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Vale a pena voltar para o antigo emprego?

Você trocou de empresa, mas depois que saiu está pensando em voltar para o antigo emprego? É uma situação bastante comum e muitas vezes o interesse é da empresa, que se lembra do bom serviço que você realizou e das boas relações que deixou.

Não há nada de errado em ter uma nova experiência numa outra empresa e depois querer voltar para a empresa. “O bom filho à casa torna…”, diziam antigamente e continua valendo, principalmente com o mercado aquecido dos últimos anos no Brasil. Se o processo for realizado com alguns cuidados, muitas vezes é a sua grande oportunidade de crescimento na carreira.

Antigamente muitas empresas praticavam uma regra que hoje, se ainda é mantida, deve ser um sério problema para as próprias empresas. Lembro-me de que mesmo onde esta regra não era escrita, o pessoal do RH fazia valer e utilizavam nas entrevistas de saída. Um vez ouvi o entrevistador perguntar-me com todas as letras: “- Você tem consciência de que se sair desta empresa, nunca mais poderá voltar?”. Saí assim mesmo, ciente de que teria que dar um duro para nunca ter que pedir para voltar.

Hoje, quando um bom colaborador resolve sair da empresa, sempre comento que as portas continuam abertas e se decidir sair da nova empresa, que nos telefone antes de tentar outro lugar. Pode ser que não exista naquele momento uma oportunidade adequada, mas se existir, certamente terá uma boa chance.

Penso desta forma pela minha própria experiência. Numa das mudanças de emprego, o meu chefe aceitou a mudança, sem disputa, mas impôs uma condição. Caso não gostasse da nova empresa, voltaria à empresa anterior. O fato é que no dia em que completava um ano na empresa, ligou-me para checar se não queria voltar. Percebí que não havia sido apenas uma gentileza e reafirmei o compromisso.

Cuidados ao voltar para o antigo emprego

Em primeiro lugar, depende do que você fez na empresa, que imagem deixou com os colegas, com o chefe, com o pessoal de RH, etc. Isto não tem nada a ver com pedir demissão ou ser demitido. Desde que não tenha sido por alguma falta grave, as questões circunstanciais são normalmente problemas da empresa. Mas reflete a atitude e a contribuição dada na empresa. Um dos fatores mais importantes é a relação com os colegas. Ninguém recontrata alguém que causará insatisfação no grupo.

Outro aspecto importante é o exercício efetivo de manter as portas abertas. Significa manter comunicação com as pessoas, procurar manter contato social com as pessoas que eram mais próximas, não criticar ou falar mal dos ex-chefes, não criticar a empresa. Enfim, assumir que a ex-empresa também é parte do mercado de trabalho, ou de negócios que te interessa, em caso de você empreender.

Alguns aspectos da sua saída também poder ter um efeito duradouro indesejável, se não for cuidado. A saída da empresa não é o momento para praticar “a vingança do pipoqueiro” e criticar as pessoas ou a empresa.Se havia algo a ser dito, deveria ter sido dito enquanto você estava na empresa, como contribuição para melhorá-la. Acerto de contas nestas horas podem gerar algumas frustrações, que devem ser controladas e o foco deve ser mantido no objetivo maior.

Mas o mais importante é manter uma comunicação positiva para informar sobre a sua evolução, com novas experiências, aquisição de novas habilidades e competências, além daquelas que você já possuía. Você quer voltar numa posição melhor do que estava quando saiu? Este fator é que determinará se será possível. Neste aspecto é importante manter comunicação, mesmo esporádica, com as pessoas que podem decidir ou influenciar numa decisão.

Que tipo de conhecimentos ou experiências contam nestas horas? Uma delas pode ser a experiência que estende o seu conhecimento no setor ou na cadeia de negócios. Por exemplo, adicionar a experiência de vivenciar o lado do cliente, do fornecedor, do produtor, do distribuidor ou do regulador costuma ser muito valorizado na indústria.

Ampliar o seu conhecimento ou sua experiência dentro do setor de atividades, incorporando novos conhecimentos e atividades abrem novas frentes e podem posicioná-lo para uma posição superior. Contato com novas tecnologias ou o aprofundamento do seu conhecimento na tecnologia do setor também são valorizados.

Muitas vezes estas mudanças propiciam a experiência de gestão de pessoas que você não possuía ainda e qualificam-no para uma posição gerencial no seu retorno. Neste exercício, muitas vezes contam a prática do uso de ferramentas de gestão como experiência significativa.

Mas não se esqueça que quem sai, deixa uma preocupação de “gato escaldado” em algumas pessoas. Se a sua motivação de saída não foi corretamente explicada ou se a forma como se deu a saída criou um inconveniente sério, lembre-se de que no retorno será cobrado um compromisso mais forte, ao qual você precisará estar preparado

O seu profissionalismo depois da saída também precisa ser cuidado para não afetar negativamente a possibilidade do seu retorno.  Se houver quebra de confiança, divulgação de informações da empresa a terceiros e concorrentes e o uso das informações confidenciais nas negociações com a ex-empresa fora dos parâmetros de ética profissional, certamente as portas serão cerradas fortemente.

Pelo contrário, se você mantiver uma boa relação, propiciar informações públicas confiáveis, colaborar com os negócios da ex-empresa fazendo recomendações e indicações, o seu valor crescerá.

Já indicar ex-colegas para outras empresas cria problemas e definitivamente não é uma boa ideia se quiser manter as portas abertas.

YK.

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