No Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado neste domingo (5), confira uma seleção de iniciativas sustentáveis que ajudam a minimizar nosso impacto sobre o planeta e prometem ditar o amanhã
Vanessa Barbosa, de Exame
Energia solar 24h por dia
São Paulo – Apesar das claras vantagens ecológicas, projetos de energia solar têm um calcanhar de Aquiles: eles dependem da existência de luz natural para produzir eletricidade. Mas um recém inaugurado sistema de geração em Sevilha, na Espanha, mandou para escanteio essa fraqueza.
Trata-se da Gemasolar, a primeira usina de energia solar concentrada (ESC) em escala comercial do mundo, que gera energia durante a noite ou em dias nublados. A produção de eletricidade sem a presença de luz solar resulta de uma inovadora tecnologia que usa sal fundido para estocar calor e operar 24h.
Com capacidade instalada de 19,9 megawatts, a central já fornece energia para 25 mil lares na região de Andaluzia. Por sua característica renovável, espera-se que a usina evite a emissão de 30 mil toneladas de emissão de CO2e por ano.
Calor que vem do lixo aquece uma cidade inteira
São Paulo – Imagine um lugar capaz de dar vida nova a todo o lixo que produz e em um passe de mágica fazê-lo desaparecer. Em Copenhagen, o que parece coisa da imaginação já se tornou realidade. A energia que aquece 97% da capital da dinamarquesa vem da transformação dos resíduos gerados por seus 1,2 milhão de habitantes.
O sistema utiliza o calor residual das usinas de incineração de lixo e das usinas de produção combinada de calor e energia, as chamadas CHPs. Dessa forma, a cidade economiza energia e reduz consideravelmente as emissões de CO2 e de poluentes.
Além do benefício ambiental, a população economiza na conta de luz, já que os custos anuais por residência da energia térmica municipal correspondem à metade do preço pago pelo uso de energia de origem fóssil.
Telhados ecológicos, mil e uma utilidades
São Paulo – Eles absorvem água da chuva, agem como isolantes térmicos, reduzem o consumo de energia e, de quebra, embelezam a cidade. Cada vez mais, os ecotelhados ou telhados verdes ganham adeptos pelo mundo. Mas, longe do que se imagina, eles não são frutos dos tempos atuais.
O mais antigo e, talvez, famoso exemplo das coberturas ecológicas são os Jardins Suspensos da Babilônia. Agora, diante das preocupações ambientais, eles ganharam força. Hoje em dia, muitos telhados verdes são instalados para atender à legislações locais relacionadas ao gerenciamento de águas pluviais, devido à impermeabilização dos solos urbanos.
Países como Alemanha e Suíça já exigem que parte dos edifícios novos tenham coberturas vegetais. Nos Estados Unidos, a prática de jardinagem dá vez ao cultivo agrícola no topo dos prédios. De Manhattan ao Brooklyn, as hortas verticais se multiplicam, produzindo vegetais, frutas e hortaliças.
Prédios produzem mais energia do que consomem
São Paulo – Construções sustentáveis capazes de produzir mais energia do que consomem a partir de fontes renováveis estão se tornando realidade pelo mundo. Os melhores exemplos são encontrados em cidades com o sistema feed-in tariff, uma política de estímulo ao uso de energia renovável que permite a venda de excedentes à rede de distribuição.
Famoso pela prática, o vilarejo de Sonnenschiff, na Alemanha, é capaz de produzir quatro vezes mais energia do que consome. A auto-suficiência é atingida através do seu projeto de energia solar, que utiliza painéis fotovoltaicos posicionados estrategicamente para aproveitar ao máximo a incidência dos raios de sol. Ancorado em Freiburg, uma das regiões mais ensolaradas do país, o bairro é formado por cinquenta e duas casas, entre residenciais e comerciais.
Táxis verdes ganham as ruas
São Paulo – Os táxis desempenham um papel fundamental no transporte público das cidades. Mas como qualquer veículo comum, movido a combustível fóssil, contribui para a poluição do ar e para emissão de gases efeito estufa. Cientes deste efeito negativo, um número cada vez maior de cidades tem incluído as frotas de táxis em seus programas de combate ao aquecimento global.
Para melhorar a qualidade de vida e reduzir emissões, São Francisco, na Califórnia lançou em 2007 um programa de incentivo para que as companhias de táxis adquirissem carros com tecnologia limpa. Atualmente, 78% da frota da cidade (de 1,5 mil carros) é composta por táxis híbridos ou movidos a células combustíveis a gás natural comprimido (GNC).
Entusiasta desta tendência, Londres, que já usa veículos elétricos em táxis comuns, vai substituir toda a frota de seus icônicos Black cabs por modelos iguais por fora, mas movidos a células de combustível a hidrogênio.
Cidades carbono zero começam a sair do papel
São Paulo – A primeira cidade neutra em emissão de carbono está virando realidade no deserto árabe de Abu Dhabi. Em fase de construção, Masdar City (foto) quer se tornar um exemplo mundial de comunidade sustentável autossuficiente em energia – a qual será garantida quase na totalidade por sistema solar.
A iniciativa vai abrigar 40 mil habitantes e 1,5 mil empresas de tecnologia limpa, além do já operante Masdar Institute of Science and Technology, uma universidade com foco em pesquisa e inovação, desenvolvida em cooperação com o Massachusetts Institute of Technology (MIT) e o Imperial College.
Por sua vez, o governo de Xangai pretende erguer uma cidade totalmente ecológica na ilha de Chongming. Denominada de Dongtan, a ecopólis quer ser auto-suficiente em energia, utilizando somente fontes renováveis, como solar, eólica, biomassa e até biogás – pelo menos 80% do lixo será reciclado e os dejetos processados e reutilizados como adubo.