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Empreendedora ensina manutenção para mulheres

Foi com uma ideia na cabeça, pouco dinheiro no bolso e algumas ferramentas em mãos que a paulistana Ana Luisa Correard, de 28 anos, deu início a um negócio inovador.

A “M’ana – Mulher Conserta pra Mulher” é uma empresa que, como o próprio nome já diz, oferece serviços de manutenção doméstica feitos apenas por mulheres e para mulheres.

Se você é homem, pode se perguntar o porquê da necessidade de existir um serviço como esse. Se é mulher, no entanto, provavelmente já deve imaginar. O receio em receber homens estranhos em casa, principalmente quando se mora sozinha, é frequente para muitas. E a ideia surgiu justamente por Ana Luisa ser uma delas.

Mesmo sem ter fundos para investir, em agosto de 2015 a jovem reuniu a experiência e os utensílios que já utilizava em sua casa e deu o pontapé inicial em seu negócio. Os atendimentos incluiriam desde serviços de manutenção básica a até mesmo pinturas e revestimentos.

A primeira postagem de divulgação, feita no Facebook, alcançou mais de mil compartilhamentos em menos de 24 horas. A partir disso, o telefone não parou mais de tocar.

“Mão na massa”

Com a repercussão, o que de início serviria apenas como fonte de renda extra acabou crescendo mais do que o esperado. A jovem, que atuava como produtora de vídeo, teve que abandonar o emprego para dar conta de realizar os atendimentos.

“Eu pretendia continuar com meu trabalho e não sabia se a ideia daria certo. Eu me confortava pensando que se conseguisse 200 reais por mês, já estaria ótimo”.

Hoje, um ano depois, Ana não só se sustenta apenas com a empresa como também relata ter triplicado o que faturava nos primeiros meses.

Com mais de 1.500 serviços realizados, atendendo cerca de mil mulheres no total, a empreendedora conta que a divulgação e os compartilhamentos entre as clientes foram os grandes segredos do sucesso de repercussão.

“Se eu investi 50 dólares em anúncios no Facebook, foi muito. As clientes geralmente comentam umas com as outras e a divulgação acaba acontecendo magicamente”.

Questão de organização

Com o rápido crescimento do negócio, vieram também os apuros. Sem muitas noções iniciais de planejamento financeiro e de administração, a jovem teve que agir para não ficar para trás. “Quando comecei a ter retorno e vi que ia dar certo, comecei a buscar por informação e auxílio. A Rede Mulher Empreendedora e o Sebrae ajudaram muito”, conta.

Depois de trabalhar sozinha por três meses, ela deu início a uma sociedade com a arquiteta Katherine Pavloski. Com isso, vieram mais oportunidades de investir em equipamentos e também a possibilidade de expandir o número de atendimentos diários.

Hoje, as duas também contam com a atuação de freelancers para serviços que exigem mais mão de obra e consideram contratar mais funcionárias até o final do ano.

Para Ana Luisa, o principal aprendizado neste ano de atuação tem a ver com a necessidade de organização. “Quando abrimos uma empresa, nós somos tudo: moças do café, do telefone, da compra de materiais, postagem no Facebook e área financeira. A organização perante as demandas é fundamental e a falta dela é de onde surgem os problemas”, afirma a empreendedora.

Quebrando paradigmas

Atuando em um ramo tradicionalmente visto como masculino, as duas sócias frequentemente se veem frente a questões que vão além dos desafios diários de administrar um negócio.

De acordo com Ana Luisa, já ocorreram episódios de discriminação até mesmo na hora de comprar equipamentos; ela e a sócia já foram, por exemplo, subestimadas por vendedores que supunham que elas não saberiam utilizá-los.

Mesmo diante disso, a jovem demonstra não se deixar intimidar. “Pelas nossas ações, acabamos mostrando que o que as pessoas falam não tem fundamento. Mostramos que nós conseguimos fazer o que nos propomos”.

Com sua atuação, inclusive, a questão de gênero não foi o único paradigma que a empresa superou. Por meio da página da empresa no Facebook, Ana Luiza oferece às clientes vídeos-aula ensinando a realizar manutenções básicas, como a troca de resistência de chuveiros.

Enquanto alguns podem pensar que a iniciativa levaria à perda de potenciais clientes, Ana Luisa possui uma visão bem diferente.

“Não queremos que nossas clientes dependam de nós, mas sim que elas nos escolham. E assim elas também saberão pelo que estão pagando e que não estão sendo enroladas, inclusive caso precisem contratar outra pessoa”.

É por essa lógica que as duas sócias também criaram o “Curso das Manas”, que oferece às inscritas a possibilidade de aprender sobre manutenção doméstica com direito a apostila e aulas práticas.

Com planos de um dia expandir o negócio para além da capital paulista, Ana Luisa também comemora quando vê ideias semelhantes mostrando as caras em outras cidades.

“A ideia é chegar na casa de cada vez mais mulheres e mostrar que isso é realmente possível”.

As informações são do site Exame por Ana Laura Prado.

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