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Medo da concorrência

Durante muitos anos, empresários e – políticos mais liberais discursaram calorosamente a favor da “economia de mercado” no Brasil. Queriam um País com forte concorrência em todos os setores, com empresas privadas, que estivessemlivres das amarras burocráticas do poder público, e ao mesmo tempo gerassem lucros a seus acionistas e serviços ou produtos de qualidade aos consumidores.

 

Esse era um sonho dos anos 80; ao longo da década seguinte as bases para viabilizar esse ambiente de negócios foram construídas. Privatizações de empresas como a Vale e a CSN, abertura dos portos para produtos importados, serviços essenciais -como telefonia, energia elétrica e até bancos- passados para as mãos do setor privado, considerado, naquela época, a solução para todos os problemas.

 

Pois bem, o que vemos hoje no Brasil é um ambiente de concorrência somente de fachada, em que uma ou duas empresas dominam setores importantes como telefonia fixa, televisão a cabo, bancos e energia elétrica. Se prestarmos atenção, toda a polêmica que envolve a venda dos direitos televisivos do Campeonato Brasileiro de futebol para os próximos 3 anos é um retrato fiel da mentalidade brasileira. 

 

Nossa cultura é fortemente baseada no individualismo, na vantagem sobre o outro a qualquer preço, sem preocupação com o coletivo. Alguns exemplos práticos: existe concorrência efetiva para a Net no mercado de televisão fechada no Brasil? A Sky faz uma tentativa, mas ainda falta estrutura para oferecer telefone e internet, o que inviabiliza o preço da operadora em lugares onde a Net atua. 

 

O sistema financeiro está dominado por cinco bancos, o que gera cobrança de tarifas abusivas, juros abusivos, e qualidade de atendimento abaixo do que é cobrado. A indústria de bebidas vive um quase-monopólio, dominado pela AmBev. E não temos escolha quando o assunto é energia elétrica. Fica a pergunta: quando teremos a tal “economia de mercado”?

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