Os executivos do Wal-Mart Stores Inc. alertaram que o lucro não atingirá as metas deste ano, um reconhecimento que o maior varejista do mundo precisa investir pesado para tornar suas lojas um ambiente agradável de compra ao mesmo tempo em que mantém os preços baixos.
O Wal-Mart divulgou, ontem, que seu lucro no segundo trimestre caiu 15% ante o mesmo período do ano anterior e também reduziu suas metas de lucro para o atual trimestre e para o ano fiscal. Enfrentando uma concorrência crescente, o varejista está gastando mais ao ampliar o número de funcionários para acelerar o atendimento nos caixas e garantir que as prateleiras estão melhor abastecidas.
Os investimentos pressionaram os lucros, mas ajudaram a reverter uma queda nas vendas. O Wal-Mart está atraindo mais consumidores para suas lojas e os clientes estão gastando um pouco mais a cada visita. As vendas nas unidades americanas abertas há pelo menos um ano cresceram 1,5% no último trimestre, o quarto trimestre de alta depois de um longo período de retração.
A companhia informou ontem que iria elevar as horas de funcionamento das lojas para além de um plano elaborado em fevereiro. Em abril, a companhia elevou o salário mínimo pago por hora aos empregados para US$ 9 e informou que iria aumentar para US$ 10 para muitos funcionários em fevereiro de 2016.
Os esforços do Wal-Mart são um reconhecimento de que ele precisa fazer mais para se manter na liderança. Durante uma teleconferência ontem, o diretor-presidente do Wal-Mart, Doug McMillon, disse que a empresa está passando por um “período de mudança”. Ele descreveu um artigo de uma revista que está pendurado em seu escritório em Bentonville, no Estado americano do Arkansas, com o título “O Wal-Mart pode recuperar a magia?” Ele foi escrito em 1996”, disse em tom espirituoso.
Além dos salários maiores, o lucro do Wal-Mart está sendo pressionado pelas flutuações cambiais e pelos reembolsos menores que o esperado dos seus negócios na área farmacêutica. A empresa também culpou um aumento no volume de produtos que são roubados ou perdidos no caos de um armazém lotado.
“Essas questões apresentarão contínuos desafios ao lucro pelo resto do ano. Nós estamos certamente desapontados. Mas não estamos parados”, disse Greg Foran, diretor-presidente do Wal-Mart dos EUA, durante teleconferência. O Wal-Mart dos EUA representa cerca de 60% das vendas totais da empresa.
As ações do Wal-Mart caíram 3,4% ontem e fecharam a US$ 69,49. A ação já perdeu 19% de seu valor este ano e agora a empresa tem valor de mercado inferior que o da Amazon.
O resultado do Wal-Mart é mais um entre outros divulgados nas últimas semanas, apesar de os dados sobre os gastos dos consumidores americanos estarem se mostrando saudáveis. Os gastos dos consumidores dos EUA em itens como roupas, móveis, produtos para casa e outros itens do dia a dia cresceram 0,4% em julho, o terceiro mês consecutivo de ganhos. O Home Depot Inc. divulgou ontem alta nos lucros e nas vendas com os consumidores gastando mais em itens mais caros, mas as redes de lojas de departamento Macy`s Inc. e Kohl`s Corp. registraram vendas mornas.
O Wal-Mart está no meio de mudanças expressivas nas operações de suas unidades americanas. Ele está começando a mudar seus sistema de administração de estoques para que os empregados possam reabastecer as prateleiras mais frequentemente direto da área de vendas em vez do estoque. E ele está pedindo para que as empresas que vendem seus produtos nas suas prateleiras gastem menos em marketing e mais na redução de preços.
Em junho, o Wal-Mart começou a enviar cerca de 10 mil cartas de renegociação de contratos para os fornecedores, frequentemente pedindo para eles pagarem tarifas adicionais para produtos estocados e outras medidas.
O varejista também reativou seu “programa de treinamento contra furtos” para os funcionários, disse Foran na teleconferência. No último trimestre, o prejuízo com perdas e furtos foi um “item urgente da agenda”, já reduzindo o lucro.
Algumas medidas de redução de custos devem ser aplicadas. “Na metade restante do ano iremos administrar estes itens de perto com a continuidade do compromisso com a eficiência, reduzindo custos onde for necessário, mesmo em um período de investimentos”, disse McMillon.
No segundo trimestre, o lucro do Wal-Mart caiu para US$ 3,48 bilhões, ou US$ 1,08 por ação, ante US$ 4,09 bilhões, ou US$ 1,26 por ação, no mesmo período do ano passado. A receita total chegou a US$ 120,2 bilhões, ficando praticamente inalterada em relação a um ano atrás.
A empresa agora estima lucro entre US$ 4,40 e US$ 4,70 por ação para o atual ano fiscal, abaixo da estimativa anterior que era entre US$ 4,70 e US$ 5,05. Para o atual trimestre, o Wal-Mart estima lucro por ação entre US$ 0,93 e US$ 1,05. Com relação às vendas nas lojas que operam há pelo menos um ano, a estimativa é de crescimento entre 1% e 2% no trimestre.
Apesar dos investimentos na internet, o Wal-Mart reduziu ontem sua previsão para o ano fiscal do crescimento das vendas via comércio eletrônico.
Agora, a empresa espera um aumento percentual entre 15% e 19%, menor que a estimativa anterior que colocava o crescimento das vendas em torno de 25%. A desaceleração está sendo provocada pelo fraco desempenho internacional, especialmente no Reino Unido e no Brasil, disse Neil Ashe, diretor-presidente de comércio eletrônico global do varejista, durante a teleconferência.
As vendas globais pela internet cresceram 16% no segundo trimestre, comparado com um crescimento de 17% no primeiro trimestre deste ano e de 24% no mesmo período do ano passado.
Fonte: The Wall Street Journal