São Paulo – Fico emocionado quando um ex-aluno (e tenho o orgulho de ter muitos) me escreve ou me procura para contar que foi promovido. Sempre aproveito esse momento para, além de dar os parabéns e incentivar a celebração com a família (coisa que vejo muitas vezes as pessoas esquecer), mostrar que a alegria e o orgulho não podem e não devem anestesiar a racionalidade.
Tenho pregado — e a palavra pode soar meio messiânica, mas é com essa força que tenho falado — que imediatamente após a notícia da promoção o profissional deve marcar uma reunião com seu chefe e fazer dez perguntas que poderão ser, ao final, a garantia de sucesso na nova posição.
As perguntas são: 1) Por que você me escolheu?; 2) Quais os principais desafios dessa posição?; 3) Quais as ações imediatas que você espera que eu tome e qual é o cronograma?; 4) Que mudanças você quer que eu faça?; 5) Como você vê a equipe que vou liderar?; 6) Quais os pontos mais importantes que você vai considerar na minha avaliação no fim do ano?; 7) Quanto tempo tenho para apresentar um plano de ação?; 8) Vamos falar sobre minhas expectativas e sobre meu plano de vida?; 9) O que vai mudar na minha remuneração?; 10) Qual o principal conselho que você pode me dar?
Desde que Luiz Edmundo Prestes Rosa e eu criamos esse decálogo que consta do nosso livro O Que Eu Faria se Fosse Gestor de Pessoas (Editora Campus Elsevier, 2009), temos discutido com vários grupos de jovens executivos essas questões. A grande constatação é que quase nunca elas são formuladas pelos recém-promovidos.
Pior: existem tabus e preconceitos que muitas vezes evitam que sequer as perguntas sejam pensadas. A questão oito, em que o executivo aproveita o momento da promoção para falar de sua vida pessoal, um casamento, férias já planejadas, um curso prometido, então, provoca arrepios em nossos jovens executivos.
Ninguém quer perguntar sobre remuneração e fica amargando a pergunta entalada na garganta por semanas. E conselho, então? Existe um enorme preconceito de que não se deve pedir conselho, para não demonstrar fraqueza. Não faz sentido.
Pedir um conselho pode evitar algum erro básico que depreciaria o trabalho do novo líder! Vou dar o meu conselho: leia bem as perguntas, encontre seu jeito de formulá-las, mas não perca a oportunidade. É como na cerimônia de casamento: fale agora ou cale-se para sempre. Pode ser sua última chance de abrir a boca. Falou?
Luiz Carlos Cabrera, da Você S/A