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Smartwatch da Apple coloca a marca na alta moda

Novo ‘smartwatch’ leva a Apple ao mundo da alta moda

Smartwatch da Apple coloca a marca na alta moda – A Apple por si só já é uma marca de luxo da tecnologia. Agora ela está se transformando também em uma grife da alta moda com um relógio inteligente que vai atenuar a linha que separa os dispositivos eletrônicos dos acessórios.

Para o Apple Watch, que será lançado em abril em alguns países, a Apple está adaptando sua estratégia de vendas para atender às novas (e divergentes) expectativas dos consumidores.

O “smartwatch” é o primeiro dispositivo da Apple a ser desenhado explicitamente para ser mostrado, em vez de guardado. Então, a Apple está oferecendo um leque incomum de opções, permitindo que os consumidores customizem a aparência — e o preço — do Apple Watch com uma ampla seleção de revestimentos e pulseiras produzidos para atender os variados segmentos do mercado. É uma mudança em relação ao lançamento do iPhone e do iPad, que vinham apenas em um tamanho e uma cor.

A versão mais cara do novo smartwatch está entre os produtos mais caros da Apple, direcionada para uma clientela acostumada ao luxo e a serviços personalizados, na maioria das vezes em um showroom privado e silencioso.

Ontem, a Apple revelou mais detalhes sobe o Apple Watch em uma coletiva em San Francisco. O modelo de alto padrão “Edition”, coberto com safira transparente e revestido em ouro amarelo ou rosa de 18 quilates, será vendido apenas em lojas selecionadas a preços que começam em US$ 10 mil nos Estados Unidos. O modelo intermediário, que terá um exterior de aço inoxidável, custará a partir de US$ 549. E os preços da versão mais barata, o modelo “Sport”, com um revestimento de alumínio, começam em US$ 349.

A Apple informou que o relógio terá uma bateria com duração de 18 horas e será capaz de fazer ligações. Na apresentação para a imprensa ontem, a empresa também mostrou como o relógio pode receber notificações e ser usado para coisas como abrir portas de quartos de hotel e a garagem ou buscar letras de músicas. A Apple informou que ainda não há previsão de lançamento no Brasil.

A empresa está adaptando sua estratégia de marketing para o relógio ao oferecer novas opções de compra. Pessoas a par do assunto informam que as lojas da Apple estão sendo redesenhadas com a criação de um espaço onde os clientes podem reservar um horário para testar o relógio. A equipe de vendas está sendo treinada para descobrir quais modelos melhor se adaptam a cada cliente, dizem as fontes.

O Apple Watch marca o início da próxima fase da evolução da Apple como marca, já sugerida pela decisão, em 2007, de tirar a palavra “computador” de seu nome. “Será sempre tecnologia, mas a Apple é agora fundamentalmente uma empresa de estilo de vida”, diz Ben Bajarin, diretor de análise de tecnologia da Creative Strategies. O Apple Watch, com seus elementos de moda, é o “clímax” dessa transição, diz ele.

O smartwatch será o primeiro produto totalmente novo da Apple desde o lançamento do iPad em 2011 e o primeiro de uma nova categoria desde a morte de Steve Jobs, diretor-presidente da empresa, em 2011.

O conceito e o design foram conduzidos pelo diretor de design, Jony Ive, que vem liderando o desenvolvimento de produtos da empresa.

A intenção da Apple é criar mais que uma alternativa para outros smartwatches. Ela quer criar um relógio com o mesmo status daqueles produzidos pela Rolex, Patek Philippe e outros fabricantes suíços de alto padrão. Mas isso traz a tona a questão da obsolescência. Muitos usuários mantêm seus iPhones por um ano ou dois antes de substituí-los por modelos mais novos. Relógios de alto padrão, por outro lado, frequentemente mantêm seu valor por muitos anos e são passados de uma geração para outra.

“Um relógio com software e componentes eletrônicos pode não ter a mesma longevidade”, diz Walter Piecyk, analista da BTIG Research. “É difícil acreditar que daqui cinco ou dez anos alguém ainda vai estar usando um Apple Watch original.”

A empresa refinou os recursos de luxo do relógio. O ouro que reveste a versão Edition é resistente a arranhões, segundo pessoas a par do assunto. A Apple também chegou a estudar revestimentos de relógios de platina.

Ontem, Tim Cook, o diretor-presidente, disse que o Apple Watch era o produto “mais pessoal” já lançado pela empresa.

Muitos fabricantes de eletrônicos menos sofisticados conseguiram melhorar a qualidade e aumentar os preços no passado, mas existem poucas histórias de sucesso envolvendo marcas que entraram no mercado de luxo. Em 2003, a Sony Corp. lançou sua linha de produtos eletrônicos de luxo Qualia, cobrando mais de US$ 10 mil por uma televisão feita à mão. A Sony desistiu do projeto três anos mais tarde.

Parte do problema é que é difícil vender um produto eletrônico produzido em massa baseado na exclusividade ou habilidade artesanal, atributos essenciais dos bens de luxo como bolsas de couro cerzidas à mão ou relógios mecânicos de alto padrão.

“Não há razão que explique por que o relógio [da Apple] tem que ser tão caro”, diz Keith Wilcox, professor de marketing da faculdade de Administração da Universidade Columbia.

Ive disse em outubro que criar o Apple Watch foi mais difícil que o iPhone devido às expectativas dos consumidores. A Apple permitiu uma maior personalização do relógio porque, segundo ele, as pessoas querem termais opções quando vestem algo.

Para ajudar a se estabelecer como marca de luxo, a Apple está cortejando a indústria da moda. Ive e membros de sua equipe de design foram a Paris durante a Fashion Week em setembro para mostrar o novo produto aos principais criadores de tendências. Um mês depois, o Apple Watch apareceu na capa da “Vogue China”, elegantemente colocado no pulso da modelo Liu Wen.

Para vender moda, a Apple recrutou, por exemplo, Paul Deneve, ex-diretor-presidente da Yves Saint Laurent, e Angela Ahrendts, ex-presidente da Burberry. Ahrendts, que ajudou a revitalizar a marca Burberry, deve usar sua experiência para criar uma experiência de consumo de alto padrão para as lojas Apple.

Scott Galloway, professor de marketing da Universidade de Nova York, diz que a Apple compartilha muitas das características de uma marca de luxo, como os preços elevados e a ideia que ter um produto Apple pode ajudar a tornar alguém mais atraente para outras pessoas. Isso permitiu que ela continuasse a vender iPhones com margens maiores mesmo com a forte pressão criada por outros rivais mais baratos.

Fonte: The Wall Street Journal

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