Em startups, o plano de negócios deve vir depois do modelo ter sido validado
Editado por Priscila Zuini, de Exame
É melhor ter um plano ou um modelo de negócio?
Respondido por Yuri Gitahy, especialista em startups
Empreendedores tradicionais costumam criar planos de negócio que apoiem sua decisão no início da operação de suas empresas. A premissa de uma startups, que por definição é a busca por um modelo repetível e escalável, é que um plano de negócios só deve vir após um modelo de negócios validado.
O modelo de negócios é a forma como uma empresa cria, entrega e captura valor. Em outras palavras, é a fórmula que transforma time, produto e gestão em receita, lucros e retorno para os acionistas. Raramente, uma startup conhece com precisão o problema e solução a serem tratados e, por isso, precisa trilhar um caminho de extrema incerteza.
Imagine um negócio tradicional como um restaurante. Apesar da gestão e a experiência do empreendedor serem cruciais para que ele dê certo, seu modelo de negócio é relativamente simples: custos com alimentos, pessoal e marketing. O cliente consome o produto através de um cardápio e o pagamento vem de cada prato consumido.
O segredo é vencer o desafio de manter o restaurante sempre cheio e diferenciar-se da concorrência. Para ser mais escalável, entre várias opções, ele pode criar um atendimento para delivery ou mesmo virar uma franquia. Nestes negócios, os modelos costumam ser intuitivos.
Em startups, validar um modelo de negócios significa encontrar evidências claras de que os clientes estão dispostos a pagar pela sua oferta e rapidamente saber como transformar seu produto e seus consumidores em valor e lucros.
Com um time eficiente, uma startup sabe que para cada 2 reais investidos em marketing consegue-se 5 reais de receita, que sua taxa de conversão é de cinco compradores para cada 100 visitantes e que um cliente fica em média nove meses consumindo seus produtos. O segredo é realizar ciclos curtos de validação e reorientação do modelo de negócios.
Yuri Gitahy é investidor-anjo, conselheiro de empresas de tecnologia e fundador da Aceleradora, que apoia startups com gestão e capital semente