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Conheça a escola brasileira de programação

O empreendedor Marco Giroto conhece bem esses benefícios: aos 12 anos de idade, ele aprendeu a programar. Quando pensou em criar um novo empreendimento, lembrou-se de sua trajetória e quis ajudar crianças e adolescentes a trilharem o mesmo caminho da ciência da computação. Uma temporada no Vale do Silício foi o que faltava para essa ideia ser concretizada.

Assim nasceu a SuperGeeks, uma escola de ciência da computação e programação para crianças de cinco a 16 anos de idade. A resposta à ideia de negócio foi positiva: a SuperGeeks já faturou oito milhões de reais no acumulado deste ano e virou uma rede de 30 unidades.

“É importante crianças aprenderem programação, mesmo que não venham a ser programadoras ou cientistas da computação, assim como você não aprende matemática só para ser matemático ou biologia só para ser biólogo. São disciplinas que fazem parte da nossa vida”, defende Giroto.

“Captar a tecnologia, no lugar de ser dominado por ela, vai ser importante inclusive para a carreira. As próximas profissões ou serão baseadas em tecnologia ou pedirão competências relacionadas a ela.”

Temporada no Vale

Giroto e a esposa, Vanessa Ban, decidiram criar a SuperGeeks quando moravam no Vale do Silício, nos Estados Unidos, e haviam acabado de enfrentar um grande desafio: uma ideia de negócio que não deu certo.

No Brasil, os empreendedores tinham uma empresa de audiolivros. Então, eles resolveram pegar um empréstimo no banco, no valor de 300 mil reais, para tentar montar no Vale do Silício uma startup de publicidade em ebooks. Mas, para que o negócio virasse, era preciso investir mais. E eles não haviam conseguido nenhum aporte de investidores.

“Começamos a ver um movimento nos EUA, e especialmente no Vale, para ensinar crianças a programarem dentro das escolas. Como nossa startup estava indo devagar e não conseguíamos investimento, decidimos parar e olhar para esse mercado de ensino de programação para crianças”, explica Giroto.

Enquanto nos Estados Unidos o ensino de ciência da computação e programação estava associado à educação pública, a ideia do casal era formatar uma escola particular nesses temas e levá-la ao Brasil.

“Sabíamos que poderíamos entrar como curso extra no Brasil. Nos EUA, era algo mais dentro da grade curricular, implementado pelo próprio governo. Dificilmente teria mercado para empresas também, enquanto no Brasil podíamos fazer algo mais profissionalizado”, diz o empreendedor.

Em fevereiro de 2013, Giroto e Ban desenvolveram a metodologia, testaram softwares e lançaram o site da SuperGeeks quando ainda estavam no Vale do Silício, para validar a ideia. O negócio recebeu diversos e-mails de interessados em adquirir matrículas e em abrir franquias, mesmo o negócio nem existindo na prática.

Ao todo, foram mil cadastros na primeira semana de site. “Tínhamos ido ao Vale do Silício para ficar, mas voltamos para o Brasil por conta dessa validação. Existe uma demanda reprimida: as pessoas querem fazer algo relacionado à programação, mas não sabem os cursos que existem. É como as escolas de inglês há 30 anos”, compara.

Quando voltaram ao Brasil, estavam negativados em 300 mil reais com o banco, por conta do empréstimo inicial. “Tentamos oferecer nossa ideia para escolas, mas elas não quiseram fechar conosco por sermos novos no mercado. Então, alugamos um espaço e falamos com os pais interessados dessas escolas. Fechamos 40 matrículas, e com esse dinheiro nós pagamos o aluguel do imóvel e dos primeiros computadores. Essa primeira unidade abriu no começo de 2014.”

Como funciona?

O diferencial da SuperGeeks, segundo a própria empresa, é atuar como uma escola de verdade. Enquanto Giroto tem experiência em infraestrutura e tecnologia, enquanto Ban foi professora durante anos.

“Unimos essas duas áreas na hora de criar a SuperGeeks. Por isso, temos acompanhamento pedagógico, notas e relatórios de desempenho. Também só contratamos instrutores em dedicação integral, com superior completo e experiência em ensinar para crianças”, diz o empreendedor.

O carro-chefe da escola é o curso regular, que possui seis anos de duração e vai do nível básico ao avançado. A ideia é usar a programação como base para lecionar toda a área de ciência da computação, em tópicos como desenvolvimento de aplicativos e games, inteligência artificial, realidade virtual e aumentada, redes e servidores e robótica. A SuperGeeks faz uma aula de demonstração, na qual também avalia o conhecimento do aluno para encaixá-lo em um dos níveis.

Também é possível fazer cursos de curta duração, de um ou dois meses, voltados aos pais que não estão seguros de que o filho irá gostar das aulas. Esses possuem alguns temas especiais, como o curso de edição de vídeos na internet para “youtubers”.

Para o começo de 2017, a SuperGeeks pretende inaugurar um curso chamado “SuperMath”: a ideia é ensinar matemática a partir de conceitos e produtos da ciência da computação, como um game criado pelo próprio aluno.

Crianças em unidade da SuperGeeks: elas aprendem diversas áreas da ciência da computação00 (SuperGeeks/Divulgação)

Expansão por franquias

A expansão por franquias já era uma ideia da SuperGeeks desde a elaboração do plano de negócios, mas só foi concretizada em 2015.

“Era algo que fazia muito sentido para nosso negócio de escolas, e no nosso primeiro manual já constava a ideia de termos unidades franqueadas. Montamos nossa primeira unidade, ela deu muito certo e decidimos continuar esse plano de expansão.”

Hoje, o negócio possui 30 unidades em operação, sendo duas próprias. Há escolas no Distrito Federal e nos estados de Ceará, Goiás, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo, Sergipe.

Outras dez escolas inaugurarão em janeiro de 2017. Entrarão no mapa Bahia, Paraíba e Santa Catarina. No acumulado de 2016, o faturamento da rede SuperGeeks já chegou a oito milhões de reais. A previsão é fechar 2017 com 80 unidades e dez mil alunos – hoje, são três mil.

O único modelo que a SuperGeeks oferece hoje é a loja de rua. O faturamento mensal, diz Giroto, vai de 40 mil a 150 mil reais, dependendo do tempo de operação o franqueado. O limite superior da média se refere a uma unidade com cinco anos de vida e de 300 a 400 alunos, por exemplo.

Além das unidades franqueadas de rua, a SuperGeeks está formatando um modelo de microfranquia, voltado para cidades com menos de 80 mil habitantes. A ideia é que o próprio professor seja franqueado. Será preciso ter experiência em ciência da computação e se comprometer a fazer uma extensão em pedagogia.

Loja de rua
Investimento inicial: 150 a 200 mil reais
Prazo de retorno: 24 a 36 meses

As informações são do site Exame 

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