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Perdeu mais um talento da sua equipe?

O mercado de talentos anda aquecido no seu setor? Em muitos já se fala de “apagão de talentos” ou “apagão de mão-de-obra”, e o turnover anda muito elevado. Em geral, as empresas estão vivenciando uma perda inédita de talentos.

Some-se ao crescimento do mercado, os novos investimentos e percebemos claramente o quanto as empresas deixaram de investir na formação de novos profissionais. Literalmente não há “banco de reservas”, e as empresas estão vivendo uma situação que pode ser definida como “da mão para a boca”, como se dizia no passado.

Esta situação de “vender o jantar para comprar o almoço” ameaça também as empresas que investiram e formaram seus próprios talentos. A política normal de praticar um nível salarial acima da média do mercado, como forma de reter os talentos já não funciona, pois o assédio masi forte vem através de mudanças com promoções.

>Parece um inferno para os gestores funcionais e para a área de Recursos Humanos? Sem dúvida, literalmente, enquanto numa sala se revisam os salários, na outra o funcionário com bom potencial está pedindo as contas, criando um cenário de constante preocupação.

Mas a situação é mesmo ruim sob todos aspectos? Creio que não. As oportunidades estão premiando os profissionais que investiram no seu desenvolvimento em épocas de poucas oportunidades e que agora recebem a devida valorização. Aqueles que investiram corretamente estão colhendo os frutos de seus esforços.

Como empresa, lamentei a perda de mais um profissional que é um exemplo raro de desenvolvimento de carreira na empresa. O tal funcionário veio das bases do chão de fábrica, adquiriu o conhecimento técnico na empresa e com muitos sacrifícios concluiu um curso de Engenharia enquanto trabalhava para sustentar a sua família. A empresa havia apoiado o profissional na sua formação, que conjugava um grande conhecimento prático, excepcional habilidade de operar os equipamentos e uma boa comunicação técnica com os clientes.

Há muitos casos assim no mercado? De fato, não. Ainda há uma significativa dificuldade nas empresas para que um operário ascenda à “nobreza” do corpo de engenheiros da empresa, por exemplo. Reflita sobre o seu ambiente de trabalho e veja se há muitos casos assim. Depois, reflita sobre os casos de funcionários da área fabril que mesmo tendo concluído um curso superior, não conseguem uma oportunidade que corresponda à sua formação. Discriminação? Miopia corporativa? Este pode ser o momento para correções destas situações.

Voltando ao caso deste profissional que perdemos, há que se lamentar a sua perda por uma lado. Mas há que se regozijar com o seu sucesso! Se acreditamos que a nossa responsabilidade como chefes, é propiciar a cada funcionário uma oportunidade que corresponda ao pleno desenvolvimento do seu potencial, este é um caso de sucesso fantástico!

Em 22 anos de trabalho sério e dedicado, um profissional que começou no chão de fábrica, desenvolveu-se a ponto de ser contratado para uma posição gerencial numa empresa de maior porte!

Se nos entristecemos com a perda de um profissional com tal valor, alegramo-nos com o sentimento de missão cumprida ao ver uma realização que serve de exemplo e inspiração para muitos. Pode ser que tenha sido a sensação de “brincar de Deus”, ao mudar significativamente a vida de um profissional e de sua família. Pode ser que tenha sido a comprovação de que a educação no Brasil é ainda um meio eficiente de ascensão profissional e econômica.

A reflexão de um caso como este deve avaliar o retorno de um investimento a longo prazo em educação e desenvolvimento profissional. Se o nosso colega fosse imediatista e tivesse buscado mudanças de empregos por pequenos ganhos pontuais e literalmente tivesse recomeçado a sua carreira algumas vezes em diferentes empresas, teria ele concluído o seu projeto de formação em engenharia? Teria ele, a cada etapa, conquistado a credibilidade para contar com o apoio das empresas?

Difícil apontar um modelo que seja válido para todos, mas certamente é um raro exemplo acabado de sucesso em desenvolvimento de uma carreira. A trajetória segue e o seu novo desafio é desvendar alguns segredos da próxima etapa como gestor. Mas para quem já venceu estas etapas anteriores, só o avanço corresponde aos sonhos sonhados com os olhos bem abertos e voltados para o futuro!

Se considerarmos a forte ansiedade dos mais jovens hoje, uma evolução como esta poderia ocorrer sem um investimento de longo prazo em conjunto com a empresa?

Grato, YK.

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