Você consegue explicar para sua mãe o seu cargo, a sua atividade e o seu poder na empresa? Nem pense que é culpa dela se a conversa ficar muito confusa!
Muitos profissionais andam frustrados com uma tendência que vem ocorrendo em muitas empresas nos últimos anos. Você também sentiu que as configurações mais recentes das organizações vem reduzindo o seu poder?
Seria apenas uma impressão diante da reordenação da sua empresa com a pior fase da crise financeira mundial? Poderia ser um modelo para muitos anos ou apenas para uma transição e re-acomodação? Quem sabe esteja sobrando menos poder para cada um dentro do novo modelo de trabalho?
De fato, muitos profissionais de maior experiência estão percebendo uma redução da sua autonomia e da sua autoridade dentro das organizações. Para os mais jovens, pode ser que aquela posição tão desejada não seja mais tão “divertida” quanto sonhada.
A realidade é que nem sempre as pessoas que estão fora das organizações percebem ou tem acesso a esta nova realidade. Havia uma época em que você dizia qual era o seu cargo na empresa e seus amigo e parentes tinham uma idéia bastante aproximada do seu trabalho e do seu poder de decisão. Hoje em dia, às vezes nem mesmo seus colegas da própria empresa entendem muito bem a sua função, certo?
E os títulos? Alguns ficaram tão longos, não? É que o título de diretor confere um grande poder para o profissional. Mas com todos adjetivos e especificidades, o poder é retrito para um espaço organizacional muito estreito. Então, um cargo importante com um descritivo longo significa pouco poder? Sim, de uma maneira geral este é o fato.
Lembre-se de que antigamente, nas agência de bancos, havia um gerente. Hoje há o gerente da agência, o de pessoas físicas, o de grande contas, o de investimento, etc. Neste caso, o “gerente do banco” também perdeu poder. Melhor dizendo, dividiu o seu poder com outros gerentes específicos.
Mas em empresas de grande porte, a divisão do poder está gerando uma frustração muito grande. O poder está sendo centralizado pela globalização ao estabelecer centros globais de administração e decisão. Acontece muitas vezes que o experiente e comprovadamente capaz executivo local fica subordinado a alguém menos competente da matriz.
Outras vezes, o profissional é “guindado” a uma posição com responsabilidade global, reportando-se diretamente a um VP Global na matriz e fica completamente dependente de um processo lento e burocrático, sem poder fazer nada sobre isso.
A estrutura matricial também subdividiu a unidade local em pequenas células diretamente subordinadas às diferentes unidades da matriz. Diretores e gerentes passam a reportar diretamente à matriz. Quando alguém estufa o peito e diz: “- Eu reporto diretamente à matriz!”, pode estar dizendo que perdeu subodinados locais, perdeu poder de decisão, perdeu as conexões locais e que está em pé de guerra com todo mundo. É necessário praticar um halterofilismo mental para fortalecer o cotovelo verbal e abrir o espaço para sobreviver.
Vida de executivo ficou um pouco menos divertida para muita gente nos últimos anos. Além disso há um controle mais cerrado sobre os gastos, viagens, benefícios, etc. Muitos estão achando que era melhor enquanto o Brasil era o “best kept secret” da corporação!
Mas se você se identificar com os aspectos acima, tenha calma. Todas estas mudanças seguem um ciclo, de altos e baixos de acordo com a economia. Provavelmente dure uns 5 anos e depois tenderão a voltar ao que era antes. Por outro lado, o ser humano é o que melhor se adapta às condições adversas do nosso planeta. Você também descobrirá algumas vantagens e benefícios nestas novas condições.
A minha visão sobre a situação é de que tudo na vida tem ciclos e poderá haver retorno às condições anteriores. As ondas de modismo na administração duram em orno de 10 anos.
Mas o mais importante é que o nosso papel como líderes serve para influenciar os processos e produzir as mudanças que sejam melhores para a empresa. E esta capacidade não depende apenas do poder formal que é conferido pela posição que ocupamos. É a melhor oportunidade de demonstrar a sua capacidade de liderança na organização.