Imagine comprar um império econômico por um dólar. Todos desejam comprar algo valioso a preço de banana. O que talvez poucos tenham imaginado é que podem adquirir negócios milionários por preços tão irrisórios como um dólar ou, no máximo, alguns milhares.
Essas oportunidades existem, mas não aparecem sempre.
Em alguns casos são negócios com dívidas significativas, outros integram mercados em decadência e há aqueles de manutenção tão cara que ninguém quer assumir. Mas é preciso atenção às verdadeiras oportunidades: importantes fatias das empresas mais bem-sucedidas do momento se venderam por poucas centenas de dólares.
Conheça alguns desses casos em que tais situações ocorreram.
Um dólar por uma mina de US$ 631 milhões
Podemos começar pelo episódio mais recente.
No final de julho deste ano, a mina de carvão Isaac Plains, na Austrália, foi vendida pela mineradora brasileira Vale e pela japonesa Sumitomo à firma australiana Stanmore Coal por apenas um dólar, segundo informou a agência de notícias Bloomberg.
Há apenas três anos, o valor da mina foi estimado em US$ 631 milhões, e a própria Sumitomo adquiriu metade da propriedade por US$ 312 milhões.
Os diretores dessas empresas ficaram loucos?
Não. Esse é um caso típico de mercado afetado por uma crise profunda.
Os preços do carvão, usado na fabricação do aço, caíram até US$ 85 a tonelada, ante US$ 330 em 2011, segundo a Bloomberg.
As reservas da mina estão estimadas em 30 milhões de toneladas. Assim os compradores ficarão esperando tempos melhores no mercado.
Um aeroporto por menos de US$ 11 mil
Também em julho, o grupo de investimentos chinês Tzaneen Internacional adquiriu um aeroporto novinho em Ciudad Real, na Espanha, por menos de US$ 11 mil.
A notícia causou espanto no país, pois as instalações custaram quase US$ 500 milhões.
O aeroporto entrou em operação em 2008. Tem uma das maiores pistas de pouso da Europa e um terminal de 28 mil metros quadrados.
Apesar disso, o terminal “quebrou” em 2012, quando teve apenas 100 mil passageiros.
O aeroporto teve que ser leiloado judicialmente, e a única oferta foi a do grupo chinês.
Diante de um lance tão baixo, abriu-se um novo prazo – até 14 de setembro – para busca de novas ofertas. Mas os investidores asiáticos terão sua pechincha garantida caso ninguém se candidate ao leilão.
10% da Apple por apenas US$ 800
Nem sempre uma boa pechincha nasce de um negócio arruinado ou cheio de dívidas escondidas. Oportunidades podem aparecer às vezes na esteira de decisões erradas dos vendedores.
Um dos casos mais paradigmáticos é o de Ronald Wayne.
O nome pode não ser conhecido, mas a percepção do personagem muda ao considerarmos que ele foi um dos fundadores da famosa empresa de tecnologia Apple (juntamente com Steve Jobs e Steve Wozniak).
Esse americano de 81 anos cometeu um dos erros empresariais mais graves já conhecidos: dois dias depois de fundar a empresa, em 13 de abril de 1976, vendeu suas ações (10% da empresa) por US$ 800.
No começo, Wayne acreditou na proposta da Apple (ele mesmo desenhou o famoso logotipo), mas se assustou ao receber os primeiros pedidos de computadores de uma firma com fama de má pagadora. Ele era o único dos fundadores com bens e pensou que seria o mais prejudicado em caso de problemas, pois tinha propriedades passíveis de embargo.
Assim ele se livrou de suas ações.
Em fevereiro de 2015, Apple se tornou a primeira empresa do mundo a superar os US$ 700 bilhões em capitalização em bolsa, cifra usada com frequência para medir o valor de uma companhia.
Portanto, as ações de Wayne valeriam hoje US$ 70 bilhões.
Criou o Twitter e vendeu por US$ 7 mil
Outro grande erro e outra bela pechincha.
“Sim, vender minha participação no Twitter foi um erro” de alguns milhões de euros. A história do engenheiro Evan Henswah-Plath, de 38 anos, se resume nessa frase, que repete em cada entrevista ou seminário que participa.
Henshaw-Plath era um dos líderes da Odeo, a empresa dentro da qual surgiu o Twitter. Ele foi um dos cinco criadores dessa rede social.
Seu erro foi não confiar no produto. Pouco depois de criá-lo, Henshaw-Plath vendeu sua parte na companhia por US$ 7 mil.
“Naquele momento ninguém podia imaginar o que o Twitter iria ser, era um projeto pequeno com algumas centenas de usuários. Eu tinha amigos com empresas muito mais promissoras”, justificou-se em entrevista ao jornal espanhol ABC.
Nunca imaginou, portanto, que o Twitter chegaria aos 300 milhões de usuários atuais e ao valor aproximado de US$ 24 bilhões, segundo calculam diversos analistas.
Para dizer em menos de 140 caracteres: ele agora poderia ser imensamente rico.