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Mantega: IPI reduzido será mantido até dezembro de 2014


SÃO PAULO – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou nesta segunda-feira que o desconto no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis será prorrogado até dezembro de 2014 pelo governo.

A decisão foi comunicada após o término da reunião com o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, na sede da pasta em São Paulo, em que também estavam presentes representantes da Fenabrave, que reúne as concessionárias do país.

Se não houvesse a postergação do desconto, a alíquota para carros com motor 1.0, atualmente em 3%, deveria aumentar para 7% a partir de amanhã. O percentual estava em 2% até dezembro do ano passado. Para carros entre 1.0 e 2.0 (com motor flex), o IPI subiu de 7% para 9% no início de 2014, e agora retornaria aos 11%.

Automóveis com o mesmo motor, mas movidos apenas a gasolina, teriam a alíquota elevada dos atuais 10% para 13%. Até o fim do ano passado, estava em 8%. Os veículos utilitários pagam 3% – eram 2% até dezembro – e voltariam à alíquota original de 8%, caso não houvesse a decisão do governo.

Segundo Mantega, a avaliação do setor é que as vendas foram mais fracas neste primeiro semestre em função de uma série de fatores, como o encarecimento e a diminuição do crédito e a realização da Copa, que prejudicou a atividade industrial e o comércio em função do número menor de dias úteis. “Tivemos sete dias úteis a menos, o que influencia as vendas. Temos que tomar medidas para viabilizar um segundo semestre melhor que o primeiro”, disse o ministro.

Ainda de acordo com ele, há uma “certa semelhança” entre o primeiro semestre deste ano e o de 2013, quando a alta da inflação e o aumento das turbulências causadas pela mudança da política monetária do Fed (Federal Re serve, banco central americano) a partir de maio e pelas manifestações contribuiu para um “cenário econômico mais moderado”.

“Este ano também temos Copa. E embora ela esteja sendo muito boa para o país, um grande sucesso, para a indústria e as vendas ela traz alguns problemas. Mas ao final da Copa tudo volta ao normal”, previu. O ministro também afirmou que nem lembrava quando o IPI do setor havia sido reduzido. “Nem lembro quando foi, faz muito tempo, em julho do ano passado”.

A prolongação do imposto reduzido ocorre num momento de maior fraqueza do setor automotivo, com recuo das vendas no mercado doméstico e anúncios de férias coletivas, “layoffs” e planos de demissões voluntárias por parte das montadoras. O cenário interno ruim é agravado por piora nas exportações, devido à crise na Argentina. O país vizinho é o principal mercado para manufaturados brasileiros. O governo também estuda um novo acordo automotivo com o parceiro do Mercosul para amenizar a situação.

Mais cedo, Mantega teve um encontro com Flavio Rocha, vice-presidente do grupo Guararapes, dono da rede Riachuelo, e Luiza Trajano, presidente do conselho de administração do Magazine Luiza. Ambos representaram o Instituto de Desenvolvimento do Varejo (IDV).

De acordo com Rocha, foi pedido ao governo adiamento da alta do IPI para móveis. Em janeiro, o imposto sobre móveis, laminados e painéis subiu de 3,5% para 4%. Na época, o a equipe econômica ficou de avaliar se retomaria a alíquota cheia de 5% a partir de julho.

Nesta tarde, o ministro também deve se reunir com empresários da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimóvel), da Associação Brasileira da Indústria de Painéis de Madeira (Abipa) e da Indústria Brasi leira de Árvores (Iba).

(Arícia Martins e Rodrigo Pedroso | Valor )

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