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Empresas só terão jovens no futuro?

As discussões não param e parece não haver um ponto de consenso para a questão das gerações nas empresas. Reportagens na TV comentam que o mundo é dos jovens e a substituição é inexorável, cabendo aos velhos sempre um papel secundário nas organizações. Será que as empresas só terão jovens no futuro?

Enquanto outros defendem o valor dos mais antigos, ressaltam a importância da experiência e nos fazem crer que sem estes, as empresas cometeriam erros que poderiam destruí-las num piscar de olhos, porque perderiam o conhecimento tácito. Revistas de negócios e de carreiras, juntas com especialistas, emitem suas opiniões que às vezes fazem-nas parecer que buscam simplesmente o ponto de vista que satisfaz o seu público-alvo.

Comenta-se também de empresas e de setores de atividades em que a juventude é predominante e às vezes absoluta, fazendo supor que o destino de todas empresas seria algo semelhante.

Mas será que as empresas terão apenas jovens no futuro?

Mas na realidade, é assim mesmo? Existem mesmo empresas onde só os jovens tem valor? Empresas onde os mais velhos simplesmente não tem qualquer possibilidade de acesso ou permanência? E existem empresas onde a experiência tem um grande valor e o crescimento profissional dos jovens é dificultado?

O que você acha? Ou melhor, o que você tem observado e vivido? Será que em todos setores e todas empresas, só teremos oportunidade para os jovens num futuro muito próximo?

Nos setores mais recentes, com conhecimentos em formação e tecnologias modernas, o ambiente de trabalho é mesmo muito jovem e quase não há pessoas mais velhas. É um ambiente propício para os jovens e o trabalho é estimulante. A contradição é que isso nem é tão novo ou recente assim. Sempre houve setores em que o predomínio dos jovens era grande.

Mas há fatos que devem ser observados. Se só jovens trabalham na empresa, para onde vão aqueles que se tornam experientes? Existem empresas e setores muito interessantes onde pouquíssimas pessoas sobrevivem por longo prazo. Principalmente, o desenvolvimento de carreira parece ter um teto muito baixo para a grande maioria e o turnover é muito elevado.

São empresas em setores de alta oferta de mão-de-obra, às vezes muito bem qualificadas e outras vezes muito pouco qualificadas. Por exemplo, o atrativo setor de prestação de serviços de comunicação, publicidade e marketing tem, em geral, esta característica de muita oferta de jovens bem preparados. As empresas podem dar-se ao luxo de manter uma remuneração baixa e poucas perspectivas de carreira?

Outro exemplo pode ser o setor de varejo, onde acontece o inverso. A mão-de-obra é, em geral, pouco qualificada mas com grande oferta, embora o setor não seja tão atrativo. O elevado turnover não preocupa as empresas e o desenvolvimento de carreira privilegia muito poucos. Haverá sempre tantos jovens sem grande formação para iniciarem suas carreiras desta forma?

Já, em setores mais tradicionais e maduros, onde produtos e tecnologias não mais exercem um diferencial tão elevado, o fator humano é um dos poucos elementos de diferenciação. A experiência, o conhecimento do negócio, todo conhecimento tácito e o relacionamento com o mercado podem ser a diferença para a empresa. Certamente vale a afirmação de que o fator humano é o único recurso que pode produzir um resultado melhor do que o plano.

Nestes setores, há um incentivo maior para a continuidade e para a especialização. O desenvolvimento de carreira é estimulado para criar o conhecimento tácito que produz o diferencial no mercado. Estas empresas necessitam tantos de profissionais experientes quanto de de jovens inovadores.

Vale a pena conhecer melhor o que cada setor ou empresa oferece dentro do seu modelo de negócio, antes de se desesperar ou de se empolgar demasiadamente com os comentários e notícias do mercado.

YK.

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