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Reduzir preço do aço não é solução, diz associação


Apesar da situação difícil vivida pelo setor siderúrgico no Brasil, não existe previsão de queda nos preços do aço praticados pelas usinas nacionais, na avaliação do presidente do Instituto Nacional dos Distribuidores de Aço (Inda), Carlos Loureiro. Segundo o executivo, as usinas não mexeram nos preços, porque isso não seria suficiente para aumentar a demanda. “Vejo pouca elasticidade em relação a preço. Não vai ser baixando preço que se vai vender mais aço”, afirmou Loureiro, em entrevista coletiva.

Segundo ele, a última vez que o preço do aço caiu foi no ano passado, mas na ocasião o ajuste foi motivado pela maior concorrência das importações, o que não é o caso atualmente. “As usinas não vão abaixar preço, se não tiverem necessidade de conter a importação”, declarou.

Atualmente, o prêmio da importação da bobina a quente é de 10% a 12%, mas considerando o hedge necessário para o importador se proteger da oscilação do dólar, este prêmio cai para 4% a 6%, de acordo com Loureiro. “Um prêmio deste tipo só motiva a importação se o mercado consumidor estiver forte. O material leva cinco meses para chegar ao Brasil, e hoje ninguém sabe como estará o mercado em janeiro”, explicou.

O aumento da importação vista em julho (+14,5% ante julho de 2013) foi concentrado nos portos de Pecém (PE) e Manaus (AM), que compraram mais laminados a frio.

Loureiro afirmou que pode ocorrer um pequeno rali de preços do aço no mercado externo, o que também ajudará a impedir uma queda de preços no mercado doméstico. Segundo ele, a alta é esperada devido à crise vivida na Ucrânia e na Rússia, que são fortes exportadores de aço. “Com esta crise, a China consegue exportar mais e não precisa baixar preço. Aí pode ocorrer um pequeno rali de preço no mercado externo”, explicou.

Distribuição

Em julho, a participação das vendas dos associados do Inda no mercado interno atingiu 43%, ante 41% em junho. No entanto, o presidente da entidade destacou que esta não é uma boa notícia para o setor de distribuição, pois sua participação só aumenta quando a margem do setor está muito baixa.

“Significa que estamos perdendo dinheiro, não é uma boa notícia” afirmou. Ele explicou que os clientes compram mais da distribuição quando seus pedidos são menores e quando sabem que as usinas estão ociosas.

O estoque da distribuição atualmente equivale a 3 meses de consumo, mas o ideal é ficar em 2,5 meses, segundo o porta-voz do Inda.

Dilma

Loureiro afirmou que a entidade percebe uma “resistência grande” do empresariado em relação ao governo Dilma Rousseff. Ele destacou, no entanto, que o Inda não tem posição política.

Entre os pontos mais críticos para o setor de distribuição de aço e seus clientes, Loureiro citou a pressão sobre o preço do etanol provocada pela contenção dos preços da gasolina e o fato de o governo tentar segurar a inflação por meio do controle do câmbio em um nível “que não é real”, segundo o executivo. “São dois assuntos que afetam muito o nosso setor”, afirmou.

Segundo o executivo, qualquer candidato que trabalhe em prol da solução destes dois temas seria bem-vindo. “Se a Dilma mudar isso, tudo bem”, citou. Loureiro destacou que a morte de Eduardo Campos, candidato do PSB, foi considerada uma perda muito grande pelo Inda, pois era “uma pessoa nova, com outra visão”.

Segundo o porta-voz do Inda, as eleições presidenciais estão levando os empresários da indústria a segurarem seus pedidos, pois não há previsibilidade de mercado. “Está muito nublado. Ninguém coloca pedidos muito para frente porque não tem como prever se a situação vai melhorar”, afirmou.

De acordo com ele, até o momento, “nada indica” que ocorrerá uma melhora. A carteira de pedidos das usinas está fraca para setembro, de acordo com Loureiro. Além das incertezas, parte da fraca demanda se explica pelo fato de que os clientes estão fazendo pedidos com menos antecedência, pois sabem que as usinas estão ociosas.

Agência Estado

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