Saber lidar com a pressão em outros anos foi fácil, não foi? E aí você se aproveitou para um pouco de “bragging” e contou vantagem? Disse que não era só o mercado que estava bom, mas que você havia trabalhado muito? Não disse que era tudo fruto dos seus esforços, certo?
Se você praticou alguns deste pequenos pecados do dia-a-dia corporativo, não se preocupe demais. Faz parte do jogo e todos fazemos em algum momento, principalmente se você trabalho num mercado de longos períodos ou de frequentes crises.
Mas na próxima vez, lembre-se deste frio na barriga e conte menos vantagem, compartilhe o sucesso com a economia e com taxa de câmbio. Não se esqueça de valorizar os parceiros de negócios e mencione também a sorte. Embora “serendipity” seja vista como um pecado para o executivo, quem não tem sorte não se faz na vida, certo? Dá até para mencionar a sorte como uma atitude de humildade, como se você estivesse evitando de ficar com os louros do seu próprio trabalho.
Para muitos, planejar 2012 deve estar lembrando outras épocas do Brasil, pois 2011 foi bom e deve terminar muito bem. Melhor do que 2010? Sim! Mas com o recrudecimento da crise financeira na Europa e a falta de recuperação na América do Norte, sentimos que as coisas estão um tanto “estranhas”, como diz um amigo.
Mas no mundo dos negócios, não há possibilidade de deixar de responder a pergunta e evitar decidir, num equilíbrio difícil entre ser otimista e errar muito ou ser pessimista e perder oportunidades importantes.
Estou considerando algumas ideias:
a) Dificilmente será melhor do que em 2011 para a maioria dos negócios. Pois tudo é cíclico e já foi muito bom, por muito tempo para alguns negócios.
b) Haverá impacto das crises do exterior, e da mesma forma que você não acreditou em “marolinha” em 2008, desconfie mais uma vez.
c) Aceite que a recuperação desta vez poderá ser mais lenta e penosa, como nos países mais maduros.
d) Não se deixe levar pela generalização de BRIC ou de Países Emergentes, como se fosse tudo igual. Há diferenças importantes a serem consideradas neste momento.
e) Não acredite muito na possibilidade de um país ter um comportamento completamente diferente dos demais, a menos que seja a China.
f) Imagine o que poderia acontecer nos seus negócios se o impacto for como em 2008. O fato da recuperação ser provavelmente mais lenta, não significa que a queda também seja.
g) Não pense que as reservas brasileiras são tão grandes assim para salvar qualquer outro país além do Brasil mesmo.
O que isto poderia significar para o seu negócio? Estas premissas fazem sentido? De fato, não poderiam ser mais genéricos e superficiais do que isso. Mas é o grau de certeza disponível no momento.
Outro aspecto que você deve tomar cuidado,é que se o seu negócio é baseado apenas no mercado doméstico, é melhor dar uma volta pelo seu próprio país e checar. É verdade que não tem o charme das viagens internacionais ao HQ, mas a realidade do mercado no interior pode ser diferente do que se observa nas capitais e nos meios de comunicação.
Visite o interior! Em termos de negócios, algumas vezes no passado, o ritmo não era do Rock das capitais, mas do Sertanejo do interior (que é claro, já se tornou quase tão elaborado e sofisticado quanto o Rock). Hoje em dia os lados do Axé e do Baião andam também muito fortes em crescimento econômico.
Focalizar no seu próprio negócio ao invés de ouvir comentários genéricos sobre economia tem sido uma fórmula muito válida no Brasil.
De qualquer maneira, sempre lembro-me de um velho ditado japonês que diz:
– “O demônio rí, quando você fala do amanhã”…
Grato, YK.