São Paulo – Os brasileiros ainda engatinham quando o assunto é fazer networking. Esta é a conclusão de uma pesquisa feita com 650 executivos do Instituto de Desenvolvimento de Conteúdo para Executivos (IDCE).
Apesar de 80% dos entrevistados reconhecerem o caráter estratégico da rede de contatos para a gestão da carreira, os novos profissionais tropeçam na hora de garantir a eficiência, de fato, do networking. Isso acontece, segundo o diretor-executivo do IDCE, Fabrício Barbirato, porque ideias e atitudes equivocadas rondam o tema.
EXAME.com pediu a Barbirato que listasse os erros e comportamentos mais frequentes que colocam a perder os efeitos da rede contatos de um profissional na sua ascensão de carreira. Confira 4 equívocos que sabotam o a eficiência do networking:
1 Achar que ter networking é conhecer pessoas e ser conhecido por elas
Conhecer um monte de gente e ser conhecido por elas não significa que você tenha um bom netoworking. “Muitas vezes o profissional pode conhecer várias pessoas, sabe o nome destas pessoas, mas grande parte delas não sabe o que ele faz nem no que ele é bom”, diz Barbirato.
Networking é a rede de contatos profissionais, por isso, é essencial que as pessoas saibam a sua atividade e que você divida suas conquistas de carreira com elas.
Ele usa o exemplo de um marceneiro. “Ás vezes você mal sabe o primeiro nome dele, mas quando lhe pedem uma indicação, você passa o telefone porque sabe que o cara é bom. Ou seja, esse marceneiro tem um ótimo networking, apesar de mal saberem o nome dele, as pessoas sabem da qualidade da atividade profissional dele”, explica.
2 Manter contato com pessoas apenas do seu nível hierárquico ou abaixo dele
Conhecer muitos analistas não vai fazer tanta diferença para um coordenador interessado em ser gerente, destaca o diretor-executivo da IDCE. “O profissional precisa conhecer pessoas do nível dele e acima também”, diz Barbirato.
O que vale em termos de networking é manter contato com pessoas que poderão indica-lo ou mesmo contratá-lo. “São pessoas que devem ser relevantes neste sentido. Os vários analistas que um coordenador conhece não poderão ajuda-lo muito na hora em que ele estiver interessado em um encontrar uma oportunidade como gerente”, explica.
3 Não considerar o networking um dos pilares da sua empregabilidade
Conhecimento, competência e networking são, segundo Barbirato, os três pilares da empregabilidade de um profissional. Ou seja, conhecer a atividade, ter competência para exercê-la e ter contato com pessoas que saibam o que você faz e faz bem são os aspectos fundamentais relacionados a sua capacidade de manter-se empregado (empregabilidade).
“Pesquisa da DBM indica que mais de 90% das recolocações vêm através de networking”, lembra Barbirato. Assim, tratar o networking como uma atividade rotineira é essencial para receber propostas de trabalho e ampliar a sua capacidade de conquistas profissionais. Isso porque, é através desta rede que você pode ir costurando a sua ascensão de carreira na medida em que estas pessoas o indicarem para novas posições no mercado.
4 Não investir tempo na ampliação da rede
Suponha que você tenha entre seus contatos 5 profissionais relevantes, que poderão ajuda-lo a conquistar uma nova oportunidade profissional. O tempo passa e um deles se aposenta, outro deixa o país e outro faz uma transição de carreira e muda de área de atuação.
“Isso significa que ele perdeu 60% do seu networking, caso não tenha dedicado tempo para estabelecer novos contatos”, destaca Barbirato.
Esta falta de tempo para apostar na ampliação da rede de contatos é muito comum. “As pessoas não priorizam o networking porque estão absolutamente focadas no emprego atual”, diz Barbirato.
Manter o foco no emprego e deixar de cuidar da carreira é uma armadilha a qual Barbirato diz conhecer bem. “Isso já aconteceu comigo, trabalhava 14 horas por dia, tive sucesso mas não tinha networking”, conta ele que percebeu isso ao se ver novamente no mercado em busca de uma oportunidade.
5 Lançar mão da rede apenas quando você precisa dela
“As pessoas têm tanto medo de ficar desempregadas que ao conquistarem uma posição no mercado fazem de tudo para esquecer o período sombrio em que ficaram sem emprego”, diz Barbirato. Essa atitude contribui para que só se use a rede de contatos quando, de fato, precisamos que algo aconteça a partir dela.
Ou seja, evite ligar para um ex-chefe apenas quando você deseja que ele o indique pra alguma oportunidade Mantenha contato, faça ligações, mande mensagens e marque encontros a cada 3 ou 4 meses. É o que indica o diretor-executivo do IDCE. “Hoje em dia com as rede sociais, emails, fica mais fácil manter este contato”, diz.
Camila Pati, de Exame