A obrigatoriedade do controle de estabilidade (ESC) para veículos vendidos no Brasil será decidida até dezembro, de acordo com informações cedidas à Autoesporte pelo Denatran (Departamento Nacional de Trânsito). O sistema, que auxilia na correção da trajetória do carro em casos de manobras de emergência, é considerado por especialistas como a maior inovação em segurança automotiva depois do cinto de segurança.
Segundo Juliana Lopes, coordenadora geral interina de infraestrutura de trânsito do Denatran, a proposta da nova regulamentação foi feita ao Contran (Conselho Nacional de Trânsito) em agosto de 2014. Desde então, ela passou pela Câmara Temática de Assuntos Veiculares, que realiza debates entre partes do governo e entidades da sociedade, como as montadoras. Atualmente, o maior entrave da discussão é o prazo pedido pela indústria para se adaptar ao sistema, o que pode levar sete anos. Para o Denatran, o período razoável é de três anos para novos projetos e cinco anos para os já existentes. “A gente argumenta que não é preciso ajustar todo o projeto do veículo, apenas adequar o atual”, diz Juliana.
A obrigatoriedade do ESC poderá ser decidida já na próxima reunião do Contran, no dia 17 de novembro. Caso algum dos ministérios integrantes do conselho faça observações, a resolução será adiada para dezembro. Os ministérios do Contran são: Ciência e Tecnologia, Educação, Defesa, Meio Ambiente, Transportes, Cidades, Saúde, Justiça e Desenvolvimento, Indústria Comercio Exterior.
Prazos de adequação
O principal assunto a ser debatido na reunião é o tempo necessário para que a indústria atenda à obrigatoriedade do ESC. Caso um veículo seja equipado com freios ABS e direção elétrica, por exemplo, a facilidade de instalação do dispositivo é maior. Vale lembrar que ABS e airbag duplo já são itens obrigatórios para modelos vendidos no Brasil desde 2014.
“Nossa primeira proposta de prazo foi de três anos. Essa proposta foi para a Câmara Temática e a AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva) sugeriu cinco anos para novos projetos e sete anos para os projetos de carros que já estão homologados atualmente”, afirmou Lopes. A Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), que representa as montadoras, teria concordado com o prazo sugerido pela AEA. Contatada, a associação confirmou que esse é o período com que concorda de fato.
De acordo com especialistas da Bosch contatados por Autoesporte, a engenharia para adaptação dos projetos pode ser realizada em um prazo mais curto. “É um trabalho de desenvolvimento que precisa ser feito e que a gente estima que dure de um ano a um ano e meio com as montadoras. A dificuldade de implementar o ESC pode variar. Se existe determinado veículo que na Europa tem ESC e aqui não tem, a implementação se torna mais simples, por exemplo”. A Bosch produz controles de estabilidade no Brasil desde 2014 em sua fábrica em Campinas (São Paulo).
A Anfavea discorda da estimativa. “Todos os nossos veículos já têm ABS, mas nós não compartilhamos dessa simplicidade que foi relatada. Há todo um trabalho de engenharia e de rebalanceamento da parte elétrica e de freios. O que é simples para quem está longe da nossa engenharia não é verdade dentro da nossa responsabilidade com o consumidor final”, disse Luiz Moan, presidente da associação de fabricantes em entrevista à Autoesporte.
Custos e homologação
De acordo com o Denatran, o controle de estabilidade nos carros teria sua homologação associada aos freios. Ou seja, o mesmo teste realizado para validar o funcionamento do sitema passaria a contar com uma norma específica para o ESC. Ainda de acordo com o órgão, um estudo realizado em 2007 apontou um valor inferior a US$ 100, ou R$ 377 na cotação atual, para a aplicação do item em um carro.
A proposta de obrigatoriedade do ESC é direcionada apenas para automóveis, de acordo com o Denatran. Segundo o órgão, o estudo inicial englobava outras categorias de veículos que foram separadas para não estagnar o projeto e, hoje, a parte que contempla veículos pesados está sendo estudada pela Câmara Temática de Assuntos Veiculares.
*A reportagem foi atualizada em 10/11/2015. O prazo de adequação da indústria havia sido informado incorretamente pela Anfavea como cinco anos para veículos já existentes no mercado e de sete anos para projetos novos.
Fonte: AutoEsporte- Globo.com