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Pó que vira osso será usado em implantes

Pesquisador da Unicamp de 27 anos, acaba de desenvolver um pó que vira osso. Hugo Cardoso é engenheiro mecânico e em parceria com o Instituto de Cerâmica e Vidro de Madri, na Espanha, obteve um pó com 100% de pureza, que atuaria como uma espécie de cimento ósseo natural e poderá ser utilizado em implantes.

A grande vantagem é que, com este grau de pureza, a substância é absorvida totalmente pelo corpo humano para a formação de uma nova estrutura óssea.

O material desenvolvido pelo pesquisador é o alfa-fosfato tricálcico (alfa-TCP), composto já existente até então, porém com nível de pureza baixo, o que diminuía seu desempenho como implante.

Segundo o pesquisador, devido à sua biocompatibilidade, quando implantado no corpo humano, o composto serve de “alimento” para o organismo produzir um novo osso. “É um composto ótimo, com características perfeitas para ser utilizado em um implante porque não é necessária uma segunda cirurgia para a retirada do material. Além disso, o material possui capacidade elevada para se adequar em qualquer cavidade, mesmo naquelas mais irregulares”, explica Cardoso.

O pesquisador ressalta que, por enquanto, o uso do biomaterial deverá ser destinado apenas para implantes ósseos de cabeça, face e pescoço. “A sua resistência mecânica ainda impede o uso integral em uma prótese de joelho, quadril ou cotovelo, por exemplo. Portanto, nestes tipos de próteses, ele deverá ser empregado como um material auxiliar, juntamente com uma liga metálica ou cerâmica”.

Cardoso explica ainda que o material já era conhecido a décadas, porém não se sabia como consegui-lo com a pureza necessária. “Os fosfatos de cálcio estão entre os substitutos ósseos mais utilizados ao redor do mundo. Porém, ainda não há um consenso sobre como conduzir a reação química”.

Antes de ser comercializado, pó passará por testes em animais

Acredita-se que o cimento ósseo desenvolvido pelo engenheiro precisa ser testado em animais de laboratório antes de ser inserido em humanos de forma segura.

Hugo Cardoso ressalta, que uma empresa precisa mostrar interesse na comercialização para que o produto seja inserido no mercado. “O que falta é isso, uma empresa que tenha a intenção em produzir”.

Segundo o pesquisador, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária tem averiguações e testes específicos para que aceitar o composto.

Ainda de acordo com o pesquisador, a segunda fase das pesquisas, que tem como objetivo conseguir produzir as próteses personalizadas, serão desenvolvidas por outros estudiosos.

MAIS

Teste de doutorado de Engenharia Mecânica

A síntese do alfa-TCP foi desenvolvida por Hugo Cardoso como parte de sua tese de doutorado defendida junto à FEM (Faculdade de Engenharia Mecânica) da Unicamp. Ele realizou parte dos experimentos no Instituto de Cerâmica e Vidro de Madri por meio de doutorado sanduíche entre as duas instituições.

Defesa da tese

A instituição espanhola – vinculada ao Conselho Superior de Investigação Científica, órgão governamental de fomento à pesquisa daquele país – está instalada no campus da Universidade Autônoma de Madri. Os trabalhos foram coordenados pela professora Cecília Amélia Zavaglia, da FEM e pelos pesquisadores Raúl Carrodeguas e Miguel Rodriguez, da instituição madrilena.>

Por: Agência Bom Dia

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