São Paulo – O que leva uma empresa a querer expandir para fora do país? A resposta não é simples. Há, por exemplo, os casos de pequenas e médias empresas que já estão consolidadas no Brasil e querem diversisficar os países de atuação, administrando o negócio à distância. Também existem as franqueadoras, que procuram candidatos para operar em outras regiões do globo.
Qualquer que seja o motivo, antes de decidir se internacionalizar é preciso avaliar o seu próprio perfil como empreendedor. “Ir para fora não é para qualquer um. Tem gente que não se adapta e volta. A pessoa tem de estar consciente de que há riscos. Quem vai com a mente aberta acaba se dando bem”, afirma Marcelo Godke, sócio do Godke Silva & Rocha Advogados.
Na mesma linha, Simone Oliveira, CEO da consultoria America Expert, conta que o principal erro dos brasileiros que buscam abrir seu empreendimento em outro país é a falta de planejamento. “Como não temos uma filosofia de planejar, nós brasileiros achamos que isso é gastar dinheiro desnecessariamente. O empreendedor acaba querendo replicar um modelo de mercado e não dá certo. Tem todo um lado cultural de adequação, de ir para a rua, perguntar para as pessoas, fazer testes”.
Segundo estudo interno da consultoria, os Estados Unidos são o principal destino dos empreendedores. Depois, vêm Portugal (pelo fato de muitos brasileiros terem dupla cidadania e por conta do idioma), Londres, Itália e Canadá. Tanto Godke quanto Simone citaram como atrativos americanos a burocracia reduzida, impostos menos salgados e menor custo de contratação.
Está interessado em ir para fora, seja como empreeendedor ou franqueado? Veja as razões que levaram três empresas a procurarem expandir seus negócios no exterior e avalie se alguma dessas situações é parecida com a vivida pela sua empresa:
1. Economizar em taxas
A Globalis é uma agência de viagens focada no atendimento corporativo. Além de ajudar na elaboração de eventos, a empresa trabalha com gestão tecnológica de deslocamentos, monitorando quais as melhores tarifas de companhias aéreas e preços de hospedagem, por exemplo. O serviço é cobrado sobre resultados.
Em janeiro deste ano, a companhia inaugurou um novo escritório em Lisboa (Portugal). Segundo o sócio-diretor Reginaldo Albuquerque, a expansão facilitou e melhorou a negociação com os fornecedores. “Queira ou não, temos uma agência local que faz os pagamentos por lá, o que facilita o financeiro”, conta.
A escolha pelo país se deu porque uma conhecida que vive na cidade procurava um negócio semelhante ao da Globalis. Assim, Fátima Silva virou sócia da empresa. “Foi uma oportunidade para nós, já queríamos fazer a expansão”, diz Albuquerque. Também buscando reduzir os custos por meio de uma operação local, em abril deste ano a Globalis fechou uma parceria com outra empresa do ramo, a americana Chanteclair.
“Vamos expandir os negócios e facilitar operações. Por exemplo, agora eu consigo pagar um fornecedor em Chicago sem o imposto de importação. A facilidade comercial nos ajuda a dar uma estrutura maior para a empresa. A parte financeira será mais rentável para nós e mais econômica para o cliente”, diz Albuquerque.
2. Explorar um mercado novo para o produto/serviço
A Empório do Aço nasceu há três anos e é uma rede de franquias especializada na fotogravação em joias de aço. A marca está em 200 pontos do Brasil e, no ano passado, teve seu primeiro franqueado internacional, também em Portugal. Neste ano, a marca expandiu para os Estados Unidos, com um master franqueado na Flórida (Miami) — o master franqueado é aquele que cuida sozinho de uma determinada região.
Segundo Nathali de Oliveira, gerente de expansão da rede, a ida para outros países se deu por conta de uma pesquisa que a marca realizou fora do Brasil. “As joias de aço são altamente difundidas nos Estados Unidos e na Europa, mas não há uma alteração especializada [fotogravação]. Essa demanda é interessante, por realmente ser uma operação exclusiva, nossa”.
“Acredito que essa expansão é importante para fortalecer a marca e poder mostrar um diferencial”, conta Bam Lucena, franqueado na Flórida da Empório do Aço. Ele já tinha oito franquias no Brasil e, quando soube da expansão para os Estados Unidos, vendeu essa operação e foi para Miami. Segundo Lucena, a presença forte do turismo, a atratividade da fotogravação e o fato das peças poderem ser usadas na praia atrai o público.
3. Ser uma rede com presença mundial
Para a rede de franquias Lug’s, o projeto de expansão já estava no projeto do negócio há cerca de cinco anos. A rede, que tem como carro-chefe as batatas belgas e o frango, só foi lançada no no Brasil no ano passado.
Hoje, há unidades no Uruguai, na Colômbia e na Bolívia; a marca está esperando a passagem das eleições presidenciais argentinas para estabelecer uma unidade no país. Agora, a Lug’s terá um escritório na Espanha. “Precisávamos ter um piloto na América Latina, que é nossa base, para depois irmos a outras regiões”, conta Denilson Lugui, diretor-executivo da rede.
Em outubro, a Espanha já servirá como base de expansão para a Europa. A ideia é trabalhar com escritórios em cada país de atuação da marca, com alguns franqueados diretos. Na América Latina, há apenas master franqueados.
“Depois da Europa, o nosso próximo passo é o Oriente Médio. Nosso grande objetivo é ser a única rede de fast food em que o frango e a batata saem sempre dos mesmos locais, Brasil no caso do frango, e Bélgica para a batata. Não há parceiros locais, trabalhamos muito sobre logística para ter o mesmo produto em qualquer lugar”, diz Lugui.
Fonte: Exame