Os 1,4 bilhão de usuários do Facebook podem até não saber, mas a rede social está discretamente recriando as máquinas essenciais da internet. Facebook, Google Inc. e outros gigantes da internet já revolucionaram o setor de hardware de computadores ao montar servidores conforme suas próprias especificações — ignorando os fabricantes tradicionais.
Agora, o Facebook está expandindo essa investida ao introduzir seu próprio design nos equipamentos de rede responsáveis pelo tráfego de dados entre seus computadores e entre estes e a internet.
Servidores e equipamentos de rede são dois dos três principais pilares dos centros de dados ocultos que viabilizam quase tudo que as pessoas fazem em seus smartphones ou nos navegadores da internet. A iniciativa do Facebook de projetar cada vez mais seus próprios equipamentos está estimulando outras empresas a fazer o mesmo e forçando fornecedores como a Cisco Systems Inc. e a Hewlett-Packard a mudar a forma como trabalham. A Cisco e a HP estão começando a vender seu hardware de computadores sem o software patentedo que alguns clientes acusam de atá-los a sistemas fixos.
Um porta-voz da Cisco disse que a empresa está trabalhando com o Facebook para “entender melhor e atender às necessidades da empresa”. Um representante da HP não quis comentar.
Foi com o design de um “switch”, ou comutador, concebido no ano passado e comandado por software criado pelo próprio Facebook que a empresa abraçou a abordagem do “faça você mesmo” nos equipamentos de rede.
Na quarta-feira, a empresa deu outro passo ao detalhar como ela montou um comutador de “seis níveis” que pode controlar um fluxo de tráfego maior através de um centro de dados.
A meta do Facebook é tornar o hardware menos importante e ampliar o papel do software, que pode ser rapidamente atualizado para acompanhar as mudanças nas tendências tecnológicas ou responder a surtos de atividade dos usuários. A iniciativa também dá à empresa poder de barganha para obter preços mais baixos das empresas que vendem equipamentos como comutadores e servidores.
O Facebook também quer que os equipamentos de seus centros de dados sejam menos específicos para que os mesmos engenheiros que operam seus servidores também possam cuidar dos equipamentos de rede. O Facebook afirma que quer chegar a um ponto em que o software ficará tão sofisticado e automatizado que uma única pessoa poderá supervisionar toda a rede da empresa.
Najam Ahmad, responsável pela engenharia de rede do Facebook, não diz que a empresa vai parar de comprar equipamentos dos fabricantes tradicionais. Ele reconhece que o Facebook pressionou os fornecedores a vender o hardware que queria, sem o software de fábrica que não pode ser facilmente customizado.
“Diferentes fornecedores estão em diferentes estágios”, diz Ahmad, acrescentando que o Facebook “teve que expandir as fronteiras um pouquinho” ao desenvolver sozinho algumas tecnologias para centros de dados.
Fonte: The Wall Street Journal