SÃO PAULO – Para os jovens que estão iniciando sua carreira profissional, os programas de trainee são as opções de emprego mais desejadas do momento. Salários interessantes, plano de carreira bem estruturado, possibilidade de passar por diversas áreas e lidar com muitas pessoas são um dos elementos que mais chamam a atenção para esses programas.
Se por um lado são boas oportunidades, por outro, o processo seletivo não é dos mais fáceis. São diversas etapas, que podem demorar até cinco meses, e muitos concorrentes. Mas, em relação às etapas desses processos, você sabe o que a empresa busca com cada uma delas?
Primeiro o currículo
Tudo começa com a triagem dos currículos. A empresa seleciona aqueles candidatos que tem os pré-requisitos exigidos para trabalhar na organização, como a fluência em uma língua estrangeira, uma vivência internacional, a graduação específica e no máximo dois anos de formado.
Essa etapa serve para filtrar os candidatos, selecionando apenas aqueles que possuem o que a empresa precisa: um jovem, formado em Administração de Empresas, com inglês fluente e vivência internacional, por exemplo. Nos programas de trainee, normalmente as empresas só aceitam candidatos que possuem, no máximo, dois anos de formação, nada além disso.
Isso acontece, de acordo com a diretora da Cia de Talentos, Paula Esteves, por que o programa de trainee é, sobretudo, para jovens que não tem experiência profissional anterior, ou seja, não tem nenhum tipo de vício profissional. O interesse, portanto, é por candidatos que estejam prontos para serem moldados pelas empresas que os contratarem.
Além disso, as empresas também entendem que o profissional com mais de dois anos de formado não está procurando o que o programa de trainee pode oferecer. Durante esse tipo de programa o profissional não vai ficar em uma área apenas, ele vai passar por diversos setores da empresa. Ele também não terá uma posição ou um cargo claramente definido. Além disso, ao término do programa ele pode ser contratado como analista ou até como gerente.
Essa indefinição não é o objetivo dos profissionais com mais de dois anos de formação. “Eles já querem um cargo mais estável, já querem uma posição sênior”, diz Paula. Após essa primeira triagem, acontecem os testes. Aqueles que foram selecionados para continuar no processo devem resolver provas online.
As provas online
A maioria das empresas exige que o candidato responda uma prova de inglês e uma de raciocínio lógico. O texte de inglês ajuda a comprovar o que candidato colocou no currículo e o de raciocínio lógico analisa a capacidade analítica do candidato, bem como sua capacidade de lidar com números durante um período restrito de tempo. “Quanto maior a nota neste teste, maior a possibilidade de inferir que o candidato possua habilidades para analisar e solucionar problemas”, explica a diretora da Cia de Talentos.
Outras empresas também fazem provas de conhecimentos gerais, português e de valores. Todos os testes servem para encontrar o candidato mais ágil, com maior capacidade analítica, com maior domínio de inglês e conhecimentos gerais.
Etapas presenciais
Na próxima fase os candidatos iniciam as etapas presenciais, começando pela dinâmica de grupo. Esse momento serve basicamente para observar se o candidato tem as competências comportamentais que a empresa exige. Por exemplo, se ele tem capacidade de liderança, de comunicação, se é comprometido com resultados e se sabe trabalhar em grupo.
Paula explica que as empresas definem qual o perfil do candidato que estão procurando, determinando um número específico de competências. Na dinâmica de grupo os selecionadores desenvolvem atividades que estimulam o candidato a mostrar se ele tem ou não tais competências.
Na prática, uma empresa define, por exemplo, que quer um candidato que tenha habilidade em liderança. Na dinâmica, será apresentado um case no qual os candidatos terão a oportunidade de mostrar se têm essa habilidade. Aqueles que conseguirem mostrar tal habilidade, serão selecionados.
Alguns profissionais reclamam que apesar de terem as competências e habilidades que a empresa está procurando, no dia específico da dinâmica de grupo, não conseguiram mostrá-las, pois não estavam em um dia bom. De acordo com Paula, a dinâmica de grupo dura, em média, 4 horas, e ela é estruturada com o objetivo de dar diversas chances ao candidato de mostrar que ele realmente tem aquela competência.
Isso quer dizer que se em uma atividade você não se saiu bem, suas chances não acabaram. Na atividade seguinte você pode mostrar a competência que a empresa exige e ser selecionado para a próxima etapa. Além disso, não ser aprovado em uma dinâmica de trainee não significa que você não é um bom profissional, mas que talvez seu perfil seja compatível com outro tipo de empresa.
Os gestores entram em cena
Depois da dinâmica de grupo, vem outra etapa presencial, mas agora estarão presentes os gestores da empresa. Paula explica que o gestor está ali para “avaliar o candidato sob o olhar da organização e não de uma determinada área ou de um determinado chefe”. Na prática, não se trata de ter afinidade com o gestor que está ali, mas sim de mostrar que seu perfil realmente se encaixa com o da empresa como um todo.
Mesmo porque, o trainee não será selecionado para uma área específica, ou para trabalhar com um gestor específico, mas sim para se dedicar à empresa. Ou seja, ele vai passar por diversas áreas e trabalhar com diversos gestores. Normalmente, nessa etapa, acontecem também as entrevistas individuais, ou seja, só o candidato e a empresa representada pelo RH e pelos gestores.
Por fim, acontece uma entrevista com o presidente da empresa. Paula explica que dificilmente o candidato que chegou nessa etapa será reprovado. Essa entrevista é mais um bate-papo, que serve tanto para o presidente conhecer quem são os novos profissionais, quanto para mostrar o quão importante e reconhecido é o trainee.