São Paulo – A AES Brasil avança em seu esforço de desenvolver no País a tecnologia de armazenamento de energia em baterias. Esse é um dos focos do crescimento da geradora do grupo, a AES Tietê. Na tentativa de garantir o desenvolvimento dessa vertente de negócio em um curto prazo e passar de uma proposta a um projeto instalado, a companhia negocia a instalação de até três projetos e espera chegar a 100 MW de baterias instaladas em cinco anos. Na visão da empresa, o Brasil tem potencial para ter até 600 MW instalados nesse mesmo período.
“Vamos entrar em um processo de mudança (do setor elétrico) muito rápido e a AES quer ser a empresa que será motor do setor elétrico brasileiro pela introdução de novas tecnologias”, disse o presidente da AES Brasil, Julian Nebreda, em seminário “Armazenamento de Energia: O Brasil está pronto?”, promovido pela companhia. O executivo considera que as baterias são uma inovação que pode colaborar na mudança e defendeu que essa alternativa poderia ser uma opção para a solução de problemas relacionados à transmissão, como atrasos em obras e dificuldades de investimentos, à expansão da geração e também à intermitência de algumas fontes renováveis, além de reforçar a segurança do sistema elétrico nacional.
Entre os projetos que a companhia pretende desenvolver brevemente está a instalação de até 21 MW de baterias em Santarém, para garantir a segurança de fornecimento a um polo industrial local. “A proposta se mostrou competitiva em relação a uma usina a diesel”, disse o presidente da AES Tietê, Ítalo Freitas, acrescentando que a empresa está atualmente em discussão com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e falta definir questões relacionadas à remuneração. Os outros dois projetos, contou o executivo a jornalistas, também estão relacionados à substituição de usinas a diesel em localidades onde o transporte do combustível é custoso, sem fornecer outros detalhes.
O vice-presidente da AES Energy Storage, Brian Perusse, destacou que a instalação de projetos de armazenamento leva cerca de seis meses e disse que em outros países, como Estados Unidos e Reino Unido, depois de um primeiro projeto houve uma rápida expansão. Ele também sinalizou que o custo da instalação é de cerca de US$ 1 milhão por MW, sem contar impostos, mas salientou que os valores variam de acordo com o número de horas de utilização. O executivo está no Brasil justamente para estabelecer relacionamentos com autoridades brasileiras, com reuniões na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e ONS.
Freitas comentou que vê um grande potencial em particular para a intermitência das usinas eólicas, mas admite que para chegar a esta aplicação será necessário debater a regulação. Já no caso de projetos relacionados a atendimento no horário de pico, por exemplo, teriam desenvolvimento mais rápido. Neste caso, além de atender à demanda do sistema, a AES Tietê também está oferecendo projetos às empresas.