Se há uma aposta comum entre os videntes do mercado automotivo é a de que carros elétricos serão o futuro. A verdade é que essa tecnologia vem sendo desenvolvida desde o século XIX, mas só recentemente ganhou projeção. O interesse, aliás, é bem ilustrado pelo investimento do bilionário Elon Musk na Tesla Motors, uma montadora que fabrica apenas carros movidos à propulsão elétrica. Outras fabricantes não ficam para trás. Com o Leaf, a Nissan bateu recordes de vendas na Europa. No Brasil podem ser encontrados modelos 100% elétricos, como a BMW i3, e há também os híbridos, que usam tecnologia à combustão e elétrica simultaneamente, como o Toyota Prius.
O processo de eletrificação dos automóveis não é nenhuma novidade. Na verdade é algo que já vem avançando ao longo dos anos. “Os veículos hoje têm conteúdo eletrônico muito superior àquilo que imaginamos. Carros pequenos, como um Palio por exemplo, tem mais de 70 kg de fios. Já dá para imaginar o quanto de recursos eletrônicos são usados”, ilustra Braz de Jesus Filho, professor e pesquisador do Departamento de Engenharia Elétrica da UFMG.
Somente mais recentemente é que essa tecnologia passou a ser vista como tendência de mercado, afinal pode trazer vantagens significativas tanto para o consumidor quanto para as montadoras. Com políticas cada vez mais rigorosas acerca da emissão de gases poluentes, as fabricantes ganham ao melhorar o desempenho dos motores, incrementando com tecnologia elétrica o motor à combustão. Para o proprietário há a economia, já que esses carros gastam menos combustível fóssil.
A nível de desenvolvimento de tecnologia, o Brasil tem acompanhado a tendência mundial. Existem no país indústrias de fabricação de componentes inerentes à produção de carros elétricos, assegura Braz de Jesus. Mas até que esses carros sejam vistos com frequência nas ruas muita inovação ainda precisa acontecer. A grande dificuldade está na armazenagem de energia. Claro, já existem automóveis capazes de percorrer até 400 km até que precise ser recarregado novamente.
Na Alemanha…
Os germânicos querem reduzir os níveis de emissão de dióxido de carbono em 95% até 2050. Para alcançar o objetivo, carros à combustão serão proibidos no país a partir de 2030, quando, todos os automóveis comercializados no país deverão ter motores alimentados a eletricidade, hidrogênio ou outras fontes de energia limpa. Os legisladores alemães querem levar a resolução para toda União Europeia.
No Brasil ainda não existe nenhuma legislação específica para os carros elétricos.
Brasil terá ‘micro-híbridos’ em 3 anos
Acontece que aplicações que potencializem a autonomia de carros elétricos ainda custam muito caro, ficando restritas ao mercado premium. “Pode ser que apareçam descobertas significativas que possibilitem o barateamento dessas tecnologias, mas pode ser que ainda demore muito tempo para que o motor elétrico se popularize”, pondera Braz de Jesus.
Em um exercício de futurologia, já dá para dizer que nos próximos três anos o Brasil terá veículos “micro-híbridos” de fabricação nacional. É o que indica Braz de Jesus. “Do ponto de vista das montadora, há investimento no desenvolvimento de modelos híbridos e dos micro-híbridos, que são carros que usam o motor a combustão, mas têm um sistema elétrico auxiliar”, explica. “Tudo indica que até 2019, talvez 2020, a gente tenha esse tipo de veículo de fabricação nacional no mercado”, complementa o pesquisador.
No caso dos motores 100% elétricos, é difícil precisar uma data. Antes que chegue ao usuário comum, é provável que essa tecnologia venha a equipar frotas de ônibus, por exemplo, afinal, “por percorrerem rotas previsíveis é mais fácil realizar testes”, diz Braz. “O desafio é fazer essas aplicações chegarem para as pessoas”, conclui.
Realidade
Na verdade, no Brasil alguns modelos de carros híbridos e elétricos já estão disponíveis no mercado. É o caso do Ford Fusion, comercializado no país desde 2010. Já o Toyota Prius foi apresentado no ano passado. Da divisão de carros de luxo da mesma fabricante está o Lexus CT200, que também é vendido no país. Os três modelos de híbridos custam mais de R$ 119 mil, sendo os mais baratos em solo brasileiro.
O único modelo elétrico vendido nacionalmente é o BMW i3, com preço a partir de R$ 169.950. Seu provável concorrente será o Nissan Leaf. A montadora japonesa já sinalizou o interesse de fabricar e comercializar o modelo no Brasil.
As informações são do site Mídias News