“Vai deixar correr assim mesmo? Não está na hora de jogar uma luz mais crítica sobre esta questão da geração ‘Y’, principalmente para o bem deles?” Foi a pergunta feita por uma amiga, brilhante profissional de RH sobre o comportamento que os chefes, pais e professores estão tendo com os jovens nos dias de hoje.
O cenário é composto por alguns questionamentos básicos, principalmente no ambiente de trabalho:
– É aceitável o nível de perplexidade que os chefes demonstram no ambiente de trabalho em relação à geração “Y”?
– É saudável para para os jovens profissionais que sigam exercitando as suas vontades sem serem alertados dos eventuais riscos?
– É admissível que inúmeros autores sigam apenas retratando as características desta geração e propondo uma contemplação tácita do fenômeno?
– É possível que os pais e professores renunciem das suas autoridades, amedrontados diante da informação dos jovens?
– É natural que os jovens não consigam interlocutores válidos e interessados no seu desenvolvimento, como parece?
– É o Laissez-Faire a única atitude à disposição destes adultos?
Ideias revolucionárias e atitudes inovadoras sempre foram características das novas gerações. O reconhecimento da importância das ideias e das posturas vieram com o tempo. No caso da geração “Y”, o reconhecimento da força da sua atitude tem sido feita no seu próprio tempo.
É claro que seria absolutamente injusto não estratificar as diferentes condições sociais, que resultam em distintas condições de vida e problemas inerentes a cada uma delas. Alguns vivem o conforto da estabilidade econômica recente, com as melhores condições já desfrutadas pelos jovens da classe média na história; enquanto outros não identificam qualquer ganho significativo em relação à vida de seus pais.
Mas o que significaria rever a situação e jogar uma luz mais crítica sobre o problema? Afinal, há um problema?
Parece-me que há um problema e parece-me que a responsabilidade pela solução deve compartilhada entre o próprio grupo dos jovens e o grupo dos “adultos” (Pais, Professores e Chefes).
O fato é que não faz bem aos jovens continuarem desfrutando as falhas do grupo de “adultos” e seguirem sendo beneficiados pela falta de esforços deles em oferecer um feedback honesto e criar desafios interessantes.
Os jovens de hoje em dia são mais e melhores informados do que seus pais, chefes e professores. Possuem recursos técnicos e informativos indisponíveis para as gerações anteriores e possuem tempo para a sua utilização intensa, obtendo informações mais rapidamente que o grupo dos “adultos”. Com isso, os “adultos” ficam intimidados e quase sempre jogam na defensiva.
Geralmente as publicações explicam o que é e como é a geração “Y”, mas na falta de uma clara solução para os leitores, parecem sugerir apenas uma aceitação tácita, passiva e contemplativa, em completo Laissez-Faire.
No âmbito profissional, a frequente troca de empregos e a falta de resiliência diante das menores dificuldades ou contrariedades poderá ter um sério custo para os jovens profissionais, que podem estar “queimando” o seu currículo.
Nem sempre os mais velhos percebem que os jovens sentem a necessidade de orientação por parte de interlocutores válidos e interessados no seu crescimento e na sua carreira, como em qualquer época e qualquer geração. A falta de “feedback” é generalizada: nas escolas, nas famílias, nas empresas e na sociedade, tanto para a geração “Y” quanto para as mais recentes.
Este “feedback” seria o reconhecimento da existência, valorização da presença e elaboração de desafios sérios que propiciem oportunidades de verdadeiras conquistas pessoais e profissionais para os jovens. A verdade é que muitas vezes foram acostumados a “ter”, sem a oportunidade de “conquistar”.
Os valores éticos e morais, princípios, educação e postura adequada na sociedade e no trabalho seguem sendo importantes. Estas referências não podem ser substituídas por citações de celebridades, atitudes copiadas dos hipsters ou arrogância tecnológica.
Não há dúvidas de que os jovens representam o grupo de consumidores mais valorizados pelo mercado e seus costumes são influenciados por muitos interesses, nem sempre orientadores.
Neste momento tenho a impressão de que as mulheres, em especial as mães, taxadas de “antigas” pelos seus filhos, tomam a iniciativa de prover um feedback mais crítico aos jovens. Sem generalizar, parece-me que há mais postura educativa por parte das mães do que dos pais, chefes e professores.
Também é importante que o grupo dos adultos mais antigos tenha a capacidade de formular desafios interessantes e uma visão de futuro para as novas gerações.
Definitivamente, Laissez-Faire é a pior maneira de tratar os jovens, sonegando-lhes a oportunidade de crescimento e desenvolvimento. Mas também cabe aos jovens uma postura mais realista e profissional para aproveitar as oportunidades. Definitivamente ingressaram numa zona onde “ter” sem “conquistar” raramente ocorre…
Grato, YK.