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Vale tem prejuízo de R$6,66 bi no 3º tri com impacto cambial

mineradora Vale registrou prejuízo líquido de 6,663 bilhões de reais no terceiro trimestre, apesar do recorde de produção de minério de ferro no período, principalmente devido ao efeito contábil da forte desvalorização do real ante o dólar em sua dívida e em meio aos baixos preços do minério de ferro.

O prejuízo é quase duas vezes maior que as perdas registradas no mesmo trimestre do ano passado, de 3,381 bilhões de reais, segundo relatório financeiro publicado pela maior produtora global de minério de ferro nesta quinta-feira.

Em dólares, o prejuízo da Vale no trimestre foi de 2,117 bilhões, em linha com pesquisa da Reuters com sete analistas, que projetou prejuízo médio de 2,28 bilhões de dólares.

O resultado financeiro líquido foi negativo em 7,18 bilhões de dólares no terceiro trimestre, frente a perdas de 3,37 bilhões de dólares no mesmo período de 2014. O principal impacto foi com perdas de variações monetárias e cambiais de 5,1 bilhões de dólares.

“Tivemos muita volatilidade no mercado de câmbio no Brasil com a desvalorização muito significativa do real brasileiro que fechou o trimestre a 3,97 com impacto sobre as contas de balanço da companhia de forma importante, justifica, dessa forma, o prejuízo que a companhia registrou no trimestre”, afirmou o diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da Vale, Luciano Siani, em vídeo publicado no site da companhia.

Grande parte da dívida da mineradora é em dólar, ressaltou o executivo em sua declaração. O real perdeu 28 por cento de valor em relação ao dólar durante o trimestre.

“Quando esses dólares são traduzidos em reais, o valor da dívida cresce muito”, disse Siani.

Além disso, os preços do minério de ferro são agora cerca de um quarto dos valores registrados em 2011. No terceiro trimestre, o minério teve preço médio de 46,5 dólares por tonelada, ante 50,6 dólares no trimestre anterior.

Em contrapartida, o diretor-executivo ressaltou pontos positivos no balanço, como o recorde trimestral de produção de minério de ferro e o avanço físico de 75 por cento das obras de seu principal projeto S11D, que entra em operação em 2016 e vai acrescentar 90 milhões de toneladas de minério de ferro de baixo custo para a produção anual da Vale.

Entre julho e setembro, a companhia produziu 88,225 milhões de toneladas de minério de ferro, melhor resultado trimestral de sua história.

O Ebitda ajustado, uma importante medida de geração de caixa da companhia, alcançou 6,816 bilhões de reais no terceiro trimestre, muito parecido com o resultado do trimestre anterior (6,817 bilhões) e do terceiro trimestre de 2014 (6,854 bilhões).

O desempenho semelhante foi atribuído “principalmente ao maior volume de vendas na maioria dos segmentos de negócios, que foi parcialmente compensado pelos menores preços de venda e maiores custos”, destacou a Vale.

Em dólares, contudo, o Ebitda ajustado foi de 1,875 bilhão, queda de 37,6 por cento ante um ano antes e de 15,3 por cento ante o segundo trimestre.

Na comparação com o período entre maio e junho, os menores preços dos produtores da Vale impactaram negativamente o Ebitda em 715 milhões de dólares, enquanto os menores custos e despesas adicionaram 481 milhões de dólares ao resultado e os maiores volumes de vendas acrescentaram 62 milhões.

Custos e preços

A Vale comemorou uma redução nos custos de produção do minério de ferro.

Uma tonelada de finos de minério de ferro colocada dentro do navio no porto, excetuando-se royalties, teve custo de 12,7 dólares no terceiro trimestre, uma redução ante dos 15,8 dólares do trimestre anterior. “É o menor custo da indústria em todo o mundo”, disse Siani.

A redução foi impulsionada pelas iniciativas de redução de custos em curso e pelo aumento da produção nas minas de N4WS e N5S, localizadas no complexo de Carajás, no Pará, e de alguns dos projetos de Itabiritos, em Minas Gerais.

Os custos unitários, somando as despesas, dos finos de minério de ferro entregues na China caíram para 34,2 dólares por tonelada no terceiro trimestre, ante 58,5 dólares um ano antes. Por outro lado, os preços médios realizados também despencaram no último ano.

O preço de referência de finos de minério de ferro (incluindo custo e frete) caiu para 56 dólares por tonelada no último trimestre, ante 84,80 dólares no terceiro trimestre de 2014.

Fonte: Revista Exame

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