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Será que falta ousadia em sua vida profissional?

 

Fernando Scheller – Blog Estadão

 

Você está infeliz com sua vida profissional, vê amigos e colegas promvidos, mudando de emprego, desenvolvendo projetos interessantes e se pergunta: por que não eu? Será que não é tempo de você se perguntar se não está sendo ousado o suficiente? Se já tomou decisões arriscadas para atingir um novo patamar?

 

Pensei nisso depois de duas conversas com empresários na semana passada. Ambos passaram dos 80 anos e tiveram momentos de ousadia para se tornarem, com o tempo, fundadores e donos de empresas que faturam na casa dos bilhões ao ano. Em tempos de Natal e de revisão de objetivos, Raul Randon (81 anos) e Ueze Zahran (85) podem ter uma ou duas coisas a ensinar nesses últimos dias de 2010.

 

Randon começou trabalhando numa ferraria com o pai e depois montou uma oficina com o irmão. Mesmo em um ambiente econômico muito mais restrito que o atual, não teve medo de crescer: começou a fabricar freios para freios, depois carrocerias e hoje é presidente do Conselho de um grupo que vai faturar R$ 5 bilhões e inclui dez empresas de diversos setores. (Raul repassou a presidência executiva do grupo ao filho no ano passado)

 

Foi uma viagem à Itália que Randon percebeu o potencial do mercado de carrocerias no País. Em 1970, com 90 milhões de habitantes, o Brasil produzia somente 20% do número de carretas feitas na Itália, que à época tinha 54 milhões de habitantes. “Quando voltei, resolvei montar uma fábrica que produzisse mil unidades ao mês, algo que só concrteizamos 15 anos depois, com ajuda do BNDES”, lembra. No longo prazo, porém, a ousadia compensou: hoje, a fábrica produz 110 unidades ao dia, ou cerca de 3 mil mensais.

 

Já Ueze Zahran, da Copagaz, que fatura R$ 1,1 bilhão ao ano, conta que foi um acidente de avião em 1961 que motivou a atitude que faria seu negócio crescer 30 vezes em poucos anos: por falta de uma autorização emitida no Rio de Janeiro, ele não conseguia aumentar sua produção de gás, estagnada em 26 toneladas por mês.

 

Depois do acidente, conta Zahran, ele partiu para o Rio de Janeiro – “sem terno, em mangas de camisa”, lembra – e exigiu a aprovação que se arrastava por um ano e meio. Com o documento em mãos, em pouco tempo ele aumentou sua produção para 800 toneladas ao mês.

 

São histórias que mostram que é preciso ir atrás do que se quer. Se parece impossível fazer isso em grande escala, como a dos empresários, talvez seja viável fazê-lo de outra maneira, com um treinamento, uma ideia inovadora ou um gesto que melhore seu ambiente de trabalho. Acho que é uma boa pauta de reflexão no período pré-réveillon.

 

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