Quando a Lei de Sociedade Anônima nº 6.404 foi aprovada, em 15 de dezembro de 1976, o mercado brasileiro estava convicto de que seria necessário melhorar as relações entre as empresas e seus investidores. Dessa forma, a lei representou um avanço significativo para as relações societárias brasileiras e para as práticas contábeis adotadas à época.
Decorridos 40 anos, o Brasil volta a sentir necessidade de aprimorar as informações que são divulgadas para o mercado. E estas passam pela renovação das práticas contábeis, com a convergência às normas contábeis internacionais (IFRS – International Financial Report Standard). O principal instrumento para essa mudança é o Comitê de Pronunciamento Contábeis – CPC, órgão criado com vistas a essa convergência.
Desde sua criação, o CPC já emitiu 43 pronunciamentos, que foram aprovados ou estão em fase de aprovação pelos principais órgão reguladores do Brasil, como a Comissão de Valores Mobiliários – CVM, a Superintendência de Seguros Privados – SUSEP, a Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, o Conselho Monetário Nacional – CMN, e muitos outros.
A rapidez na elaboração e emissão desses pronunciamentos (aproximadamente três anos) demonstra que a classe contábil brasileira tem a capacidade de perceber o valor das mudanças que permitirão manter o mercado brasileiro em consonância com o cenário internacional. Mas a elaboração de novos pronunciamentos não basta: precisamos do engajamento e desenvolvimento de todos – estudantes, professores e profissionais –, pois, nesse processo, é fundamental que todos estejam preparados para absorver o conhecimento necessário aos avanços, que, com toda a certeza, representam a maior evolução das práticas contábeis brasileiras desde a emissão da Lei de Sociedades Anônimas.
Assim, o Contabilista é hoje um personagem essencial nas tomadas de decisões das empresas. E, para fazer valer sua importância, ele deve desenvolver conhecimentos multidisciplinares nas áreas de informática, economia, administração financeira e direito, bem como acompanhar tempestivamente todas as mudanças que os mercados nacional e internacional apresentam.
(Marcelo Nogueira é sócio-diretor da BDO, quinta maior rede do mundo em auditoria, tributos e advisory services. Atua como responsável pelo escritório da BDO em Salvador)