São Paulo – Bianca Letti, Daniel Tsuha e Juliana Pirani se juntaram dentro da faculdade, há mais de três anos, com uma ideia: vender roupas com medidas personalizadas para o cliente. A grande diferença é que o processo não é feito depois de dias, mas sim em apenas um clique.
O projeto, chamado Clothes For Me, deu tão certo que foi selecionado pela Microsoft como o vencedor da 13ª edição da Imagine Cup, competição global de tecnologia promovida pela companhia e com foco em estudantes. Na premiação final, em Seattle (Estados Unidos), concorriam 200 estudantes de 80 países.
Desenvolvimento
“Foi um projeto longo, desenvolvido em três, quatro anos”, conta Bianca. Ela, Juliana e Tsuha formam um time multidisciplnar, com alunos tanto do curso de Têxtil e Moda quanto do curso de Sistemas de Informação. Todos fazem parte da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da Universidade de São Paulo (USP), com idades entre 21 e 26 anos.
Os professores Luciano Araújo e Isabel Italiano foram os mentores. “Eles viram que existia uma demanda. Nós tivemos de criar um algoritmo, desenvolvido aos poucos. Não havia algo feito nesse sentido dentro da área”, diz Bianca.
A estudante também conta que a ideia passou por diversos testes, nos quais o software era entregue sem nenhuma explicação e os usuários deveriam usá-lo para produzir moldes.
O sistema foi avaliado tanto por uma comunidade em São Paulo quanto por costureiros em Hong Kong (China). Em outro teste, chamado “Concurso da Princesa”, pessoas sem conhecimento de modelagem reproduziram o vestido usado pela princesa Isabel. “Quando terminamos o algoritmo, falamos: ‘precisamos transformar isso em um produto'”, conta Bianca.
Roupa sob medida, em um clique
Assim nasceu a eFitFashion, uma startup que pretende desenvolver soluções para facilitar a experiência de pessoas que compram ou vendem roupas. Dentro da empresa, há o projeto Clothes For Me, que foi o inscrito na Imagine Cup.
Bianca explica que a ideia é criar um local onde o consumidor pode digitar suas medidas na hora de comprar uma roupa. Com essas informações, o algoritmo criado pelos estudantes gera um molde, que é repassado ao vendedor.
A otimização do processo é importante porque modelar é um processo complexo e demorado, feito por pessoas capacitadas na função. “A solução, além de estar pronta para usar e ter uma escala global, também possui um impacto social. Ela pode mudar a vida de muitos costureiros, que não agregam valor ao seu produto porque não sabem modelar”, diz Bianca. Esses fatores podem ter estimulado a decisão dos jurados do concurso em premiar o time.
Como conselho, a estudante recomenda acreditar nas suas ideias, durante todo o caminho (que pode levar anos). “Quando você é desconhecido, é muito difícil alguém falar que sua solução é uma boa ideia. Mas saiba que todas as noites mal dormidas valem a pena”.
Coaching e aceleração
Agora, os empreendedores da eFitFashion farão toda a parte jurídica da startup e irão procurar investidores. Além do prêmio de 50 mil dólares, outro fator que irá ajudar na empreitada é um coaching exclusivo de Satya Nadella. O diretor-executivo da Microsoft, inclusive, entregou o troféu à equipe (veja na foto acima).
O time também terá um mês de aceleração pela Microsoft Ventures, iniciativa da empresa para ajudar startups. Há três opções de local: Berlim, Londres ou Tel-Aviv.
Segundo Richard Chaves, Diretor de Novas Tecnologias e Inovação da Microsoft, há cada vez menos engenheiros formados em universidades de tecnologia, e a Imagine Cup tenta reverter essa situação. “O objetivo é mostrar para os jovens que a tecnologia pode ser uma carreira interessante, uma forma de realizar a vontade deles de mudar o mundo. Seja arranjando um emprego na área ou sendo um empreendedor”, diz o diretor.
Fonte: Exame