A situação está complicada desde que a Lava Jato e a queda do preço do petróleo abateram os planos da Petrobras, sua única cliente.
O primeiro tombo veio com a Sete Brasil, para quem o EAS construiria sete sondas que depois seriam alugadas à Petrobras. O estaleiro rescindiu o contrato por falta de pagamento e tenta negociar como receber de volta o que gastou no projeto.
Sobraram os contratos com a Transpetro, braço de transporte da Petrobras. Ao todo seriam 22 navios a serem entregues até 2020, mas agora a estatal ameaça cortar 15.
Segundo apurou a Folha, a Transpetro enviou uma carta ao estaleiro manifestando a intenção de reduzir as encomendas. Os 15 navios renderiam R$ 6 bilhões ao EAS.
Por enquanto, o contrato não foi rescindido, porque a Transpetro aguarda a manifestação do estaleiro. Mas, com a crise por que passa a Petrobras, os sócios o EAS já se preparam para o pior.
CRISE EM CASA
As empreiteiras têm de lidar ainda com uma disputa interna. O consórcio japonês liderado pela IHI Marine, que é dono de um terço do EAS, resiste em colocar sua parte em dinheiro novo no negócio.
Em vez de desembolsarem 33% dos recursos, respeitando sua participação no capital do estaleiro, os japoneses só aceitaram colocar um quinto: R$ 14 milhões dos R$ 70 milhões que deveriam. Os sócios brasileiros tiveram de cobrir a diferença.
As empreiteiras já não têm expectativa de retorno com o investimento. A preocupação agora é reduzir custos, renegociar com fornecedores e tentar diminuir ao máximo o prejuízo. Quase 3.000 funcionários foram demitidos ao longo deste ano.
A dívida bancária hoje é de cerca de R$ 1,2 bilhão —a maior parte com o BNDES. Mas há ainda outros R$ 2 bilhões com fornecedores que haviam sido contratados para a construção das sondas.
A proposta para esses fornecedores é que eles fiquem com o que já está construído em troca de um abatimento na dívida. O valor restante o EAS quer repassar para a Sete, segundo apurou a Folha.
Mas a Sete também vive uma crise financeira e está sob risco de quebrar. Se isso ocorrer, os credores do EAS, que concordaram em esperar por um acordo entre o estaleiro e a Sete, podem pedir a falência do estaleiro.
As empreiteiras temem a recuperação judicial do empreendimento. Parte das dívidas conta com o aval das empresas que controlam as empreiteiras Queiroz Galvão e Camargo Corrêa.
Os dois grupos estão enrolados com as investigações da Operação Lava Jato e não querem complicar sua relação com bancos ou assustar fornecedores. Procuradas, Camargo Corrêa e Queiroz Galvão não quiseram comentar.
A Folha enviou perguntas ao presidente da Transpetro, Antonio Rubens Silva Silvino, e ao diretor de Transporte Marítimo, Nilson Ferreira Nunes Filho, sobre o valor atual dos contratos, os prazos de entrega e se as encomendas ao Atlântico Sul serão mantidas. A empresa se recusou a responder a maior parte das questões e afirmou que “está reavaliando o cronograma de entrega das embarcações”.
Fonte: Portos e Navios