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Você sabe criar valor como executivo?

Qual seria o papel do executivo numa empresa? Normalmente a resposta a esta pergunta fundamental retorna com frases feitas e coletadas em tantos livros sobre liderança e administração, com detalhes da função atribuída a um executivo numa empresa.

Mas, que tal considerar um ponto de vista diferente? Que tal comparar a performance do executivo com o potencial de influência e realização que este papel lhe oferece?

Vamos supor que o executivo é um profissional único na empresa, na divisão ou no departamento. O seu papel de líder nos negócios da empresa transcende o espaço interno da sua organização e deve produzir resultados positivos na interface com outros departamentos, outras empresas, comunidades em torno da empresa, sociedade em geral, o seu país, etc.

Estamos considerando que o papel destacado de um executivo  seja tomado de forma mais ampla possível, como um criador de valor e gerador de benefícios para a sociedade.

A proposta é ver o seu papel e o seu interesse com alguma ambição, além do seu bolso e da prestação de contas ao seu chefe ou aos seus acionistas. Pois, dedicar-se a apenas ter uma ganho pessoal maior não é na realidade tão importante para a sociedade, comparado com o potencial oferecido.

Como criar valor como executivo na sua empresa?

Criar valor é a questão que podemos explorar. A visão sistêmica pode ajudar a entender melhor a questão que proponho.

Digamos que num exemplo, o executivo tem o papel de promover negócios com outras empresas. Suponha algo como uma cadeia de distribuição de produtos, desde a fábrica. Ao promover o crescimento dos negócios, estendendo a distribuição a novas áreas, o executivo produz um resultado que beneficia todos os envolvidos na cadeia.

Num processo muito comum no mercado, o executivo poderia focalizar a penas em maximizar os ganhos da sua unidade na cadeia de valor. A forma mais rápida poderia ser uma maior agressividade da negociação com o parceiro imediatamente anterior ou posterior na cadeia de distribuição. Uma negociação pontual, onde o ganho adicional de uma das partes significa perda da outra parte.

Já viram algo assim, ou participaram de ações deste tipo? Possivelmente sim.

Também poderia ser uma agressividade em crescer a sua participação no mercado, tomando de uma outra empresa uma parcela maior do mercado. Claro, há espaço para uma apologia à competência e à agressividade.

Em ambos casos, o que caracteriza a situação é a “Soma Zero”. Transferir valor de uma etapa à outra, ou de um competidor no mercado para outro não cria valor para o sistema como um todo. A competência e a habilidade são empregadas para um benefício menor um lado em detrimento da outra parte.

No passado do Brasil, alguns setores de negócios foram fortemente caracterizados por este tipo de transferência, que até recebeu o termo “transferência de capital” entre os setores ou estágios de distribuição. Principalmente nas crises, quando a parte com maior poder de barganha subjugava a etapa anterior ou posterior do processo, ou ambas em alguns casos. Por isso a vida de um fornecedor da indústria ou de um distribuidor de produtos é muito mais difícil nos momentos de crises.

Executivos que se dedicam a exercitar a sua atividade através deste tipo de poder de barganha, não criam verdadeiro valor e deixam de realizar o potencial que é oferecido, deixando um legado muito menor do que poderia, se tivesse melhor consciência.

O mundo dos negócios é assim mesmo! Claro que sim. Mas talvez esteja aí a diferença entre os comuns e os grandes, os verdadeiros líderes.

Aquele que visualizar a criação de valor como propósito, pensará numa dimensão superior ao promover o crescimento do mercado ao invés de disputar espaço, ou considerará melhorar a competitividade de todo seu setor vis-a-vis o mercado externo, ou buscará organizar as relações da sua indústria para promover um desenvolvimento a longo prazo preservando os interesses de todas partes envolvidas.

Entenderá que numa relação de longo prazo, as negociações são do tipo “ganha-ganha” ou do tipo “perde-perde”. Pois um projeto de longo prazo deve atender as necessidades sistêmicas para se perpetuar. A visão de curto prazo poderá estar gerando um uma grande perda no longo prazo que escapa à percepção de alguns, até ser demasiado tarde.

É a mesma situação na política, onde a diferença entre um político e um estadista está na dimensão do propósito. É claro que um político provinciano pode dedicar-se a beneficiar sua pequena base eleitoral durante toda sua vida. Será reconhecido e admirado na sua vizinhança. Mas terá criado um valor pequeno na dimensão e no tempo.

Talvez seja também esta característica que diferencia os empreendedores, independentes ou corporativos, que criam verdadeiro valor, dos que simplesmente “administram” o valor criados por outros.

O que é mesmo responsabilidade social? Não vale a pena pensar um pouco sobre o seu valor nesse processo?

YK.

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