Na próxima terça-feira (19/05), os paulistanos terão mais um espaço gourmet para comprar e comer. Mas não será uma loja qualquer. Quem desembarca no país é o Eataly, maior mercado de gastronomia e produtos artesanais italianos do mundo. Será a primeira unidade na América Latina de uma rede que nasceu na Itália em 2007 e tem, contando com a de São Paulo, 29 lojas pelo mundo.
O conceito do Eataly é reunir alimentos italianos de qualidade, além de produtos locais selecionados. Os clientes podem tanto comprar para comer em casa quanto sentar em algum dos restaurantes espalhados pela loja. Cada um deles serve um tipo de prato, como peixe, massa, carne, vegetariano ou sorvete, entre outras opções. A promessa da loja é que ela só cozinha o que vende (e só vende o que cozinha). Além disso, são oferecidos cursos pagos de degustação ou culinária. Há um espaço reservado para as aulas.
Os responsáveis por trazer o empreendimento para o Brasil são Victor Leal e Bernardo Ouro Preto, os brasileiros que fundaram a rede de supermercados St. Marche. Eles também são donos do Empório Santa Maria.
O namoro com o Eataly começou há alguns anos. Os dois descobriram que ele existia quando um fornecedor de carrinhos de supermercado mostrou um vídeo de um carrinho passeando por uma loja. A loja em questão era o Eataly. Victor e Bernardo ficaram impressionados e curiosos para saber mais sobre aquele lugar. Acabaram visitando a unidade em Turim. “Fomos nos apaixonando lentamente pela loja e pelo conceito”, afirmou Victor à Época NEGÓCIOS.
Quando os sócios descobriram que o Eataly queria expandir sua atuação, inclusive para o Brasil, eles não demoraram a se candidatar. Não foram os únicos. Cerca de 200 brasileiros mostraram interesse. No começo de 2012, os dois se apresentaram para os sócios nos Estados Unidos e, em poucos dias, garantiram a parceria, apesar da concorrência – segundo Victor, por causa da sinergia entre o Eataly, o St. Marche e o Empório Santa Maria.
Victor e Bernardo têm 40% de participação no empreendimento. Os outros 60% são divididos entre Oscar Farinetti, o criador do Eataly, os americanos do B&B Hospitality Group (dos chefs Mario Batali, Joe e Lidia Bastianich), além de Adam e Alex Saper, irmãos que levaram o mercado para os Estados Unidos.
Segundo Victor, o hiato de quase três anos entre o fechamento do negócio e a inauguração teve a ver com a dificuldade de achar um lugar para abrigar a loja. O terreno escolhido foi o número 1489 da Avenida Presidente Juscelino Kubitschek – perto do Shopping JK, em uma região nobre onde estão vários escritórios de grandes empresas. Foram investidos R$ 40 milhões na loja, que tem 4.500 metros quadrados. O valor não inclui pessoal nem estoque, o que elevaria a cifra. Ao todo, são 7 mil produtos comercializados no local e 520 funcionários.
O preço dos produtos e dos restaurantes ainda não foi divulgado. Porém, a empresa garante que eles não serão abusivos. “No St. Marche também temos a imagem de preço alto. E a pessoa vai e vê que não é assim. É isso, as pessoas terão que vir. A ideia é ser um restaurante do dia a dia, os preços serão condizentes com isso”, afirma Victor.
Mas e o frio na barriga de inaugurar um negócio em meio a um momento difícil para o país? “São Paulo tem 22 milhões de habitantes. Isto daqui está na crista da onda”, afirma Victor apontando para as prateleiras ao seu redor. “Comer e beber faz parte da cultura do paulistano, do brasileiro. Se eu fosse abrir uma refinaria, talvez estivesse mais preocupado”, brinca.
Ele faz o paralelo com o mercado de vinhos no país. Há algumas décadas, quase não havia variedade nas prateleiras. Hoje, há até clubes de compra dedicados a isso. A aposta do Eataly é se diferenciar oferecendo produtos que o cliente dificilmente vai encontrar em outros lugares. Entre os produtos importados, boa parte está chegando com exclusividade para o mercado. Uma parte dos chefs que comandarão os restaurantes vieram da Itália. Para encontrar os ingredientes locais, foi montada uma equipe para garimpar produtores pelo país.
A expectativa pelo sucesso do negócio é grande. Não só dos sócios brasileiros. “O projeto desta loja é lindo e nós esperamos que ele se torne uma referência para os paulistanos, os turistas, os epicuristas e os amantes da cozinha italiana”, afirmou Farinetti, o fundador, em nota.