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Quanto dinheiro eu preciso para iniciar uma Startup?

Primeiro é necessário esclarecer a diferença entre capital inicial e capital social.

Capital inicial é o montante necessário para se constituir e iniciar as atividades de uma nova empresa enquanto esta não gera recursos suficientes para se sustentar. Em outras palavras, é a quantidade de recursos financeiros que o empreendimento precisará até que atinja uma situação em que ele consiga “andar com os próprios pés” sem depender de dinheiro adicional de fora da empresa.

Algumas pessoas usam aquela definição também para o capital social, dando a entender que são sinônimos. Eu prefiro a seguinte definição para o capital social: é o valor correspondente à contrapartida do titular, sócios ou acionistas de um empreendimento para o início do negócio. Em outras palavras, é a soma da quantidade de dinheiro que cada sócio aportará ao negócio.

Para alguns tipos de negócio há exigências legais de capital social mínimo. Se o seu negócio envolve participar de concorrências públicas e/ou privadas, por exemplo, nos respectivos editais há geralmente exigências de capital social mínimo.

De tudo isto, o que realmente interessa destacar é que capital social e capital inicial são conceitos relacionados, mas não necessariamente iguais.

Vamos nos concentrar então no capital inicial e qual o valor necessário para iniciar um negócio. Este valor precisa ser calculado e exige um exercício de projeção de receitas, custos e despesas.

Ou seja, em primeiro lugar, é necessário esclarecer que ninguém conseguirá garantir
que o capital inicial que você tenha calculado de fato será suficiente para financiar as atividades da empresa até o ponto em que ela gere um fluxo de caixa positivo.

Veja que destaquei o fluxo de caixa e não o lucro. O que de fato interessa para este cálculo é uma projeção mês a mês das entradas e saídas de recursos financeiros.

Você deve também considerar os investimentos iniciais, ou seja, em português claro, todo o dinheiro que será necessário gastar antes que entre um único real no caixa da empresa.

Escreva em um papel as premissas que usará para projetar as receitas. Em outras palavras: o que o leva a pensar que conseguirá vender (e receber de seus clientes) os volumes que está estimando mês a mês?

Também escreva num papel as premissas que usará para projetar custos e despesas. Ou seja, novamente, o que o leva a pensar que gastará o que está projetando gastar? Com base em que dados?

Liste todos os itens que gerarão receita e despesa (incluindo os itens de investimento como móveis, computadores, máquinas, alugueis que terão que ser pagos antes de começar a vender, etc.) e comece a calcular, com base nas premissas adotadas, qual é o valor projetado para cada item desta lista e para cada mês durante os primeiros anos de atividades da empresa.

Faça a soma mês a mês de receitas e despesas e calcule o saldo. O normal é que nos primeiros meses o saldo seja negativo, ou seja, que as despesas sejam maiores que as receitas.

Quando o saldo começar a ficar positivo, some todos os saldos negativos e terá então o valor de capital inicial estimado, ou seja, a quantidade de dinheiro que você terá que aportar no negócio até o momento em que o próprio negócio gere mais receitas do que despesas.

É altamente recomendável fazer estas projeções seguindo um critério otimista, um critério neutro e um critério pessimista. Desta forma você estará se obrigando a considerar que nem sempre as coisas acontecem como a gente espera.

Em caso de dúvidas ou insegurança para realizar estas projeções, não duvide em procurar pessoas que possam ajudá-lo. A alternativa não pode ser fazer este exercício sem a devida atenção e, depois de algum tempo, descobrir que não tem dinheiro suficiente para continuar com o negócio.

Aí já é tarde e o seu orçamento foi embora.

Cristian Welsh Miguens é professor do curso de negócios da Universidade Anhembi Morumbi.

As informações são do site Revista Exame 

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