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Vendas e produção de aço bruto no Brasil caem em abril

 

SÃO PAULO, 18 Mai (Reuters) – As vendas de aço no mercado interno do Brasil recuaram em abril em comparação com o mesmo período de 2011, junto com o volume de exportações do país, em um cenário que ainda não foi beneficiado pela desvalorização do real tão desejada pelo setor industrial do país.

 

Segundo dados do Instituto Aço Brasil, enquanto as vendas de aço no país recuaram 2,1 por cento em abril, para 1,8 milhão de toneladas, as exportações do metal recuaram 3,6 por cento sobre um ano antes, a 826 mil toneladas.

 

“O mercado internacional indica que não vai ter melhora significativa no curto prazo, o que provavelmente indica que não vamos ter a alternativa de escoar produção para fora”, disse à Reuters o presidente-executivo do IABr, Marco Polo de Mello Lopes, citando que o excedente de aço no mercado internacional está em 530 milhões de toneladas.

 

 

“O dólar na faixa de 2 reais, favorece a exportação, mas não se pode esquecer que matérias-primas são cotadas em dólar, o que significa que custo de produção também sobe”, lembrou Lopes, acrescentando que o “cenário segue preocupante, com a desindustrialização no país causada por alta das importações”.

 

Em abril, segundo o IABr, a importação de aço pelo Brasil saltou 21,4 por cento sobre o mesmo mês de 2011, para 317,1 mil toneladas, elevando o acumulado do ano em 16,5 por cento, para 1,3 milhão de toneladas.

 

Com o recuo nas vendas e exportações e alta nas importações, a produção brasileira de aço bruto caiu 1,2 por cento em abril sobre um ano antes, para 3 milhões de toneladas. No acumulado, há um incremento de ligeiros 1,7 por cento, para 11,75 milhões de toneladas.

 

Segundo Lopes, ainda é cedo para eventuais revisões nas projeções do IABr para o setor em 2012. A entidade previu no final de 2011 que as vendas de aço no país deverão crescer 8,4 por cento este ano, para 23,3 milhões de toneladas, enquanto a expectativa para a produção é de alta pouco acima de 6 por cento, para 37,5 milhões.

 

“A gente sente que há uma preocupação do governo com a desinsdustrialização (…) e ele vem trabalhando na redução de juros, o que incentiva a produção da indústria. A gente vai precisar um determinado tempo para avaliar o impacto”, disse Lopes, citando ainda a ação do governo para encerrar a chamada “guerra dos portos”, em que alguns Estados dão incentivos fiscais para importações, mas que só passará a ter efeito em 2013 .

 

Os números do IABr foram divulgados após o governo admitir esta semana que o país não atingirá sua meta de crescimento de 4,5 por cento em 2012 e em meio a estudos do governo de medidas para estimular a economia.  

 

Segundo o IABr, no acumulado dos quatro primeiros meses do ano, as vendas de aço no país subiram apenas 0,4 por cento, a 7,15 milhões de toneladas, enquanto as vendas externas do setor registraram recuo de 7,3 por cento, para 3,41 milhões de toneladas.

 

“Na parte de (aços laminados) longos a coisa ainda vai bem, porque tem fornecimento para a construção civil, cujo ritmo de obras vem se mantendo como um todo”, disse Lopes. “Agora quando se olha para laminados planos, que são consumidos pela indústria temos queda acentuada, o reforça o que temos falado sobre o processo de desinsdustrialização em curso”, disse Lopes.

 

Segundo o IABr, que dentro de cerca de um mês promove um grande encontro da indústria siderúrgica em São Paulo para discutir a situação do setor, a venda de laminados planos no Brasil em abril caiu 6,8 por cento, enquanto a de longos cresceu 4,2 por cento no mesmo período.

 

(Por Alberto Alerigi Jr)

 

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