Ícone do site Indústria Hoje

Uso de internet a bordo está à beira de revolução

Uso da internet a bordo

Após anos considerando conexões via Wi-Fi durante o voo como apenas outra fonte de receita, a exemplo das tarifas de bagagem, as empresas aéreas e seus fornecedores estão voltando sua atenção para novos serviços e aplicações, desde o registro das preferências dos passageiros até a transmissão ao vivo de eventos esportivos a 8 mil metros do solo.

As empresas também poderão usar os mesmos links de satélite em banda larga para enviar novos tipos de dados meteorológicos e de segurança para as cabines dos aviões, ao mesmo tempo em que fornecem às equipes em terra dados mais detalhados de manutenção e dos motores.

O uso da internet por passageiros de aviões está aumentando surpreendentemente devagar, mas executivos do setor presentes na Feira Aeroespacial de Paris, que terminou ontem, mostraram um cenário futurista de aviões inteiramente conectados à rede, do nariz à cauda.

Nos últimos anos, os defensores da chamada “empresa aérea conectada” vinham dizendo que o setor estava à beira de uma revolução. Agora, por motivos técnicos e econômicos, especialistas dizem que essas previsões estão começando a ser confirmadas.

“Demorou um pouco para [o conceito] avançar”, diz David Bruner, diretor global de comunicação da Panasonic Avionics Corp., unidade americana do gigante japonês de eletrônicos Panasonic Corp.  , que é líder do setor no número de aviões equipados com Wi-Fi. “São necessários serviços mais abrangentes e completos para fazerem as coisas andarem para frente.”

“Isso passou do que é possível para o que é factível”, diz Kent Statler, diretor de sistemas comerciais da Rockwell Collins Inc., em entrevista ao The Wall Street Journal. O resultado é “uma experiência parecida com a de casa” para passageiros navegando na internet.

Assim como os carros e as casas estão ficando mais conectados através dos computadores, os links mais rápidos de banda larga via satélite estão estimulando empresas de software e hardware a inventar produtos com potencial para melhorar a satisfação do passageiro, cortar custos operacionais e de manutenção e economizar combustível.

Em dez anos, a Panasonic espera ter cerca de 14 mil aviões — ou quase cinco vezes o número atual — em suas redes Wi-Fi. Entre outras coisas, as conexões podem permitir que os comissários ofereçam serviços de bordo e refeições mais adequados ao gosto dos passageiros.

“Estamos investindo muito em confiabilidade, desempenho e consistência do sistema”, diz Dominique Giannoni, diretor-presidente da unidade Inflyt Experience, da Thales SA. Muitas empresas aéreas “afirmam que a conectividade é importante porque é outro ponto de conexão” com os passageiros, diz Giannoni. Executivos dessas empresas “perguntam se eles podem monetizar [a conectividade] através de anúncios e campanhas de marketing dedicadas”, diz.

Até agora, a baixa velocidade de transmissão de dados levou apenas 5% dos passageiros de aviões a usarem o Wi-Fi se tiverem que pagar pelo serviço, diz Ian Dawkins, diretor-presidente da Sita Onair, que fornece conectividade para cerca de 300 clientes ao redor do globo. Outras estimativas do setor sobre o uso de Wi-Fi em voos também são baixas.

Mas com a melhora da conectividade por satélite, os passageiros em breve poderão fazer streaming de vídeos ao vivo da mesma forma que fazem no solo, disse Dawkins em entrevista ao WSJ. As empresas aéreas poderão desenvolver aplicativos que se comunicam com apps de entretenimento, como serviços de streaming de música e vídeo, capacitando os sistemas de entretenimento dos voos a fazerem recomendações assim que os passageiros se sentarem, disse. “Realmente estamos na ponta do iceberg.”

Na feira de Paris, a unidade aeroespacial da Honeywell International Inc.  e a Inmarsat  PLC testaram a rede da operadora de satélites Global Xpress Aviation, fazendo streaming de vídeos ao vivo do YouTube e de rádios digitais em uma demonstração. A Global Xpress oferece velocidades de transmissão de 50 megabits por segundo, ante menos de 500 kilobits por segundo dos satélites antigos da Inmarsat.

A Inmarsat lançou dois satélites para sua rede mais recente, embora um terceiro que garantiria uma cobertura verdadeiramente global sofreu atraso de vários meses devido a problemas técnicos com o foguete russo programado para levá-lo ao espaço. Pelo menos um satélite do tipo constelação, que tem o objetivo de melhorar a navegação aérea e impulsionar a conectividade, também está atrasado.

A Honeywell também constrói radares colocados na ponta do avião para determinar as condições do tempo em um raio de quase 550 quilômetros. Mas se uma frota inteira de jatos for conectada via satélites, esses radares poderão criar um panorama meteorológico de milhares de quilômetros em tempo real, diz Carl Esposito, diretor de marketing e gerente de produto da Honeywell Aerospace. O resultado, concordam especialistas, seria viagens mais tranquilas e menos desvios de voos. Assim como no setor de produtos eletrônicos, “com mais largura de banda, mais coisas inovadoras acontecem”, diz.

As empresas aéreas podem também economizar ao prever melhor as necessidades de manutenção. Christopher O’Connor, gerente geral de internet das coisas da International Business Machines Corp.  , se dedica às milhões de peças provenientes de cerca de 3 mil fornecedores e instaladas nos modernos jatos da Airbus Group SE e Boeing Co.  O uso de sensores em muitas dessas peças para uma informação mais regular de desempenho pode cortar até 10% dos custos de manutenção, diz. Mas tal conectividade não custará pouco. Segundo O’Connor, adaptar sensores e hardware em uma companhia aérea regional custaria cerca de US$ 2 milhões.

Fonte: The Wall Street Journal

Sair da versão mobile