São Paulo – Andy Rubin, o criador do sistema Android, anunciou hoje a chegada do Essential, o seu novo e aguardado smartphone. O projeto é o resumo de como Rubin vê o mercado atual de smartphones. Em um texto de apresentação, publicado no site da Essential, ele afirma que o sistema Android ajudou a criar um mundo no qual “pessoas são forçadas a brigar contra a tecnologia que deveria simplificar suas vidas”.
Os passos iniciais da empresa mostram como Rubin pretende lutar contra o problema criado também por ele. O smartphone Essential é, em resumo, um produto simples e, aparentemente, de qualidade. Ele chega com uma característica importante em 2017: uma “tela infinita” – com bordas estreitas e bom aproveitamento da porção frontal do smartphone.
A tela é de 5,71 polegadas com resolução de 2.560 x 1.312 pixels. A sua proporção é de 19:10, um pouco diferente da proporção dos displays do LG G6 (18:9) e do Galaxy S8 (18,5:9), outros exemplos de “tela infinita” no mercado.
Diferentemente do Mi Mix (smartphone da Xiaomi com design parecido) em que a câmera frontal está localizada na parte inferior do celular, a do Essential se manteve na parte superior, mas é cercada por uma região sem pixels (veja na foto).
Aliás, a câmera selfie tem sensor de 8 megapixels e pode filmar em 4K. A câmera traseira, de 13 megapixels, é dupla. Diferentemente de outros smartphones, a segunda câmera não é zoom–ou teleobjetiva. Ela tem, na verdade, um sensor monocromático que promete capturar luz melhor do que as câmeras tradicionais. Outra possibilidade seria o usuário usar esse sensor mono para fazer fotos em preto e branco.
O novo aparelho de Rubin é construído a partir de uma combinação de titânio e cerâmica. Segundo a empresa, tais materiais foram escolhidos para que o gadget sobreviva a testes de queda “ao contrário dos dispositivos concorrentes de alumínio”.
O smartphone não traz logotipo nenhum da Essential. Segundo Andy Rubin, um celular é “sua propriedade pessoal, é uma expressão pública de quem você é”. Não é porque a empresa criou o dispositivo que “você deve ser forçado a anunciar esse fato a todos em sua vida”, aponta Rubin no site do Essential.
Por dentro, o smartphone tem tudo para bater de frente com os principais dispositivos do mercado (leia-se iPhone 7, S8 e Google Pixel). Seu processador é um Qualcomm 835, a memória RAM é de 4 GB e o armazenamento interno é de 128 GB (sem entrada para cartão microSD). A bateria é de 3.040 mAh.
Modular
Como o Moto Z da Lenovo, o aparelho de Rubin tem um conector magnético localizado perto da câmera e do sensor de impressões digitais. A partir dele, é possível conectar acessórios. Os primeiros apresentados são uma câmera 360 graus e um carregador de bateria.
A câmera pesa menos de 35 gramas, tem quatro microfones e duas câmeras de 12 megapixels f/1.8 UHD (3.840 x 1.920). Xiaoyu Miao, engenheiro responsável pelo acessório, escreve no site da Essential que a maneira como usamos as câmeras não mudou muito historicamente. “As pessoas pegam uma câmera, apontam a lente e procuram algo particular para capturar com base em um visor. Um campo de visão muito limitado.”
Uma característica do aparelho que talvez não agrade muitos usuários é a falta da entrada tradicional de fone de ouvido – há apenas uma porta USB-C e um adaptador acompanha o smartphone. No entanto, talvez isso seja uma jogada da marca para lançar outros acessórios de áudio que se encaixem no conector magnético.
Rubin promete que o Essential irá “funcionar bem com os outros”, ao contrário de ecossistemas fechados que, segundo ele, são desatualizados. O empresário conta que há cada vez menos escolhas no mercado e que o grande problema é que são lançados recursos desnecessários. “Um crescente mar de produtos que não funcionam uns com os outros.” Além disso, para ele, os dispositivos não devem parecer desatualizados após um ano de uso. Em vez disso, “eles devem evoluir com você”.
O Essential custa 699 dólares e está disponível para pré-venda nos Estados Unidos. O pacote com a câmera de 360 graus e o smartphone sai por 749 dólares. Não há qualquer menção sobre a venda dos produtos em outros países.
No site, Rubin listou os princípios que segue com a Essential. Veja abaixo:
– Dispositivos são sua propriedade privada. Nós não forçaremos você a ter nada que você não queira;
– Nós vamos sempre trabalhar bem com outro. Sistemas fechados são divisivos e antiquados;
– Materiais premium e perícia verdadeira não deveriam ser para poucos;
– Dispositivos não deveriam ficar obsoletos todos os anos. Eles deveriam evoluir com você;
– Tecnologia deveria auxiliar você para que você possa aproveitar sua vida;
– Simples sempre é melhor.
Por Marina Demartini de Exame