O CPqD e a Cemig- Companhia Energética de Minas Gerais – estão desenvolvendo uma tecnologia nacional que utiliza a fibra óptica para transmitir energia elétrica aos sensores e dispositivos eletrônicos instalados remotamente. O objetivo é usar a solução para evitar a queima desses dispositivos, provocados por problemas elétricos e admosféricos. A iniciativa tem o apoio da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
A tecnologia, já em uso na Cemig, consiste na aplicação da técnica Power over Fiber (PoF) – ou transmissão de energia pela fibra óptica – no ambiente de alta tensão das subestações e das linhas de transmissão de energia elétrica, com o objetivo de proteger os equipamentos eletrônicos usados no monitoramento dessas redes. “Devido à sua intrínseca imunidade à alta tensão e a surtos elétricos, a fibra óptica apresenta-se como excelente opção para sistemas de sensoriamento em redes de energia”, afirma João Batista Rosolem, pesquisador da área de sensoriamento óptico do CPqD.
“Essa imunidade se estende aos equipamentos instalados na ponta da fibra óptica, que podem ser alimentados pela energia que flui na fibra, na forma de luz, e que é convertida em energia elétrica no equipamento remoto, com a aplicação da técnica PoF”, explica.Além disso, Rosolem destaca que sistemas PoF não necessitam do uso de baterias e nem de fios metálicos, o que aumenta a robustez do sistema.
Os testes de campo realizados em uma área piloto da Cemig, na região do bairro Buritis, em Belo Horizonte, vêm demonstrando a eficácia da nova tecnologia. Uma microcâmera utilizada no monitoramento desse trecho de uma linha aérea de transmissão da concessionária, por exemplo, vem funcionando há mais de dois anos, sem nunca ter sofrido dano ou interrupção causados por raios ou outro tipo de surto elétrico. A mesma técnica tem sido usada na Cemig em outros projetos para monitorar chaves seccionadoras e transformadores de alta tensão.
“Com a ocorrência constante de casos de queima de equipamentos eletrônicos no país, especialmente em áreas com alta incidência de descargas atmosféricas – como a região metropolitana de Belo Horizonte -, essa aplicação da técnica PoF pode representar uma revolução tecnológica, no que diz respeito à proteção de diversos tipos de dispositivos eletrônicos de baixo consumo”, enfatiza Carlos Alexandre Meireles do Nascimento, engenheiro de tecnologia e normalização da Cemig, que atuou como gerente desse projeto. “Esses dispositivos serão muito utilizados na expansão das redes inteligentes”, acrescenta.
Nascimento destaca outro benefício do uso da fibra óptica em redes inteligentes de energia elétrica: a possibilidade de aproveitamento e compartilhamento da infraestrutura elétrica na expansão das redes de telecom em banda larga. “É possível utilizar a fibra óptica também para levar banda larga a áreas onde não existe rede de telecomunicações”, completa, mas esse teste ainda não está sendo feito.
Fonte: Convergência Digital