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Os carros que nunca saem de linha

 

 

 

 

Eles são campeões de venda, de economia e de longevidade; conheça alguns modelos que rodam pelas ruas desde as décadas de 80 e 90

 

 

 

 

Julia Wiltgen, de Exame

 

 

 

 

Volkswagen Kombi

 

 

O utilitário mais famoso do mundo já é cinquentenário, mas mudou muito pouco ao longo de todos esses anos. Talvez por isso a robusta Kombi tenha se tornado um símbolo do estilo retrô, estampando camisetas usadas por jovens descolados. Apesar de não atrair pela beleza, a Kombi nunca saiu de linha e ainda é um dos utilitários mais vendidos do país.

 

Os primeiros modelos desembarcaram no Brasil ainda em 1950, poucos meses depois de terem sido lançados na Alemanha, e já em 1957 o veículo era inteiramente montado aqui. Em sua terra natal, a Kombi foi o primeiro modelo fabricado pela Volkswagen após a Segunda Guerra, como resposta à necessidade de transporte barato do pós-guerra.

 

Ao longo de sua história, a Kombi esbanjou versatilidade em suas diferentes versões, servindo ao transporte eficiente de cargas e passageiros, comércio ambulante, veículo para a família e até motor home. Seu sucesso se deve não apenas a esse atributo, mas também à manutenção fácil e barata. Atualmente, a Kombi é comercializada em duas versões (furgão e standard) com motor 1.4 flex refrigerado a água.

 

 

Volkswagen Saveiro

 

 

Derivada do Gol, a picape leve Saveiro nasceu em 1982, mas nunca conseguiu derrotar a rival e líder Strada, derivada do Palio. Suas reestilizações acompanharam mais ou menos as gerações do Gol, como a de 1998, derivada do Gol “bolinha”, e a SuperSurf, derivada da Geração 4. A geração atual conta com as versões 1.6, Trooper e a aventureira Cross, atual topo de linha e com referências da família Fox.

 

 

Fiat Uno

 

 

Mais do que o Gol, o Uno é a prova de que, no Brasil, em se tratando de carro, beleza realmente não põe mesa. A “botinha ortopédica”, que estreou por aqui em 1984, tem se mantido desde então entre os mais vendidos, apesar do visual e do projeto praticamente inalterados. Estranho sim, mas econômico, com bom desempenho para um compacto e, sobretudo, barato.

 

O best-seller Uno Mille nasceu em 1990, e foi ao longo dessa década que o modelo se consolidou como carro mais barato do Brasil. O Uno chegou a perder o título recentemente para o Chery QQ, mas um reajuste de preço no modelo chinês restituiu-lhe o trunfo, pelo menos por agora.

 

Com o lançamento do Palio, em 1990, a Fiat esperava substituir o Uno, mas o sucesso de vendas garantiu a sobrevida do modelo que, em 2008, ganhou uma nova linha, a Economy, voltada para a economia de combustível. Mas o Brasil em breve perderá a sua “botinha ortopédica”, que será completamente substituída pelo Novo Uno, praticamente outro carro. Rebatizado apenas de Mille desde que a Fiat lançou o Novo Uno, o carro deve sair de linha em 2014, quando entra em vigor uma nova legislação de segurança que encareceria a adaptação das antigas versões.

 

 

Fiat Palio

 

 

Ao lado de seu rival Corsa e da clássica Kombi, o Fiat Palio é um dos modelos que menos mudou o visual desde o seu nascimento. Quase tão vendido quanto o Uno, mas numa faixa de preço um pouco mais elevada, o Palio nasceu em 1996 para rivalizar com outros modelos populares, porém confortáveis, como o próprio Corsa, o Gol e o Fiesta. A Fiat chegou a considerar substituir o Uno pelo Palio, porém a força das vendas do primeiro levaram os dois modelos a coexistirem.

 

Concebido especialmente para países emergentes, o projeto do Palio originou a mais bem-sucedida família de modelos da Fiat, repleta de nomes que, assim como ele, também não saem de linha desde anos 90 e se mantêm entre os mais vendidos do Brasil. Em 1997 nasceram a perua Palio Weekend e o sedã Siena. No ano seguinte, foi a vez da picape mais vendida do país, a Strada, primeira da categoria a ter freios ABS. Em sua quinta e mais recente geração, o Palio incorporou mudanças justamente no sentido de se alinhar aos demais modelos da família.

 

 

Fiat Fiorino

 

 

O furgão da Fiat não é tão bem-sucedido quanto a Kombi nem carrega tanta carga, mas também é um daqueles modelos que manteve exatamente a mesma cara desde que surgiu. Também pudera. O utilitário deriva do Uno e teve apenas uma versão ao longo de sua história, iniciada em 1988. Seu antecessor também se chamava Fiorino, porém derivava do 147, primeiro modelo da Fiat produzido no Brasil. O 147 Fiorino foi produzido em duas versões entre 1980 e 1988, quando deu lugar ao Furgão. A Fiat já lançou uma nova geração no exterior, completamente renovada, mas ainda sem previsão de lançamento no Brasil.

 

 

Chevrolet Classic (antigo Corsa Sedan)

 

 

Quando estreou no Brasil em 1994, o Corsa, então na versão hatch, vinha para fazer frente ao bem-sucedido Uno. O projeto da subsidiária alemã da GM, a Opel, já estava em sua segunda geração, e havia abandonado o visual quadrado da época para dar lugar a um design mais moderno e arredondado, que logo o transformou em sucesso de vendas por aqui. À Fiat não restou escolha senão lançar o Palio. Em 1995, foi a vez do lançamento do Corsa Sedan.

 

Foi apenas nos anos 2000 que o Corsa passou por reestilizações. O início da década foi marcado pelo recall de 1,3 milhão de Corsas e Tigras, o maior da história do país até hoje, mas também pela estreia do atualmente bem-sucedido Celta, nascido do projeto do Corsa. Atualmente, há duas “espécies” de Corsa no mercado. O Corsa propriamente dito, da linha Econoflex, existe nas versões hatch e sedã. Já o Corsa Sedan, rebatizado em 2004 como Classic, passou recentemente a exibir o visual do extinto Corsa chinês.

 

 

Chevrolet Astra

 

 

Outro modelo da Opel introduzido no Brasil, o Astra começou a ser fabricado por aqui em 1998, e desde então sofreu poucas mudanças. Antes dessa data, contudo, o modelo já havia sido importado da Bélgica, entre 1994 e 1996. A ideia, naquela época, era substituir o Kadett – a exemplo do que já havia ocorrido na Alemanha – para concorrer com carros médios como o Fiat Tipo, o Volkswagen Golf e o Ford Escort.

 

O maior “facelift” do modelo aconteceu na linha 2003, que recebeu a frente conhecida como “locomotiva”, design adotado somente no Brasil. Em 2004, o Astra tornou-se o primeiro carro médio com motor flex do mercado. Atualmente, o modelo é vendido nas versões hatch e sedã, com motor flex 2.0 que é o mesmo das famílias Vectra e Zafira.

 

 

Ford Fiesta

 

 

O Fiesta nasceu em 1973, quando a crise do petróleo apressou a Ford a criar um modelo compacto e econômico. Assim como o Chevrolet Astra, o modelo passou a ser importado em 1995, quando ainda tinha o visual anguloso, em razão dos incentivos tributários do governo brasileiro. O modelo passou a ser fabricado aqui apenas em 1996, já em sua quarta geração mundial, de linhas mais arredondadas.

 

O Fiesta deu origem ao Ka, nascido em 1997. Em 1999, com a maxidesvalorização do real, seu motor passou a ser projetado e produzido no Brasil. O Zetec Rocam, hoje 1.0 e 1.6 flex, equipa as versões hatch e sedã do Fiesta. Esses modelos coexistem com o Novo Fiesta, que é um carro completamente diferente e foi criado para competir no segmento de sedãs compactos premium, como o Honda City.

 

 

 

Toyota Corolla

 

 

O carro-chefe da Toyota no mundo é também um dos sedãs médios mais populares do Brasil. Sua primeira geração nasceu em 1966 e sofreu sucessivas mudanças na aparência até o início de sua importação nos anos 90, com uma cara mais próxima da que o modelo tem hoje. Embora a Toyota já tivesse fábrica no Brasil desde 1958, a opção pela importação foi a que representou menores custos, à época.

 

Em 1997, a Toyota brasileira acompanhou a renovação europeia e adotou faróis ovalados para a linha 1998. O Corolla “de óculos”, como ficou conhecido, não foi muito bem recebido. Mas, no ano seguinte, o modelo passou a ser produzido no Brasil, com os faróis retangulares da versão japonesa, em sua oitava geração.

 

Inicialmente, o Corolla concorria com modelos como Monza, Santana, Versailles e Tempra. Na virada para o ano 2000, porém, passou a disputar com nomes mais modernos, como Vectra, Marea e seu arquirrival Civic. Carente de uma renovação, o Corolla brasileiro adotou as modificações da nona geração em 2002, passando à frente do Civic como sedã médio mais vendido do país. A décima e mais recente geração do Corolla chegou em 2008. Atualmente, o carro é vendido em quatro versões, duas com motor 1.8 e duas com motor 2.0, todas flex.

 

 

 

Honda Civic

 

 

O sedã médio rival do Corolla nasceu no Japão em 1972, bastante compacto, nas versões hatch e sedã que apresentavam, na realidade, a mesma carroceria. O Honda Civic sofreu constantes reformulações ao longo dos anos, mas quando chegou ao Brasil, em 1992, já havia ganhado as formas arredondadas que exibe hoje. Inicialmente, o modelo era importado, passando a ser produzido no Brasil apenas em 1997, então na sua sexta geração.

 

O Civic chegou a ser líder de vendas na categoria sedãs médios, mas perdeu esse posto para o modelo da Toyota no início dos anos 2000. Hoje, o Civic está na oitava geração, mas a renovação já foi apresentada. O modelo reestilizado será vendido nas carrocerias sedã e cupê e vai incorporar tecnologia voltada para a economia de combustível. Estão previstas, inclusive, uma versão híbrida e outra a gás natural.

 

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