Segundo presidente da companhia, Besaliel Botelho, pequenas medidas já vêm favorecendo setor, mas há muito ainda para ser feito nos próximos anos
Daniela Barbosa, de Exame
São Paulo – O setor de autopeças no Brasil vem andando de lado há muito tempo e o motivo é um só: a perda de competitividade, que nos últimos cinco anos, foi de mais de 100%, motivada, principalmente, pelo aumento de produtos importados e pela inflação.
Para Besaliel Botelho, presidente da Bosch, uma das principais do segmento no país, no entanto pequenas medidas vêm mudando o cenário e já é possível avistar uma luz no fim do túnel.
“A desoneração da folha de pagamento pelo governo foi um pequeno passo – importante. Mas muito ainda precisa ser feito para reverter o cenário atual. Hoje, 70% do setor é composto por produtos importados e apenas 30% produzido localmente. O contrário seria o ideal”, disse o executivo, nesta quarta-feira, em entrevista com EXAME.com.
Segundo ele, paralelo ao que o setor vem fazendo para tentar mudar essa situação, a Bosch também tem algumas medidas próprias. “Do portão para dentro, estamos tentando reduzir o custo de produção, aumentar a produtividade, evitando, por exemplo, o desperdício”, afirmou o executivo.
Existem medidas, no entanto, que acabam não tendo impacto positivo para o setor de autopeças, afirma Botelho. “O aumento de IPI sobre veículos importados poderia nos favorecer, de alguma maneira, mas as grandes desse setor no Brasil preferem comprar conteúdo importado, por ser mais barato. A concorrência acaba sendo desleal”.
Botelho participou, nesta quinta-feira, como palestrante, do Fórum EXAME CNI – Trabalho e Competitividade, Desafios para o Brasil.