Ícone do site Indústria Hoje

Saiba o passo a passo para trabalhar como freelancer

Com a dificuldade para se conseguir um emprego fixo em meio à crise, cada vez mais profissionais têm buscado formas alternativas de trabalho. Gente que nunca tinha atuado como freelancer, por exemplo, está começando a experimentar a modalidade.

Na plataforma de trabalho Workana, que fechou 2016 com 430 mil profissionais cadastrados, cerca de 55% dos usuários começaram a atuar como autônomos há menos de dois anos.

Segundo Tomas O’Farrell, cofundador da empresa, o mercado está em expansão por diversos fatores, que vão do aumento da inflação e do desemprego a mudanças culturais na forma de enxergar a carreira.

“Muitos profissionais buscam novas fontes de renda, estando empregados ou não, ao mesmo tempo em que desejam mais autonomia e liberdade”, afirma ele.

O desejo por independência parte dos jovens, em particular, que viram pessoas de gerações anteriores serem demitidas por empresas a que se dedicaram a vida toda.

“A incerteza sobre o futuro faz com que a geração Y olhe para outras possibilidades além do emprego tradicional, que já não oferece a mesma estabilidade do passado”, diz Sebastián Siseles, diretor internacional do portal Freelancer.com.

Guia para novatos

Apesar do aumento no interesse pela modalidade, muita gente tropeça nas primeiras experiências como autônomo. Além de tomar todas as providências burocráticas para começar a vender um serviço, é preciso incorporar uma mentalidade totalmente nova: não há locais nem horários de trabalho pré-determinados, e a figura do chefe é substituída pela do cliente.

A informação é o melhor antídoto para não cometer erros de principiante. Confira a seguir o passo a passo para fazer um “freela” pela primeira vez:

1. Escolha uma especialidade

Ainda que você tenha uma vasta gama de habilidades, é preciso ceder à tentação de aceitar projetos de áreas muito diferentes. No começo, é importante se “especializar” em algum tipo de trabalho, recomenda O’Farrell.

A vantagem de buscar um nicho é se diferenciar da concorrência mais rapidamente. “Você precisa construir a sua reputação e, quando for mais conhecido, pode expandir sua atuação para outros tipos de projeto”, explica ele.

Escolha como foco o que que lhe dá mais prazer e que você faz com mais facilidade. Lembre-se: o bem mais precioso de um freelancer é sua reputação, então é preciso fazer excelentes entregas desde o início.

2. Defina um preço — mas cuidado para não pedir pouco

“Evite fazer uma oferta que pareça boa demais para ser verdade”, orienta Siseles. Estipular um preço competitivo é importante para conquistar os seus primeiros clientes, mas um pedir um investimento baixo demais pode implicitamente desvalorizar o seu trabalho.

Não tem ideia de quanto pode cobrar? Esta calculadora da Workana pode ajudar. Na conta, devem entrar fatores como a sua projeção mensal de remuneração e custos estruturais como aluguel, internet, material de trabalho e impostos.

3. Planeje suas finanças e cuide da burocracia

Se a sua ideia é trabalhar como freelancer em tempo integral, é importante ter um “colchão” financeiro antes de começar. De acordo com especialistas, a reserva ideal para começar corresponde a um ano de despesas pagas.

Outra dica é calcular seus ganhos por ano, e não por mês, e planejar seus gastos com plano de saúde e fundo de previdência, já que não haverá um empregador para garantir isso. Também é preciso pensar que você não terá mais férias remuneradas.

Outra providência básica é formalizar o seu serviço. A ferramenta “MEI vs Simples”, desenvolvida pela Workana, oferece um diagnóstico da sua situação fiscal e recomenda a melhor solução para se legalizar. Por desconhecimento, diz O’Farrell, muitos freelancers acabam tendo problemas por não declarar seus ganhos.

4. Procure seus primeiros clientes

Tudo pronto? Agora é hora de sair à caça de projetos. Uma das formas mais comuns de fazer isso é investir em networking e buscar recomendações de pares e amigos. Outra possibilidade é acessar plataformas especializadas, como Workana, Freelancer.com e vários outros portais que conectam autônomos e clientes.

A vantagem de alguns desses serviços é facilitar e garantir o pagamento do profissional: a empresa contratante já deposita previamente o valor do serviço na conta do intermediário, que repassará o dinheiro ao freelancer se tudo tiver transcorrido como esperado.

5. Estabeleça uma rotina

Ao deixar de ser assalariado, você também dá adeus a uma série de aspectos formais do seu dia a dia. Não há mais um escritório, nem horários pré-determinados, e é grande o risco de ter dias totalmente caóticos.

A dica de O’Farrell é estabelecer regras para o seu expediente, inclusive um horário rígido para começar e encerrar o trabalho. Escolher um local adequado, silencioso, organizado e com boa conexão à internet também ajuda a ter uma rotina estruturada e produtiva.

6. Busque companhia

Profissionais autônomos podem se sentir solitários às vezes. Como alternativa ao home office, tem crescido a adesão aos espaços de coworking, onde é possível trabalhar ao lado de outros freelancers.

“Trabalhar num espaço como um café ou um escritório compartilhado faz com que você se sinta mais integrado, porque você encontrará pessoas em situação similar à sua”, explica Siseles. Também é uma oportunidade de fazer networking e conhecer profissionais de outras áreas, com quem você até pode dividir projetos multidisciplinares no futuro.

7. Faça uma transição ordenada

Muita gente que procura um “freela” só deseja complementar sua renda e não pretende abandonar seu emprego fixo. Porém, se você decidiu abraçar integralmente essa modalidade de trabalho, a dica é fazer isso aos poucos, se for possível.

A situação ideal é aquela em que você continua empregado enquanto faz suas primeiras incursões no universo freelancer. Isso porque pode demorar até que os seus clientes comecem a se multiplicar. Se você fizer uma transição gradual, afirma Siseles, haverá mais tempo para estruturar a sua reputação no mercado de forma estratégica.

O artigo foi escrito por Cláudia Gasparini e publicado na Exame 

Sair da versão mobile